THE END(erson)… (por Walace Cestari)

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Caiu. O rei está morto, o técnico deposto. Depois da funesta apresentação da quarta-feira, achamos nova e brilhantemente o mesmo culpado: o treinador.

Parece que alguns acreditam que a mudança de treinador trará novo tempo de bonança. Provavelmente algumas vitórias virão e já serão creditadas ao professor na beira do gramado. Vivemos uma ilusão. Eterna.

Trocam-se os treinadores, mas nunca o comando. Nossos arroubos de grandeza tornam-se arrogâncias infindáveis. Jogamos fora toda a coleção de sandálias que Nelson tanto nos alertara para usar. Não respeitamos aquilo que – parcamente – planejamos.

Seria um ano difícil. As massas nas arquibancadas e, principalmente, à frente dos monitores têm ignorado isso e a realidade soa como lamentável lembrança. Nossa ideia – repeti algumas vezes aqui recebendo algumas pedradas – era um campeonato de meio de tabela e, quem sabe, algo a mais.

Drubscky era, de fato, desastroso. Mas não evidenciava o problema, já que ele não se sentava no banco de reservas por vontade própria. Alguém observou no Campeonato Carioca que Cristóvão não seria capaz de conduzir o projeto conforme planejado junto com ele. Erro dele? Que planejamento, perguntaríamos.

Quando o planejamento sucumbe por conta de resultados no Carioquinha, desconfie-se do planejamento. E dos planejadores. Cristóvão era bom? Em minha opinião, pouquíssimo diferente da média por aí. Seria ele o homem a conduzir a era pós-Unimed? Acho que não. Mas a diretoria achou. E desachou logo no Carioquinha.

Aí eu discordei. Parecia que estava defendendo Cristóvão, quando queria defender que tivéssemos um plano de verdade.

Invenções atrás de invenções. Chegamos a Enderson. O culpado de todo o mal. Será mesmo que se imagina algo diferente com sua saída, como se o treinador fosse o real culpado pelo problema que nos aflige?

De repente, um alívio, uma sequência de vitórias, uma tabela favorável. O time compra a ideia, os garotos se desdobram, os guerreiros fazem jogos valorosos ­– ainda que questionáveis técnica e taticamente (como apanhei quando diante de uma vitória heroica apontei que não jogáramos bem!). Esquecemos os planos. Rumo a Tóquio. Molambamos como torcida. Achamos que os mares seriam sempre calmos.

Peças que partem, lesões e dificuldades. E o planejamento? O que estava previsto para a hora em que isso ocorresse? Ou não se planejou o básico? Garotos da base. Xerém é nossa redenção. E trouxemos velhos conhecidos velhos. Apostamos em medalhões (mea culpa: apoiei a contratação de R10 – errei junto).

Remontar um elenco no meio não é algo fácil. Ainda mais para um treinador mediano. E foi só o que tivemos no ano. Fazer isso de maneira a perder o comando sobre o elenco e permitir que vaidades, arrogâncias e estrelismos dividissem a equipe a ponto de que o reflexo em campo fossem a apatia e o desinteresse, isso é inaceitável.

Seguramente temos um problema de comando. Não sabemos qual direção tomar e qualquer papel que tenha sido escrito com o título de “planejamento” já foi rasgado e atirado no lixo há tempos. Casa de pouco pão. Sem razão todos comandam e ninguém manda em nada. Revolta. A violência, nesse caso, em nada vai ajudar. Mas a atitude está atravessada na garganta.

Troca-se a roupa, mantêm-se os hábitos. Pouco importa quem será a solução travestida de treinador, pois não será uma solução. A menos que a diretoria assuma sua direção. A menos que os funcionários do clube que trabalham nas quatro linhas sejam cobrados e tratados como funcionários. Quem não rende não joga. A menos que quem mande tenha comando e respaldo.

É hora de uma gestão de crise. Colocar no papel o que queremos até o final do ano e como vamos conseguir. Comprometer a todos com as metas emergenciais. Quem não quiser, fora. Vale para todos, do presidente ao roupeiro, passando pelas arquibancadas, parte importante desse pacto.

Precisamos de mais doze pontos para evitar um vexame maior. Que não se perca isso de vista. Que não nos contentemos com o paliativo. O fim ainda não chegou. Parecemos acabados. Acabou diretoria, acabou treinador, acabou o time, acabou torcida. É hora de voltar a ser fênix. Juntos. Temos de renascer Fluminense.

Nota: horas depois da programação desta coluna, o Fluminense anunciou a contratação do treinador Eduardo Baptista.

Panorama Fluminense

@PanoramaTri

Imagem: ipiranga/ig

o fluminense que eu vivi tour outubro 2015

1 Comments

  1. Perfeito! Agora é um só planejamento: 12 pontos. Tudo o mais, fica pra depois. No entanto, com esta turma, só consigo ver depois em 2017.

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