Uma crônica de antigamente (por Paulo-Roberto Andel)

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Esta crônica foi publicada originalmente no segundo semestre de 2011, em outro site onde atuei antes da fundação deste PANORAMA. Para minha surpresa, se sofresse pequenas alterações, poderia ter sido escrita ontem. Neste caso, recordar o mau passado é refletir sobre o presente e o futuro, sem rancores mas também sem a cegueira da paixão.

O craque e o ídolo

De tudo o que já foi amplamente dito, comentado e cogitado nas mídias em geral por conta dos recentes – e lamentáveis – acontecimentos extra-campo envolvendo o nome do Fluminense, uma coisa tem me chamado a atenção: certa confusão entre alguns companheiros sobre a diferença entre o craque e o ídolo.

Do craque, se espera o esmero técnico, preferencialmente com regularidade e DEDICAÇÃO – o que nem sempre acontece ou pode acontecer, por diversos motivos.

O ídolo é muito maior do que um craque; do ídolo, vem o exemplo, a atitude, o profissionalismo e a dedicação à camisa tricolor.

Para muitos, por exemplo, Conca não foi craque – no que discordo francamente -, mas por vestir nossa camisa com dignidade e senso profissional SEMPRE, ele se tornou um ÍDOLO, assim como o são Castilho, Brant, Fortes, Welfare, Marcos Carneiro de Mendonça, Romeu Pelicciari, Pinheiro, Flávio, Samarone, Telê, Edinho, Assis, Renato, Paulo Victor, Ézio, Marcão e Thiago Silva, dentre outras dezenas de nomes. Nesta lista, quase todos foram craques – e, com certeza, todos são e serão ídolos.

Grandes jogadores, o Fluminense sempre teve aos montes; agora, ser comprometido de verdade com a camisa das Laranjeiras é outra coisa. É para os especiais.

São outros quinhentos. Outras palavras.

Não basta ter talento técnico, nem beleza física para empolgar as fãs saltitantes.

Não basta mostrar qualidade de dois em dois meses e passar em branco entre as datas.

Não basta ser carinhoso com as crianças: é preciso ser exemplar para elas dentro e fora das quatro linhas.

O craque é fundamental em um, vários ou muitos momentos. Às vezes, nem todos.

O ídolo é eterno. Onipresente.

E imortal.

Diante de centenas de milhares de reais por mês, há os que escolhem ser apenas craques. E correm o risco do esquecimento num futuro breve: a próxima década ou mesmo o próximo ano. Nem as conquistas salvam o futuro de um craque desinteressado.

O ídolo, esteja onde estiver, é sempre motivo de louvação. E jamais há de submeter a sua história a uma saída pela porta dos fundos quando aquela for necessária. Ele deve ser um aliado da torcida, não um adversário.

Eis a pequena – mas fundamental – diferença.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: Ser Fluminense

Ézio, eterno.

O ENGENHEIRO E A ESFINGE 19 11 2014

3 Comments

  1. Verdade…
    “O ídolo, esteja onde estiver, é sempre motivo de louvação. E jamais há de submeter a sua história a uma saída pela porta dos fundos quando ela for necessária. Ele é um aliado da torcida, não um adversário.”

  2. Exato Andel. A história do craque o tempo leva; a do ídolo, preserva-se para sempre.

  3. Ah, o passado.

    Essa roupa que não deveria nos servir mais, mas que ainda nos cai como luva!

    O marketing atua para transformar bons jogadores em produtos que, como tantos outros, são consumidos irracionalmente pelo “público-alvo”.

    Ao fim e ao cabo, entristece-me o quanto torcida virou “cliente”. E, nesse clientelismo, explica-se um passado que não desgruda de nós.

    Novos ares, outras palavras, companheiro. É do que precisamos. E teremos.

    Amplexos

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