Viva Laranjeiras, viva! (por Claudia Barros)

Laranjeiras, feliz anniversarius!

Há referências territoriais que para os nativos do lugar são absolutamente comuns: rua Álvaro Chaves, Laranjeiras, Estádio das Laranjeiras.

Para qualquer tricolor que nasceu, morou, mora, vivencia o Rio de Janeiro, nada mais trivial do que esses nomes e endereços.
Não para mim, que nasci e moro há quilômetros de distância da capital fluminense.

Tais endereços sempre foram uma espécie caverna do dragão que a garotada tricolor sonhava em entrar, para viver suas mais loucas e mágicas aventuras. O Mestre dos Magos? Ah, havia tantos possíveis entre nós. Se eu pudesse ter escolhido, Edinho teria sido o meu Mago.

Andar por Laranjeiras, visitar Álvaro Chaves e, enfim, entrar no Estádio Manoel Schwartz ou simplesmente no Estádio das Laranjeiras, era um sonho.

Esperei mais de 30 anos para que isso acontecesse. Esperei mais de 30 anos para visitar o endereço mais cobiçado da minha vida inteira.

Numa tarde nublada de novembro, cheguei a Laranjeiras em meio ao lançamento do livro Carioca de 1971, do escritor tricolor Eduardo Coelho. O salão estava cheio de admiradores, torcedores e ídolos. Posso estar enganada, mas estava presente em Laranjeiras naquela tarde, ninguém menos que Lula, o ponta-esquerda arcoverdense que fez história no Flu nos anos 60 e 70.

Lula, se estava, não vi. Mas com Eduardo Coelho tirei uma fotinha básica e ganhei autógrafo no livro Carioca de 1971. Tietei de verdade!

Andei por todas as salas e espaços disponíveis, visitei o mural de ídolos do futebol tricolor e assisti a um Fla x Flu sub-alguma coisa, no campo de Laranjeiras. Perdoem-me, mas a emoção àquelas alturas era tamanha que não faço ideia de que categoria, tampouco de que campeonato se tratava. A única coisa que eu sabia naquele momento é que eu estava em Laranjeiras, assistindo a um Fla x Flu em casa!

Na arquibancada encontrei um dos meus ídolos, Edevaldo. Estava acompanhando a garotada tricolor.

Em seguida cheguei junto de Castilho, conversei com Nossa Senhora da Glória, comprei camisa nova na Boutique do Flu e torci para que aquela tarde não acabasse nunca mais.

O Estádio de Laranjeiras fez 104 anos no último 11 de maio. Muito já se falou sobre a sua importância para o futebol brasileiro, tudo já se disse sobre o patrimônio que temos de herança.

Mas se o aniversário é da linda sede tricolor, o presente é nosso, torcida esparramada por todo esse país continental porque, para além de berço do futebol brasileiro e patrimônio artístico e histórico nacional, Laranjeiras é o nosso lugar mítico no mundo e quem por lá passa encontra a emoção prometida.

E por falar em aniversário, comemoremos todos também o aniversário do nosso garoto repatriado, Marcelo que, de tão grande que ficou, virou um gigante interplanetário.

Parabéns, Marcelo!
Parabéns, Laranjeiras!
Parabéns, tricolores!

1 Comments

  1. Belo texto que me fez lembrar momentos mágicos vividos como torcedor e narrador esportivo. As emoções por você vividas são comuns a todos nós tricolores que sentem de perto a magia das Laranjeiras. Parabéns e saudações tricolores.

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