Treinar pra quê? (por Marcelo Vivone)

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Essa famosa fase do craque Romário parece ter encaixe perfeito no pensamento predominante no futebol das Laranjeiras, vide foto de capa da coluna (foto tirada na segunda-feira passada, pela equipe do Panorama, que foi ao clube gravar o programa comemorativo de 1 ano de existência do site http://www.panoramatricolor.com/programa-panorama-tricolor-60-especial/).

A programação da semana mostra bem o que estamos falando há tempos: o time treina muito pouco. Como treinou muito pouco no 1º período que teve de 15 dias sem jogos pelo campeonato brasileiro. E como deve ter treinado pouco no 2º período, esse de 30 dias, de paralisação do campeonato em que esteve excursionando pelos Estados Unidos.

Seja qual for a profissão em questão, duas premissas para realizar um bom trabalho e alcançar o crescimento em busca da excelência são aptidão e dedicação. Aptidão, para qualquer profissão, é obviamente nata. Já a dedicação vem da labuta diária, do suor, das horas de estudo, treinamento etc.

No caso do futebol, é evidente que quanto maior for a carga de treinamento, até um limite planejado para não estourar os jogadores, maior serão os condicionamentos físico, técnico e tático dos jogadores para exercerem a sua profissão.

E a baixa carga de treinamentos estipulada para os atletas pela comissão técnica tem influência direta no pífio rendimento da equipe no ano. Não sei se ao longo do ano passado isso também aconteceu, mas, parece que, desde que fomos campeões antecipados em 2012, os jogadores ganharam esse “crédito” da comissão técnica.

Se o material humano que temos hoje em alguns setores do time não é dos melhores (vários jogadores não têm a aptidão necessária para lidar com a redonda), a baixa carga de treinamentos pode e deve estar favorecendo o péssimo momento, que já dura 7,5 meses, pelo qual boa parte do grupo está passando.

O resultado dessa combinação explosiva (pouca aptidão + baixa carga de treinamento) se reflete nos erros mais do que primários de posicionamento e técnicos de vários jogadores, tendo eles muita aptidão para realizar o seu trabalho, como é o caso do goleiro Cavalieri, ou não, como são os casos de Gum, Digão, Edinho, Bruno etc.

Do Edinho eu nem vou falar, mas como cobrar do Gum um bom rendimento no jogo se ele treina pouco, sendo ele um dos casos de pouca aptidão para a prática do futebol. Como cobrar o seu correto posicionamento em campo, um de seus grandes defeitos, se não há treinamento tático suficiente para que ele naturalmente saiba a sua posição, do seu companheiro de zaga, e demais jogadores, em determinada situação do jogo?

Como exigir que o Bruno vá à linha de fundo e cruze uma bola com precisão, se a parte tática de ultrapassagem e triangulação com os demais jogadores que caem pela direita não é treinada na quantidade de repetição que o futebol profissional exige e se o próprio Bruno não é submetido ao tempo necessário de treinamento técnico?

Será que o nosso treinador, que foi jogador de futebol e sabe o quanto o treinamento é importante para o momento da execução no jogo, exige pouco dos atletas como estratégia para ter o grupo na mão? Será que em algum momento Abel acabou ficando refém dos jogadores?

É possível notar também, que quase sem exceção, os treinamentos são ministrados na parte da tarde, a partir das 16 horas. Será essa também uma exigência dos atletas? Wellington Nem não fez um bom ano no Fluminense. Ouvi muitos comentários sobre a frequência com que ele era visto na noite carioca. Será que se o treinamento ocorresse em tempo integral, ou pelo menos na parte da manhã, ele faria o mesmo? E os outros atletas?

Esse problema de falta de treinamento e suas consequências devem ser imputados ao treinador, que é o comandante do grupo e é quem tem que ditar as regras. Mas também devem ser colocados na conta da diretoria e até do presidente. Não sei se há a cobrança ao Abel sobre diversos assuntos cotidianos e de rendimento, mas no caso dos treinamentos, se houve, nada foi modificado. Portanto, caberia à diretoria ser mais enérgica ou tomar as medidas necessárias para que a sua ordem fosse cumprida.

Domingo temos um jogo especial de 111 anos e de volta ao Maracanã e espero que conquistemos uma boa vitória. Não há outro placar a ser considerado contra esse arremedo de time que é o Vasco de hoje.

Rápidas:

Gum: ”Temos plena consciência de que a equipe não tem jogado mal. São detalhes que precisam ser acertados para que voltemos a conquistar os resultados positivos.”. Com esse pensamento fica difícil esperar por mudanças de postura da equipe;

Abel: A imprensa afirma hoje, quinta-feira, que após o jogo de domingo a sua saída será anunciada. Espero que seja verdade. Que Abel seja feliz na Arábia e engorde ainda mais a sua conta bancária. Foi bom enquanto durou, mas a mudança de técnico já devia ter ocorrido antes.

Maracanã: Ridícula a participação da diretoria e digna dos tempos de barbárie a nota divulgada pela “organizada” do Vasco. Do nefasto presidente da FFERJ, a torcida do Fluminense não pode esperar outra coisa. E, mais uma vez, palmas, muitas palmas, uma ovação para nosso presidente Peter.

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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6 Comments

  1. Não gostaria da saída do Abel, pelo menos neste momento. Não tem nenhum nome competente disponível no mercado.

    1. Vivone:

      Essa é uma verdade, Márcio. O que eu preferia era que Abel mudasse alguns de seus conceitos táticos e algumas de suas escolhas individuais. Como acho que isso não vai acontecer, prefiro que ele vá ganhar muito dinheiro no mundo árabe, porque ele é um cara muito gente boa e foi muito importante para o Fluminense.

      Abraço.

  2. Rods comenta:

    Vivone, o Abel anunciou que disse não aos árabes e lembrou que nunca deixa um contrato em andamento por dinheiro. isso lá é verdade, ficamos 3 meses esperando por ele…

    Agora, o que acontecerá após o clássico, em caso de derrota, eu não consigo afirmar.

    ST!

    1. Vivone:

      Eu li essa notícia, Rods. Prefiro que a gente vença e que ele vá ser feliz na Arábia. Vou torcer para isso.

      Um abraço.

  3. Comentarei somente o último parágrafo.
    Uma declaração dessas, caberia as autoridades autuar esse “cidadão” por no mínimo incentivo à violência. Lamentável tal atitude, pior, a não atitude das autoridades.

    1. Vivone:

      Concordo, Eduardo. Uma declaração dessas era motivo suficiente para prender as pessoas envolvidas.

      Um abraço.

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