Paulo Amaral, Madame Caramanchão e outras histórias (por Paulo-Roberto Andel)

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Ele foi uma figura decisiva na história do futebol brasileiro. E foi o treinador do primeiro título brasileiro do Fluminense, em 1970.

Ontem, em nosso blog da casa, uma notícia antiga citava o nome de Paulo Amaral. E dele lembrei.

Homem de grande doçura, simpático e cavalheiro com todos nas ruas de Copacabana e Ipanema, de onde foi um baluarte, Paulo começou como zagueiro no futebol. Não tinha talento para a bola, mas investiu nos treinamentos.

Mas o mesmo lorde afável das ruas da zona sul podia também espancar torcidas adversárias inteiras numa querela – tinha cinco metros de altura, três de largura, o crânio raspado a navalha e ninguém era louco de enfrentá-lo numa briga. Uma única vez, Amarildo, o Possesso, craque do Botafogo, discutiu com Paulo num treino e ameaçou vir para cima. Calmamente, o preparador marcou com o pé uma linha no gramado de General Severiano e disse ao jovem e intempestivo jogador: “Amarildo, meu filho, não passe dessa linha que você vai se dar mal”. O Possesso também tinha momentos de lucidez: não avançou.

Anos depois, foi o precursor da preparação física no futebol brasileiro, tendo sido o profissional responsável pela área nas grandes seleções de 1958 e 1962. Mais tarde, tornou-se treinador, passando por times do Rio, Minas Gerais e até mesmo a poderosa Juventus de Turim – onde foi vice-campeão italiano -, o Porto de Portugal e uma passagem pelo mundo árabe.

Teve duas passagens pelo Fluminense, somando 79 jogos e vencendo 44. Campeão brasileiro pelo clube, seu único título como treinador profissional. Líder nato. Respeitado. Bicampeão do mundo como preparador físico. Lutador na acepção da palavra. Ao assumir o Fluminense, substituindo a Telê Santana, perdeu a Taça Guanabara numa disputa com o Flamengo e teve atritos com alguns jogadores. Disse: “Sou exigente com os jogadores, porque eu e eles somos empregados do clube. Temos uma missão a cumprir: aquela que nos é confiada pela direção do clube e pela sua torcida, e que nada tem a ver com nossos problemas pessoais.”

Paulo acabou campeão pelo Flu. Não custa repetir sua afirmação à epoca dos problemas no Fluminense.

“Sou exigente com os jogadores, porque eu e eles somos empregados do clube. Temos uma missão a cumprir: aquela que nos é confiada pela direção do clube e pela sua torcida, e que nada tem a ver com nossos problemas pessoais.”

Um profissional à altura das tradições do clube. Que Eduardo Baptista possa se inspirar em gente como ele para o novo ano que se aproxima. Não somente Eduardo, mas todo o elenco, a comissão técnica, os funcionários do clube e seus dirigentes, sem exceções, para que tudo seja diferente deste Brasileirão 2015.

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Sobre a banda podre da imprensa esportiva: na próxima terça, dia 08/12, tem bolinho de aniversário para o maior esquecimento coletivo das redações e estúdios no Brasil, em todos os tempos. Dois anos de hipocrisia, amplamente combatida neste PANORAMA em dezenas de colunas a respeito.

Como é sabido, ninguém se lembrou de publicar naquela manhã de domingo (08/12/2013) que André Santos, o lateral da Gávea, tinha atuado suspenso e, por isso, de forma irregular, fatalmente levando seu time à perda de pontos que poderiam rebaixá-lo – uma informação que mudaria completamente todo o cenário do desfecho daquele Brasileirão.

O que aconteceu? Tadinha… desavisada que foi, a direção da Portuguesa relacionou Heverton para a partida contra o Grêmio. O jogador também estava irregular. O resto da história todos vocês conhecem.

E o procurador Roberto Senise? Cartas para esta Redação.

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Falando em banda podre, quando o Fluminense tomará uma atitude diante de mentiras deslavadas, repetidas à exaustão pela saracoteante Madame Caramanchão contra nossa camisa?

Esta vovó do jornalismo marrom & rosa choque tem achincalhado a imagem do Tricolor há pelo menos vinte anos, escorando-se na conversa fiada de liberdade de imprensa. Mentira: é a liberdade para praticar crimes de calúnia e difamação, utilizando como escudo um veículo de comunicação nacional, onde o nome do Fluminense é oferecido como base de anedotário.

Inaceitável sob qualquer aspecto.

RMP 02 12 2015

#ForaMadameCaramanchão

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Não me canso de agradecer a todos os que têm prestigiado esta coluna – e esta casa – há três anos e meio. Aqui se discute o Fluminense com sentimento, amor, mas também tentando primar o máximo possível pela coerência e pela lucidez – às vezes, a Madame Caramanchão atrapalha, mas só por alguns segundos.

Foram centenas de milhares de visitas neste ano de 2015, no que sou muito grato. Amigos, leitores, tricolores do Brasil inteiro. Gente legal, que fala do Fluminense com amor e não com segundas intenções.

Muito obrigado a todos os que aqui vieram com fidalguia e respeito. A casa é de vocês.

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No fim, pouco importando o dinheiro, o poder, a ostentação e a pose, a vida sempre oferece uma verdade irrefutável: quem é ruim morre sozinho.

Terça feira eu volto. De leve.

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“Você consegue fazer fotos lindas, mas ele nunca terá talento para escrever um livro. Não passa de um zé ninguém. Ele e sua curriola”, J.R.

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capa o espírito da copa para livraria

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: exulla/pra

4 Comments

  1. Em 1970 eu,nos meus 13 anos,juntamente com um amigo,estávamos batendo uma bola no campo do flu,quando se aproximou Paulo Amaral e perguntou pelo nossos nomes.Era uma sexta-feira,antevéspera do jogo contra o Atlético Paranaense,que nos levou ao quadrangular final e daí ao título.Perguntei se ele me prometia o título e o mesmo disse:claro,e venha daquí a 15 dias me dar um abraço.Evidentemente,fui e ganhei o abraço.Era um homem de palavra.

  2. Tal qual a caatinga nordestina, que com as primeira chuvas perde o seu aspecto esbranquiçado e se enche de vida, o meu dia, que amanhecera cinzento, com o seu texto, encheu-se de cores.

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