Em futebol era e é assim: o êxtase e o féretro andam de mãos dadas e se separam quando menos se espera. O beijo na boca entre o céu e o inferno, feito aquela história do livro de capa preta
Tem certeza de que, depois de todos os massacres midiáticos que nossa torcida vem sofrendo desde 1996, na mais nojenta armação midiática já promovida contra um clube de futebol no Brasil, o que nos cabe é comemorar uma derrota por causa de outro time, completando 19 fracassos em 38 compromissos, estimulando mais deboches de estúdios e redações contra nós, desta vez por motivo justo?
Não me canso de agradecer a todos os que têm prestigiado esta coluna há três anos e meio. Aqui, discute-se o Fluminense com sentimento, amor, mas também tentando primar o máximo possível pela coerência e pela lucidez
Então, assim segue o futebol do Rio: uma efeméride ali, uma obra lá, empurra-se para a frente e vamos vendo no que dá. Enquanto isso, os times vivem à míngua, especialmente os menores, que acabam servido de massa de manobra para os clientelismos da Federassauro
Num súbito, a rampa de descida do Maracanã surgiu. Torcedores de camisas tricolores, brancas e vermelhas caminhavam com toda a calma do mundo pelo declive, como se quisessem saborear cada minuto do futebol, da vivência, mesmo que o resultado não tivesse sido o desejado
Porque o Fluminense é maior do que todas as palavras deste pedaço de papel virtual publicado aqui. Somos uma pátria de bola. Hoje é o dia do basta: chega de dias ruins, queremos a felicidade logo mais
Isso acontece no futebol há tempos – o Deley mesmo ficou de fora de uma decisão, a de 1984, por causa de problemas – sejamos sinceros, os clubes faziam o que queriam com os jogadores, agora é apenas o contrário
É preciso entender que uma das formas de reverenciar o gênio está no silêncio de discrição. Idolatrar um astro não precisa exigir do fã a condição de papagaio de pirata
Falando em mentiras, daqui a menos de um mês, o caso Flamenguesa completa dois anos de vida. Os buldogues de 2013-2014 fingem que nem é com eles. Um silêncio de sujeira varrida para debaixo do tapete
O mísero consolo: na televisão, o locutor do Maracanã lembra – de bem longe – o inesquecível Victorio Gutemberg. SUDERRRRJ IN-FORMA! Se puderem abafar um pouco o som das caixas – e arranhá-lo também -, os velhinhos emocionados agradecem
Tom Jobim ocupa todo o espaço. Em seguida, o jornalista João Luiz de Albuquerque começa a falar. Dois tricolores. Para fechar, o principal compositor de Mangueira: Cartola
Mas que não se solte fogos antes da hora: ninguém se esqueceu da espinha na garganta do ano passado. Entrar com máximo respeito e atitude. Pelas palavras do Eduardo, não se espera outra coisa
Estou com dores e poucas esperanças a respeito, mas lá no fundo ainda sonho com que o torcedor possa ser tratado como um digno cidadão num estádio – ou arena – de futebol
Independentemente do que venha a acontecer no meio de semana – e todos esperamos o melhor, rechaçando os patrulheiros da verdade mofada -, o espírito do Fluminense precisa ser esse. A torcida não merece mais nenhum susto ou trapalhada
Ter a tua presença no lançamento será maneiro. Obrigado por tudo. Depois o livro segue para São Paulo e Brasília. Também levarei alguns exemplares do inédito “2014 – O espírito da Copa”. Todo mundo na lojinha!
Ele era grupo, humildade e dedicação. A cara do Fluminense. Um escudo de carne, osso e amor. Anulou e ajudou a anular em campo alguns dos melhores jogadores de seu tempo. E teve a chance de jogar ao lado de muitos deles na revolucionária Máquina do Doutor Horta
Ainda bagunçado dentro e (principalmente) fora de campo, o Fluminense tenta se reinventar. Mas… a prova de fogo está logo ali: três barras pesadas pelo caminho no Brasileiro 2015
Que a lucidez prevaleça logo mais, no campo e nas arquibancadas. Com democracia, respeito ao contraditório e divergência. O Fluminense não pode ser teatro de ditaduras, sejam elas quais forem e vindas de quem quer que seja