“Taça simbólica”, conversa pra boi dormir (por Paulo-Roberto Andel)

Desde sua criação em 1965, a Taça Guanabara sempre foi um símbolo de charme no futebol do Rio de Janeiro. Ocasionalmente foi um torneio à parte. Noutras vezes, foi o primeiro turno do Campeonato Carioca, garantindo ao vencedor a ida à final. Noutras, como em 1995, um cruzamento de grupos que dava ponto para a fase final. Mas seu valor é enorme, ao contrário de sua irmã Taça Rio, que vem sendo desprezada e desvalorizada a casa nova temporada.

Embora não fosse o título da temporada, lógico, a Taça GB era motivo de alegria e comemoração sim. Não se deve confundir as coisas, basta analisar de acordo com o tempo.

No começo do século XXI, o Fluminense passou a decidir campeonatos de forma rara, embora tenha conquistado alguns títulos significativos. O rival da Gávea faturou diversos campeonatos estaduais, aproveitando para assumir a liderança de conquistas no Rio. Em suas vitórias nunca faltou um lote de manchetes elogiosas ao extremo.

De repente, a querida Taça Guanabara ganhou um status de quase deboche. Uma taça simbólica, um quase nada. Claro, dependendo do time que a conquiste, as manchetes são generosas ou econômicas.

Não se trata de exagerar no valor do troféu conquistado nesta quarta-feira, de forma alguma, mas de dar o valor exato.

No passado, a TG garantia um time na final do campeonato, às vezes decidida por três equipes, noutras ocasiões por dois. Hoje, assegura a presença nas semifinais da competição, não por sua essência mas por lógica matemática; afinal, agora são os quatro maiores pontuadores que decidem o título. Então, o primeiro colocado da fase de classificação obrigatoriamente estará entre os quatro da decisão. É apenas lógica.

Seria uma taça simbólica se fosse decorativa, estilo Copa Prugurumdum, dessas que enchem algumas salas de troféus por aí.

E aí você repara, especialmente no ambiente Flapress, a barra forçada para quase ridicularizar a conquista simplesmente porque ela é do Fluminense, num inédito bicampeonato.

Há quem diga que, hoje em dia, só o que importa são as competições internacionais, que o resto não tem importância etc. Se essa for realmente a régua de avaliação, a única coisa que se pode concluir é: certas equipes brasileiras andam passado muita vergonha por aí…

É claro que o Campeonato Carioca não tem mais a força de antigamente, mas e daí? A missão do Fluminense é disputar todos os títulos que surjam pela frente e ponto.

Quem esteve no Maracanã nesta quarta sabe da emoção que tomou conta do estádio. O resto é conversa pra boi dormir, temperada por mágoa de perdedor.

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Maracanã com torcida única: tiro de misericórdia para destruir de vez o futebol carioca.

A violência vai muito além da ocupação das arquibancadas. Todos sabemos.

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