Tão perto, tão longe (por Paulo-Roberto Andel)

SHOW DAS MÃOS

O show das mãos

As mãos que acariciam, afagam e se entrelaçam em namoros ou amizades. As mãos do amparo, as mãos ao alto sem assalto. Desde muito tempo eu não via tantas mãos bradando juntas num jogo do Fluminense como nesta quarta que passou, diante do Olimpia. Éramos uma procissão estática e as mãos faziam coreografias no ar enquanto empenhávamos nosso amor em campo: bailavam como se a linda Juliana emprestasse sua beleza das belezas ao espetáculo.

Tudo foi chancelado antes pela entrada de Benedito de Assis em campo, sempre um presságio de vitória. O velho pó-de-arroz não faltou, nem as grandes bandeiras que representam a minha infância: Tia Helena e Seu Armando estavam lá.

Mas nem sempre dá certo. E é bom assim. A dificuldade de hoje pode ser o sucesso de amanhã.

Pelo menos Narizinho me deu um abraço e um beijo. Ou oito, não sei. Danielle também.

Tão perto, tão longe

Tão perto da mulher que você ama tanto, tudo parece tão encaminhado e entrosado, tudo fica tão escorregadio de repente e desacontece, demora, fica adiado, frustra, causa a ansiedade da espera. Quem não passou ou passa por isso? Foi o Fluminense em campo.

Tivemos a bola a todo tempo, mas pouca criatividade nas soluções finais. Quando Euzébio ficou de frente para o gol, desperdiçou. Fred, ainda em volta, lembrou o querido Washington nas jogadas de corta-luz, nenhuma com sucesso. O Olímpia só fez alguma graça nos primeiros cinco minutos, quando marcou por pressão em nosso campo; depois, encolheu-se e lutou a cada centímetro pelo zero gol, pela pontuação mínima. Chutávamos pouco, muito pouco. Reclamamos um ou dos pênaltis, mas o problema não estava nisso – era preciso mais, ser mais ousado, invadir a área e mesmo chutar de fora dela, o que não fizemos. O melhor jogador nessa área seria Sóbis, então fora do campo. Sem chutes, sem finalizações, o zero era inevitável.

A parede

Depois voltamos para o segundo tempo, Abel mexeu tardiamente como é de seu feitio. De toda forma, o que vi é que ficamos sem a liga necessária para as jogadas criativas que podem furar uma retranca abissal como a dos paraguaios, que batiam e batiam. Tiveram um jogador expulso, outro cairia bem.

Felipe não conseguiu decidir, mas fez várias jogadas de talento. São os últimos momentos, mas vale a pena conferir. A bola corre de seus pés como se fosse toque no carpete de sinuca: mansa, insinuante, charmosa. Infelizmente não foi suficiente para mudar o cenário. Quando Sobis entrou, já era tarde. Samuel também. Wellington Nem, longe da fase, chutou pessimamente a bola final que poderia ter sido um bom cruzamento. O Olimpia sangrava por um ponto, o Fluminense lutava mas não se desesperava.

O zero persistiu.

2007

Quando nos tinham como ninguém, revertemos quatro mandos de campo seguidos e ganhamos a Copa do Brasil. E voltamos ao cenário do mundo.

Ninguém pode ter dúvidas de que será bem difícil, o Olimpia não chegou à toa.

Será tão difícil assim fazer 1 x 0 fora de casa e se classificar? Empatar com gols? Será que se justifica tanta desconfiança e algum desânimo?

Uma camisa que já desceu ao inferno tantas vezes e voltou para contar como sobreviveu não pode ser diminuída.

Antes da batalha no Paraguai, um bom presságio: a estreia contra o Atlético Paranaense pelo campeonato brasileiro. Aquecimento para a decisão na Libertadores.

Eu não aposto em grandes jogadas, um espetáculo fabuloso e nem mesmo a recuperação do futebol tricolor de 2012 por ora. Michas fichas têm um lugar certo na roleta: a classificação entre os quatro gigantes da América.

Não tenho direito de duvidar dessa camisa que escreveu sua própria história e a de tantas outras. Não tenho idade para ser um acovardado e nem para não ver que temos defeitos e problemas.

Acontece que meu amor não permite dúvidas: eu aposto nele, eu acredito e confio nele sempre. Já se foram trinta e cinco anos. Eu sempre acredito.

PO DE ARROZ

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: PRA

ANUNCIO 1995

1 Comments

  1. O nosso problema é que estamos fazendo muito poucos gols. E a nossa defesa não consegue ser um paredão para segurar o jogo e evitar um gol paraguaio. O Flu é um time encardido, que tira cartas da manga quando menos se espera, mas faz a torcida sofrer muito. A nossa chance está no que não vemos e não no que vemos.

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