Uma goleada surpreendente do Flu (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, a minha expectativa para o jogo de hoje era a pior possível. Pensei em um time previsível, sem capacidade de pressionar na marcação na intermediária ofensiva e incapaz de construir jogadas por dentro. Com Julião de lateral, via o Fluminense jogando torto, concentrando as jogadas pelo lado esquerdo, com Wellington destruindo todas com seus dribles infrutíferos.

Começou o jogo e não aconteceu nada disso. A fragilidade do Coritiba era tal, que conseguimos, desde o início, encaixotá-los em seu próprio campo, mesmo com Nenê e Fred na linha de frente, meu grande temor.

Mas tem um detalhe que faz toda diferença na forma como o Fluminense passou a criar oportunidades de gol. Não sei se os amigos repararam, mas Wellington Silva se transformou no jogo da noite de hoje, muito em função da escolha tática de Odair.

Wellington, ao contrário dos outros jogos, passou a jogar mais por dentro, se aproximando do meio de campo, repetindo a movimentação de Michel Araújo. Com isso, além da passarmos a ter construção por dentro, inclusive porque Dodi fazia grande partida, conseguimos fazer os laterais jogarem.

Julião e Danilo Barcelos exploravam o corredor lateral e davam amplitude ao ataque. Nossa primeira jogada envolveu Michel, Julião e Hudson, que repetiu a movimentação ofensiva de Yuri, surgindo como homem surpresa e construindo número pelo lado do campo. O cruzamento saiu rasteiro e não houve alma viva que escorasse a bola na pequena área.

Logo depois, Michel Araújo marca um golaço com um foguete de fora da área, estufando as redes e colocando o Fluminense em vantagem.

Só que tem o problema do Wellington, que fazia sua melhor partida, cumprindo um papel tático diferente e jogando com objetividade, de forma coletiva. Wellington se machuca ainda no primeiro tempo, como sempre acontece quando ele vai muito bem, e dá lugar a Pacheco, que não tem qualquer cacoete para cumprir a mesma função tática.

O Fluminense caiu de produção e o Coritiba esteve muito perto de empatar. Odair não percebeu nada do que vinha acontecendo e voltou para o segundo tempo com a mesma formação, mas agora esperando o Coritiba para tentar o contragolpe, só que sem ter as peças para isso.

Como o Coritiba estivesse mais perto do empate e o Fluminense cada vez mais se entrincheirasse em sua intermediária, Odair decidiu tirar Fred, que estava morto, para colocar o natimorto (quem disse?) Felipe Cardozo.

A entrada de Felipe Cardozo pelo menos deu mais intensidade à nossa marcação, mas o que ninguém esperava era que ele receberia um lançamento, usaria o corpo para girar em cima do adversário, sairia na cara do goleiro e ainda o driblaria para marcar um belíssimo gol.

Nossa! É muita informação, né?

Se o Coritiba estava mais próximo do gol antes desse episódio, o nervosismo ficou claro após o gol de Cardozo, e foi o Fluminense que ficou perto do terceiro gol. Que aconteceu numa falha bisonha da defesa do Coritiba. Nenê cobrou falta lateral, o xerifão Ferraz subiu livre no segundo pau e deu uma assistência para Nino, que fez grande partida, emendar na pequena área para fazer o terceiro.

Como o Coritiba não sabia mais o que fazer em campo e Odair trocava três jogadores, dando novo fôlego ao Fluminense, estava claro que o quarto gol sairia. Tão claro que Dodi, que também voltou a fazer grande partida, ganhou a bola na intermediária e atravessou todo o campo, com a defesa do Coritiba toda vendida. Na hora do arremate, foi derrubado, fora da área, pelo marcador, que acabou expulso.

O árbitro entendeu que foi dentro da área. Pênalti que Ganso, que entrara no lugar de Nenê, converteu com categoria, deixando a torcida sonhando, aos 41 minutos, com o quinto gol.

Só que já estava bom demais depois de tudo que passamos nas últimas semanas. O que teve de bom é que o Fluminense voltou a mostrar organização tática e deu um salto para longe do Z-4.

Se vamos reivindicar alguma coisa melhor, tudo depende do Odair, mas a solução tática adotada no começo do jogo, dando simetria ao ataque, com a mudança de movimentação de Wellington, me parece muito interessante. Valorizou o futebol do Wellington, que jogou sério, mas não sabemos se o teremos daqui para frente, porque tudo indica que teve uma lesão muscular delicada.

Eu acho que o nome para fazer essa função é o Miguel, que está com Covid. Pacheco não tem características para flutuar entre o meio e o lado do campo, embora tenha dado trabalho para a defesa do Coritiba no segundo tempo, mesmo jogando pelos lados.

O jogo de hoje mostrou que Fred não pode ser titular, assim como Felipe Cardozo. Quem vai ser o cara? O Lucca seria mais do mesmo. Dinheiro jogado fora. Tem gente melhor no Sub-23.

Nenê foi discreto, mas ser discreto não é ser ruim. Quando joga coletivamente e dá continuidade às jogadas se torna uma peça valorosa.

Ganhar do Coritiba não pode ser indicador de nada. Eu não via o Coritiba desde o Barroca e detestei o que vi hoje. Mesmo assim, mandaram duas bolas na nossa trave. Então o jogo de hoje não pode servir de referência, mesmo com os acertos e boas novidades.

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Tirar o Conca da foto de qualquer coisa que se refira ao tricampeonato brasileiro de 2010 é algo que não há como definir. Eu me abstenho de usar qualquer adjetivo, até porque não encontro um.

Essa gente é completamente louca e quer mudar a história do Fluminense, por razões que desconheço, mas não pode ser boa coisa. Conca é o maior jogador que vestiu a camisa do Fluminense desde o time campeão brasileiro de 1984. Foi o maior responsável pela conquista de 2010 e não há quem possa dizer que tenha alguma ação trabalhista na Justiça contra o clube, mesmo tendo saído daqui no começo de 2015 sem ter recebido um único centavo por um ano de serviços prestados. E ainda deixou o dinheiro da transferência, R$ 10 milhões, para o clube.

Quem chama o Conca de traidor desconhece o quanto ele foi traído. Se ele abrisse a boca, teria gente se suicidando no Fluminense.

Respeitar o Conca é respeitar o Fluminense, porque ninguém mais encarnou a mística da nossa camisa como ele nos últimos anos, unindo inspiração, honra e galhardia.

Mas deixa estar, que um dia a verdade aparece.

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Sobre os acontecimentos envolvendo Flamengo, Sindiclubes e Tribunais do Trabalho, ninguém mais se espanta com laranjadas no Brasil.

Da mesma forma como ninguém mais se enfurece quando alguém julga que as regras são feitas só para os outros e acordo é feito para ser descumprido.

O Flamengo é um traço cultural de um povo que ainda precisa aprender o que é ética. E não é de se estranhar que seja o mais popular do país. Porque o povo, infelizmente, se identifica com a trapaça, o cinismo e a falta de ética.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

#credibilidade

1 Comments

  1. O Coritiba é muito frágil. Se conseguiu levar 4 do Fluminense de forma tão passiva, dificilmente não lutará contra a queda.
    O Fluminense jogou o suficiente. Nem bem, nem mal. O suficiente.
    E justamente isso que me preocupa, o time não consegue demonstrar um futebol encantador nem contra um Coxa tão fraco.
    Que o placar não engane, contra o Bota Fogo, haverá uma divisão de águas: se vencer, mostra que pode, mesmo apesar das limitações, surpreender na vaga pela libertadores é preocupar outros…

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