Sete erros (por Walace Cestari)

GARFIELD 7

Virou crise. Já não há mais para onde correr, nem adianta tentar fingir que os problemas não existem. O Fluminense está em crise em 2013. O ano só não acabou mais cedo, porque temos ainda 27 pontos a conquistar nos próximos 22 jogos para que a temporada não termine em absoluta tragédia. Estamos hoje em uma realidade diferente daquela com a qual fomos acostumados nos últimos tempos: vamos lutar para não cair neste campeonato e “lutar” não tem sido mais uma marca de nossa equipe.

Para que se resolva qualquer problema deve-se, em primeiro lugar, identifica-lo e depois estudar suas causas para propor soluções. Nosso problema talvez seja, então, ainda maior: não sabemos qual o problema. São muitos os que apontam uma miríade de fatos e situações que seriam os motivos pelos quais estamos nesta maré baixa de vitórias. Creio eu que, nesse caso, todos tenham certa dose de razão, pois esses problemas não são excludentes, mas conjuntos para construir esse cenário tenebroso no qual nos inserimos. Um verdadeiro jogo dos sete erros, os quais busco destrinchar:

1) Planejamento. A avaliação do final de 2012 foi enganosa e o planejamento para 2013 mostrou-se completamente equivocado. Contratamos mal, não previmos o término do ciclo de nosso elenco e nos apoiamos na conquista passada como passaporte garantido para um futuro brilhante. Erramos feio.

2) Gestão. Em que pese o asfixiamento causado pela decisão da Procuradoria Geral da Fazenda, os problemas financeiros parecem ter afetado muito a equipe. Atrasos de salários e premiações, diferenças salariais de quem recebe pela patrocinadora e de quem não recebe pelo clube. Não sei se, administrativamente, haveria alguma forma de prevenir tais desastres, mas é certo que este é um fato que contribui negativamente para nossos resultados em campo.

3) Desmanche. A saída de jogadores do elenco não parece ter sido tão planejada quanto a diretoria afirma, já que as contratações não buscaram em nada repor as posições que poderíamos perder. Vender Wellington Nem já estava previsto; Thiago Neves foi uma questão de oportunidade (pagaram caro por quem não vinha rendendo); Deco já era uma dúvida desde o ano passado; Berna precisou dar continuidade à carreira. Mesmo que não estivessem bem, a perda de tantos jogadores tem um impacto forte no grupo como um todo.

4) Desfalques. Além da perda definitiva de tantos jogadores, Cavalieri, Jean e Fred estão a todo momento a serviço da seleção. Desta forma, há menos treinamento, mais cansaço, menos vivência dentro do clube, afetando até mesmo o comprometimento do grupo. Estar em evidência acaba por trazer uma influência negativa para o conjunto.

5) Fase técnica. Como se tudo isso não bastasse, nossos jogadores passam por uma crise técnica sem tamanho, distantes não só da exuberante temporada passada, mas da própria média de suas carreiras. A zaga entregou mais que nos últimos três anos e não houve dupla que se firmasse. Wagner nem sequer é sombra do jogador que foi no Cruzeiro, Felipe – apesar do talento – não corre (seja pela idade, seja pela disposição), Jean esqueceu seu futebol na seleção junto dos gols do Fred e Edinho tornou-se um verdadeiro câncer para a equipe.

6) Motivação. O time não corre mais como já correu. Os guerreiros cansaram, entregam-se na contenda sem resistir até o final. Este time não luta até o fim. Triste. Até porque já fizeram isso em outras temporadas, mas parece que a magia acabou. O time se abate diante da adversidade e poucos ainda mantém uma atitude guerreira, dentre os quais se destaca Rafael Sóbis.

7) Tática. Abel caiu porque mudou a formação da equipe. Pelo menos foi isso que nós mesmos aqui tanto falamos. É fato que há problemas táticos diversos, mas a queda de Abel não resolveu essa questão. Luxa não encontra uma formação ideal e o Fluminense 2013 não tem cara. Não acertamos a defesa, o meio-campo cria pouco e o ataque não tem a precisão de outras épocas. Não conseguimos ter uma equipe nem compacta, nem veloz, nem retrancada. Somos um time peladeiro, em que ninguém sabe bem o que deve fazer em campo. Esse me parece ser o maior dos mistérios que assolam o Tricolor.

Sete erros nos sete meses da temporada. Colecionamos derrotas e poucas delas não foram merecidas. Não somos a sombra dos campeões brasileiros. Resta-nos torcer, pois este é o nosso papel. Afinal, Fluminense, nós nunca vamos te abandonar.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: Jim Davis

4 Comments

  1. Pontuei os salários porque, em um conjunto de problemas, somar um a mais, mesmo que não seja tão grave quanto em outros lugares ou que não atinja a todos, já colabora para desmontar o ambiente…

    Mas é verdade que não é desculpa. Ainda que seja sempre uma vergonha não honrar os compromissos com qualquer trabalhador.

    Fechar o grupo é essencial, porém cabe a dúvida: será que eles querem se fechar?

    O fato é que precisamos voltar a ganhar. Com urgência. Que seja na marra. Enquanto ainda há…

  2. Caro Cestari,
    na crise, o início é fechar (blindar) o grupo para o meio externo. Uma reunião interna com todos envolvidos no futebol do FFC, estabelecimento de um compromisso entre as partes e de um porta voz para assuntos futebol. Caso contrário o cenário vai tender a que as conversas mal resolvidas e/ou inacabadas sejam levadas para fora antes de solucionadas, piorando o quadro atual de Luxa fala merda ali, Gum outra acolá, Fred disse aquilo, Xerém aquilo outro, só piora e nos joga lá…

  3. E,pelo que li, o Flu tem honrado, em primeiro, os salários dos que não recebem nada da Unimed!

  4. Walace,
    Acho que, você destacou bem os pontos, os quais nos levam a esse sofrimento todo. Tenho dúvida em relação ao atraso dos salários: são poucos os jogadores que recebem, somente, do Flu. E, um atraso de mês e meio, dois máximo, em que pese não deveria ocorrer nunca, é bem menor, por exemplo, do que acontece no Botafogo. E,o Botafogo está brigando pelo título do campeonato. São coisas, no futebol, que eu não consigo entender! Rs
    ST

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