Treze anos e a bobagem de Mauro

É possível que os mais jovens tenham visto a vitória de sábado contra o Náutico como apenas mais uma, diante desta verdadeira travessia que é o campeonato brasileiro com suas quase quarenta partidas. Mais uma, mais uma, subimos mais um degrau rumo ao topo, tão de acordo com as belas palavras da minha bela vizinha Juliana por aqui.

Pouca gente há de lembrar que o Náutico está no centro de um dos maiores desafios que o Fluminense enfrentou em seus 110 anos. Mas meu querido amigo Marcos Caetano, o maior cronista esportivo brasileiro da atualidade, sempre lembra quando trocamos algum e-mail: “Foi a partida contra o Náutico, naquela tempestade, mal enxergávamos a bola na geral e vencemos como nunca”. Há treze anos, as masmorras da terceira divisão queriam assassinar o Fluminense, queriam crucificá-lo vivo, estorricá-lo e usar o sangue pisado para cobrir as manchetes dos maiores do mundo. Mas não deu certo: indestrutível, o Fluminense usou os piores anos de sua história como combustível para grandes arrancadas – hoje, é frequentador assíduo da Libertadores e tem excelente s condições de confirmar o tetracampeonato. Por que reafirmo isso?

Simples: não jogamos bem. Tivemos dificuldades mais uma vez contra um time da parte baixa da tabela. Semana passada não vimos a corda da bola contra o Atlético Goianiense, numa correria aviltante. Sábado o Náutico foi perigoso – como há treze anos – e poderia ter marcado o gol antes, não fosse Cavalieri ser o melhor goleiro do futebol brasileiro no momento, afora as bolas fora. É claro que as carpideiras rancorosas hão de usar tal roteiro para se esfalfarem em eventuais tropeços nossos à frente – sim, isso pode acontecer. Hão de usar e hão de fracassar como sempre. Falam com seus moinhos de vento, quixotescamente.

E onde está a reafirmação? Ora, se não jogamos bem e levamos sufoco, mas conseguimos superar um obstáculo, como não imaginar que o caminho será cada vez melhor? Deco acabou de voltar e ainda vai fazer muito. Neves, errando bastante mas também lutando e participando do segundo gol. Valência, um leão em cada jogada. Wellington Nem era o principal acionamento de ataque pela direita, mas sempre muito marcado. Bruno foi Bruno.

Num jogo duro, disputado corrido, a inauguração do placar só poderia surgir depois de uma vírgula, um centímetro, uma falha que permitisse aos nossos mortíferos uma finalização de rigor. Veio o escanteio ao fim da partida, o goleiro falhou, Fred tentou mas quem acabou tocando de pé direito foi Euzébio, sempre na área, trazendo conforto aos corações tricolores no Raulino de Oliveira. Claramente o Timbu sofreu o revés e capengou; antes do fim do primeiro tempo, Neves cruzou da esquerda e Mauro Cezar deve ter engolido a seco quando Fred acertou mais um de seus chutes colossais, de primeira, entre o centro e a esquerda do gol, nenhuma defesa para Gideão. O jornalista teve a ideia mofada recentemente de questionar em um artigo a real utilidade de Fred para o Fluminense. Um inacreditável salvamento em 2009, um campeonato brasileiro em 2010, duas participações muito honrosas na Libertadores, o estadual de 2012 e, se tudo correr bem, muito bem, o campeonato brasileiro deste ano – além de caminhar a largos passos para se tornar um dos dez maiores artilheiros da história do clube. É preciso dizer mais? Mauro escolheu uma polêmica mofada e rasteira, que sucumbiu com o golaço no 2 x 0.

Quarenta minutos de sufoco e ansiedade, cinco minutos de alívio: abrimos dois a zero e a paz reinou. Perto de mim nas arquibancadas, sorrisos foram uma constante: Beto, Arthur, Priscila, Daniele, Leo, Serginho, Matheus, Caldeira (em alta voltagem), Carlinhos. Antes disso, muito abracei o querido Jota. Os maníacos são os mesmos, têm o amor incomum e uníssono. Éramos oito mil em Volta Redonda – eu diria mais uns quarenta mil em intensidade, se o estádio permitisse. Antes, fizemos uma excelente viagem com a rapaziada da Fiel Tricolor, tranquila, num sábado de céu a gris, baixa temperatura e calor nos sentimentos. Depois, rever os amigos queridos – e cronistas da casa – Vivone e Reguffe, mais André. Uma tarde de alegrias.

Mesmo combalido no placar, o Náutico não se furtou ao jogo. No segundo tempo, continuou lutando, honrou as cores de Otto. Depois Abel poupou Deco e Neves, respectivamente substituídos por Wagner e Junio. O garoto entrou com seu futebol de pequeno furacão e criou o terceiro gol, mas Digão livre (que substituíra Euzébio, este depois de um incrível carrinho em Abel) trocou a eficiência pelo estilo na hora de cabecear, no que permitiu a defesa de Gideão quando todos estávamos prestes a comemorar o terceiro tento que acabou não vindo. Fred também podia ter marcado em pelo menos dois lances – um, no sempulo ao fim da partida. E, como nada é simples e fácil para o Fluminense, já era esperado que os minutos finais seriam estampados na tradição – o calor do adversário. A dez minutos do fim, numa jogada que parecia opaca, os rubros marcaram seu gol em finalização de Kim, um incômodo constante para nossa defesa. E veio a pressão: o Náutico conseguiu um, dois, três, quatro escanteios, Cavalieri fez uma defesa sensacional no canto esquerdo. Gum tirou como pôde, parecia um jogo de totó com nossa defesa chutando tudo o que pudesse para a frente em reta e velocidade. O perigo de empate era real, mas os ventos sopraram a favor das Laranjeiras e atravessamos mais uma cidade neste caminho de meses. Poderia ter sido mais tranquilo. Acabou sendo mais duro do que o esperado. E foi muito bom

Na rodada, nossos principais combatentes jogaram no Independência. Grêmio e Atlético abraçaram-se num zero a zero que, claro, foi bom para nós e deixou as manchetes de hoje com o saudável desconforto em ratificar a liderança do Fluminense.

Nosso time parece decidido a vir de Niterói, cortar com vigor as águas da Guanabara e atracar com total felicidade nas pedras pisadas do cais da praça XV – esta, com o nome trocado para vitória. Os sorrisos ecoam. Penso na juventude das arquibancadas: a mocidade do Fluminense é indestrutível e cada passo é uma nova emoção nas próximas semanas.

Priscila, Matheus, Leo, Serginho, Vitor, todos sorriem.

Para azar de Mauro Cezar, deitado eternamente no berço esplêndido de uma carpideira rancorosa.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor/ FluNews

Presente em Volta Redonda sob cortesia da T.O. Fiel Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem:

Contato: Vitor Franklin

9 Comments

  1. Esse negócio de se utilizar pesquisa do ibope (quem garante a lisura?) e audiência (quem tem acesso a isso, como provar?) é desculpa para doping financeiro aos times escolhidos. Se eles são realmente “os maiores”, que se utilizem dados notórios e incontestáveis como venda de camisas e produtos licenciados, público pagante nos jogos, desempenho em competições recentes, etc…

  2. Recadinho do coração para o juninho pernambucano:

    DEVOLVA OS TÍTULOS QUE VC GANHOU NO APITO NA ERA EURICO E DEPOIS A GENTE SENTA PARA FALAR DE ARBITRAGEM.

  3. ai mano, quanto e que custa a carpideira? vou quereru m pe de carpideira pra eu usar contra a mulambada.

  4. “Que as pulgas de mil camelos infestem o fundo das calças das carpideiras rancorosas; e que os braços destas sejam muito curtos para que possam se coçar!”

    Ou melhor dizendo: VTNC, carpideiras rancorosas e todos os demais detritos!

    SSTT!!!

  5. Também os advogados do clube tem que trabalhar firme no caso do julgamento do Leandro Euzébio, que foi acusado de agressão quando no caso ele sim foi agredido pelo jogador do Inter.

    Perdê-lo até o fim do campeonato e com o risco da entrada de Ânderson em seu lugar pode custar o tetra.

    Que o Leandro Euzébio fique livre dessa.

  6. O Fluminense tem que estar 1000% ligado nos bastidores esta semana para a arbitragem do fla x Flu de domingo, a gente está careca de saber que a arbitragem da FFERJ que já roubou o Fluminense nas 2 partidas pelo Brasileirão do ano passado, não roubou no 1º turno e certamente estão numa crise de abstinência terrível, certamente estão loucos para favorecer os fedorentos, ainda mais que eles estão correndo risco de rebaixamento.

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