Short cuts tricolores (por Paulo-Roberto Andel)

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UM

Todos falam de Luiz Henrique com justiça. Há tempos tem sido o melhor jogador do Fluminense. Há tempos corre por outros dois ou três jogadores e, quando sai de campo por substituição, parece que vai cair de tão cansado.

Todos falam de Luiz Henrique por causa de seu golaço contra o Olimpia. Foi rara obra de arte. O chute mortífero remeteu a outro golaço de oito anos atrás, quando Walter matou a bola com categoria descomunal e chutou no canto direito – Rogério Ceni sequer se mexeu. Walter foi um dos maiores desperdícios da história do futebol brasileiro. Ainda muito jovem, Luiz Henrique é uma grande promessa. Celebremos seus grandes momentos porque o tempo não para, e os jovens se despedem do Fluminense com velocidade supersônica.

Quase ninguém falou de Luiz Henrique no primeiro gol de Cano. O garoto veio para a lateral, bem perto do setor leste, e comemorou rindo, brincando sozinho e rindo, com toda a felicidade do mundo de quem está experimentando o sucesso. Parecia um garoto feliz numa pelada de rua, num campo da praia ou num logradouro qualquer. Não gritava, apenas ria muito e dançava. Tomara que tenha cada vez mais sucesso e continue assim, sempre rindo e sempre cantando, como se fosse um verso da canção de Caetano.

DOIS

O goleiro Fábio é o melhor do Brasil. O goleiro Fábio pegou um pênalti. O goleiro Fábio tem muita experiência. O goleiro Fábio está acostumado a duras batalhas internacionais. Nós temos goleiro para cinco anos.

É tudo verdade, com exceção da primeira e da última frase do parágrafo anterior, a não ser que o goleiro não seja Fábio, não por suas qualidades mas porque o tempo não para e, mesmo em grande forma, nenhum goleiro de 41 anos de idade pode contar com uma longa carreira pela frente.

Fábio fez três grandes defesas contra o Olimpia, ajudando o Fluminense a manter a vantagem no marcador.

É tudo verdade.

O gol de empate do Olimpia foi marcado por causa de um dos erros mais grosseiros que um goleiro já cometeu em campo. Por muito menos, quisemos matar Murilo contra o Brasiliense e Zetti contra o Flamengo. Por muito menos Agenor foi ridicularizado. Por muito menos, Ricardo Pinto foi expulso do Fluminense e Renato foi demitido para o Bahia, e Wendell para o Santa Cruz. E Paulo Goulart e Fernando Henrique.

Não há dúvidas da importância de Fábio para o Fluminense, mas é preciso ter senso de ridículo e não justificar o injustificável. Foi um dos melhores em campo e também cometeu a falha mais grotesca do jogo. Ganhou a posição por decreto e se tornou um ídolo instantâneo porque pegou um pênalti mal cobrado. Isso tira suas qualidades? Jamais. É apenas falar da vida como ela é, não como gostaríamos que fosse.

Acontece, mas serve de alerta. Ninguém é perfeito. Só não erra quem mente.

E se naquele erro grosseiro o goleiro fosse Marcos Felipe e não Fábio, como reagiriam as arquibancadas do Nilton Santos?

O melhor goleiro do Brasil hoje está no banco do Fluminense, e tem jogado o Carioca pelo time de reservas. O melhor goleiro do Brasil hoje fechou o gol nos Brasileiros de 2020 e 2021, além de ser decisivo para que o Flu chegasse à fase final da Libertadores 2021.

A memória é uma ilha de edição.

A torcida do Fluminense pode louvar Fábio por merecimento sem precisar esconder suas eventuais falhas. Seria melhor ainda que mostrasse gratidão a Marcos Felipe, responsável direto pelo ano de 2022 ter começado com enorme sucesso para o Tricolor.

TRÊS

Abel é tricolor. Sempre foi e nunca negou. Segundo treinador com mais jogos pelo clube em 120 anos, conhece o riscado das Laranjeiras.

Não há torcedor do Fluminense que tenha direito a desrespeitar ou desprezar a figura de Abel como treinador da equipe.

Merece respeito eterno.

Só que isso não o exime de eventuais críticas. Quando foi xingado na Ilha, foi porque ninguém aguentava mais os erros do time e ele colocou Wellington, deixando Ganso de fora.

Abel é tricolor demais, o Fluminense está prestes a bater o recorde histórico de vitórias consecutivas, mas isso não significou a perfeição e sim uma ótima fase.

Somos todos tricolores. Todos erramos. Só não erra quem mente.

QUATRO

Um quero-quero torceu ardorosamente pelo Fluminense na pista olímpica do Nilton Santos. Ficou atrás do gol no segundo tempo, vibrou com as defesas de Fábio, levou um susto com uma bolada numa placa, deu seus pulinhos para desviar de PMs, abriu e fechou as asas. No fim, comemorou a vitória quando todos deixaram o estádio, e então o gramado foi seu berço esplêndido.

É tudo verdade.

3 Comments

  1. Palmeiras tá atrás dum centroavante, Corinthians também. Sem sucesso. Nós já revelamos Pedro, Evanilson, J. Pedro, Caique, M. Paulo e ainda temos J. Kenedy, João Neto e Luan Brito com boas possibilidades de sucesso. Xerém é um gigante subaproveitado. Tanto esportivamente quanto financeiramente. Concorda??

  2. Bela crônica.
    O jovem LH está “quase” no Betis.
    Deus o abençoe a ele e ao nosso Fluzão, campeoníssimo.
    ST****

  3. Reclamam que MF nao pega penalti e no penal a vantagem é sempre do cobrador. Bem batido goleiro algum pega. Falam que ele falhou no fla.Flu decisivo em 2021, mas nao lembram que o meio e ataque não seguravam a bola na frente e goleiro e defesa alguma segura o rojão desse jeito. F.Henrique e Gum sofreram por isso também. MF é prata da casa, passa segurança e deve ser mantido.

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