Reforços x reposições (por Paulo-Roberto Andel)

rivellino passe

Entra ano, sai ano, a velha imprensa sem pauta abre as portas do mundo da fantasia. Entre 15 de dezembro e 15 de janeiro, dezenas de nomes são cravados em times onde jamais jogarão. Não há notícias, é preciso inventar. Cerca de 95% das supostas transações não serão concretizadas porque 85% delas sequer existem.

Outra curiosidade é a etimologia de uma palavra que vem se decompondo no universo do futebol brasileiro, em especial o carioca: “reforço”. Em tempos idos, reforçar um time significava acrescentar jogadores melhores aos que ele tinha antes, seja numa posição específica, setor ou até mesmo o onze inteiro. Por aqui isso acabou. O Van Basten vai embora, trazem o Zé Pereba para o seu lugar e ele é um “reforço”. Com a subversão do termo, jogadores como esse Wellington Paulista viraram “reforços”. De quê? Barrado no Inter, emprestado ao Coritiba e também no banco, que posição ia disputar no Fluminense?

Edinho, o cracaço que hoje incomoda muita gente como comentarista – e entendo a reclamação dos torcedores -, foi treinador do Fluminense pela última vez em 1998, se não me engano. Na despedida, sua frase sobre a chegada do veteraníssimo lateral Nonato – bom jogador, mas… – refletiu o início de uma nova era no futebol: “Se não serve para ser titular no Cruzeiro, não pode sê-lo no Fluminense”. Com todo respeito ao time celeste, e mesmo sabendo que, muitas vezes, no futebol dos empresários, gente boa fica barrada para que gente ruim seja escalada, o argumento exige pelo menos uma reflexão.

Ainda é cedo para qualquer coisa e o Fluminense de agora precisa dar mais esclarecimentos aos seus torcedores sobre compras e vendas, mas estou de férias e dei apenas uma passada por aqui. Até agora, todos os nomes supostamente passíveis de contratação pelo Flu não são reforços, mas meras reposições de peças. É claro que o dinheiro é curto, mas acho sempre mais razoável usar nomes de Xerém do que fazer do elenco uma baiúca. E que ninguém queira me convencer de que Vinicius era imprescindível, por exemplo.

Sou do tempo em que os reforços se chamavam Rivellino, Assis, Romerito, Renato. E ainda pude ver Romário, Edmundo, Dodô, Deco. Dar certo ou não é outra coisa. Quando Fred chegou, era naturalmente um reforçaço. Conca também. Sobis também. Reposição no futebol é outra coisa, às vezes tapar buraco com remendo em vez de conserto. Mas tomara que o Flu ache seu caminho em 2016, bem longe de abraços eleitorais e megalomanias. O pulso ainda pulsa, eu ainda torço.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: exulla

3 Comments

  1. Nosso meio campo com um magricela ( Scarpa ) e um quase anão ( Marco Jr ) não se impõe fisicamente a ninguém.

    O Diegp Souza tem a força de um cavalo e cai bem neste meio campo.

    O Wellignton Nem concordo com a imprevisibilidade de seu desempenho.

    Era a vez do Biro-biro, mas s besta do Peter vendeu o garoto por uns trocados.

  2. Andel,
    você não acha o W. Nem um reforço? e o Diego Souza? acho que esses dois seriam bons nomes (comparados ao que existe no futebol brasileiro)

    ST

    1. Andel:

      Juliano, não pelo momento.

      Wellington Nem fez um grande ano de 2012, ficou um bom tempo parado e vejo a contratação com reservas. Torço por ele? Claro. Mas acho que é preciso cuidado.

      Quanto ao Diego Souza, entendo que sua última grande temporada foi em 2011 com o Vasco. Neste 2015 mesmo, ficou na reserva em alguns jogos do Sport e foi substituído em outros. É um jogador de força física e experiência, mas traz consigo outros contras.

      Em ambos os casos, eu preferia apostar em jogadores da base.

      Hoje, não vejo nenhum dos dois para chegar com punch ao Flu. Tomara que eu tenha me enganado.

      Abração.

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