Tricolor na Terra e no céu (por Sergio Trigo)

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“Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar”.

Nelson Rodrigues

Assim que a notícia chegou, a turma da pelada ficou agitada.

– Ô Zito, o garoto está chegando. Separa a camisa dele. Domingo não tem para ninguém!

– De jeito nenhum, Mauro. O garoto é tricolor de nascença. Vai jogar no meu time e ponto final. Não tem conversa.

– Pô Castilho, ele foi o capitão da seleção do tricampeonato. Tem que jogar com a amarelinha, vai. Foi com a camisa da seleção que ele viveu o seu maior momento no futebol.

– Lá vem o Bellini de novo com esse papo de amarelinha… um monte de gente aqui jogou na seleção. Se juntar todo mundo no mesmo time não tem campeonato.

– Não tem ninguém do Botafogo por aqui para chorar também?

– Não sacaneia, Oldair. A gente não encontra botafoguense em lugar nenhum… nem aqui.

– Desculpas, professor Telê.

– ¿Qué pasa, Marinho?

– Sei lá, Doval. Pergunta para o Dirceu…

– É o Capita, Doval. Estão dizendo que ele está chegando. Os velhos estão brigando para saber em que time que ele vai jogar.

Sentados em um canto, Scwhartz, Villela e Castro Gil sorriam discretamente. Ao perceber a presença de ambos, Zezé Moreira se aproximou.

– E aí, senhores? Posso contar com o Capita?

– Pode, seu Zezé. O Octávio Pinto Guimarães e o Giulite Coutinho já registraram o Carlos Alberto no nosso time. O Graúna já resolveu lá com eles.

– E o Almirante, não vai reclamar?

– Já acertamos tudo com o Heleno Nunes, também.

Zezé Moreira sorriu e chamou o Assis:

– Carrasco, vai acordar o Washington! Domingo tem jogo e vamos entrar com tudo.

No caminho, Assis gritou:

– Ô Ximbica, prepara a chuteira do Tri!

Já no centro do campo, Zezé Moreira se reúne com Telê e Tim.

– Tim, a próxima partida é do Félix ou do Castilho?

– Do Félix.

– E como está o Pinheiro, Telê?

– Está treinando com o Paulo Emílio. Vai entrar tinindo no domingo. Com o Castilho de fora, ele será a voz da experiência no meio daquela garotada.

– Vou colocar o Carlos Alberto na zaga! Vamos de Félix; Toninho Baiano, Carlos Alberto, Pinheiro e Marinho Chagas; Oldair, Cléber e Assis; Doval, Washington e Dirceu. Ficam no banco Castilho, Ari Ercílio, Wilton, Ézio e Zezé.

– Esse nosso time será a sensação do campeonato de novos!

Ao ver a escalação do esquadrão tricolor que se formava nas mãos da Comissão Técnica, Arnaldo Guinle chamou Oscar Cox e sussurrou:

– Estou pensando em construir um estádio por aqui. E dos grandes!

Sem conter a empolgação, Nelson Rodrigues provocou os seus companheiros:

– Ô Saldanha, pode mandar o Armando Nogueira ir lustrando o troféu. Com esse time, vai ser sopa.

Se ganharemos ou não, ainda não sei, mas os poucos nomes elencados nesse texto dão revelam a grandeza da história do Fluminense.

Essa coluna é uma homenagem a todos aqueles que se dedicaram ao Fluminense e um agradecimento pelos incontáveis momentos de alegria que o Tricolor proporcionou aos seus torcedores, ao longo de seus 114 anos de existência.

O Fluminense não cabe em uma coluna, nem em um livro. Sua história é ainda maior do que se pode supor e não pertence a este ou a qualquer outro pesquisador ou cronista. Muitos nomes ficaram de fora, mas querer fazer dessa uma homenagem definitiva, seria abusar demais da pretensão.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @S_Trigo

Imagem: st/ffc/rap

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