Tá com medo do quê? – I (por Marcus Vinicius Caldeira)

20 de Abril de 2011

Embarco para Buenos Aires, pela manhã, para assistir Fluminense x Argentinos Jrs pela última rodada da primeira fase da Libertadores. O Fluminense precisa ganhar por dois gols de diferença e torcer para um empate entre Nacional/URU e América/MEX. Só essa combinação de resultados classifica o Tricolor.

No avião, muitos dos nossos maníacos. Um torcedor do Botafogo me chama para conversar e anuncia que irá assistir o jogo. Guarde isso na sua memória. Converso com ele e acho engraçado um torcedor do Botafogo falando que irá a um jogo do Fluminense e torcerá para o Tricolor das Laranjeiras.

Desembarcamos em Buenos Aires, eu e meu amigo Márcio Branco, por volta de onze e meia da manhã. Pegamos um táxi até o hostel que iríamos nos hospedar – o sensacional Hostel Suites Florida – em Calle Florida. Chegando lá, somos recepcionados pelo tricolor Davi que conhecemos na hora. O check-in no hostel era às 14 horas. Deixamos nossas malas e partimos para almoçar e pegar alguns pesos no banco.

Almoçamos um sensacional “bife de chorizo com papas fritas” e abrimos um deliciosa Quilmes. Estávamos com a camisa do Fluminense e nisso um rapaz de uma mesa ao lado veio falar com a gente. Era um torcedor do Velez, reconheceu nossa camisa e veio falar com a gente. Todo mundo sabe da amizade entre os torcedores do Velez e do Fluminense. Trocamos uns pesos no Banco de La Nacion – recomendo usar o cartão para sacar dinheiro – e voltamos para o hostel.

Encontramos um torcedor do Nacional, no hostel, marrento toda vida e que nos disse que o Fluminense iria ser eliminado, além de que o Nacional  – que tem três Libertadores – passaria de fase. Guardei aquilo comigo.

Partimos às cinco e meia para a “Nove de Julho com Corrientes” onde estava uma concentração de tricolores que iriam pro estádio em vans alugadas pela diretoria e ônibus cedidos pelos torcedores do Velez. Bebemos, conversamos, cantamos cânticos da torcida e finalmente rumamos para La Paternal, bairro onde fica o péssimo estádio do Argentinos Jrs, chamado de Diego Armando Maradona.

Depois de passarmos por várias revistas, entramos no estádio pequeno, antigo e desconfortável. O banheiro parece de prisão com a latrina no chão. Pedi um hamburger e fui servido na mão do atendente sem luva que para completar jogou o hamburger sem guardanapo no balcão. Comi assim mesmo (risos!).

Ao entrar na arquibancada a notícia ruim: Emerson estava afastado do grupo. Pensei: “Putz, precisando de resultado e ainda mais essa”. A torcida não desanimou. Cantou e pulou. Sobre o jogo em si, narro apenas os momentos finais!

Depois de um jogo inteiro eletrizante, a partida parte pro minuto final e o Fluminense está ganhando por 3 x 2, resultado insuficiente para a classificação. Eis que de onde menos se espera sai o lance final. Edinho vai pro ataque e sofre penâlti. O juiz demorou uns três segundos para marcar, mas marcou!

Meu Deus! Que jogo!

Fred vai pra cobrança. Vou lá pra quina do estádio lá em cima, onde não tinha ninguém, e fecho os olhos pedindo “a sabe lá quem” para que Fred faça o gol. E o melhor camisa nove da história do Flu com a frieza binária de um algoritmo de computador, coloca a pelota no fundo das redes.

Era o gol da classificação…  Heróica. Nacional x América termina em zero a zero.

Lembremos que o Fluminense estava com técnico interino após a safadeza de Muricy Ramalho! Uma das nossas peças fundamentais do ataque tricolor havia sido afastado por indisciplina, horas antes do jogo. Tínhamos que ganhar por dois gols de diferença. Só o empate no outro jogo nos servia. Saí de Buenos Aires com o Fluminense tendo apenas oito por cento de chances de se classificar segundo os “estatísticos”. Como cago e ando pros “estatísticos” e para a metereologia. Fui!

E não me arrependi! Noite inesquecível. Classificação garantida! Bebi até quatro da matina em Buenos Aires comemorando. Meu amigo, Branco, passou no hostel e pegou a mochila para ir embora. Tinha que trabalhar. Procurei, no hostel, o torcedor marrento do Nacional/URU que estava desclassificado, mas não o achei!

Fiquei mais três dias por Buenos Aires exibindo com orgulho a camisa tricolor e recebendo e-mails de amigos incrédulos e parabenizando-me por ter ido e acreditado. Eu acredito sempre!  Aqui é Fluminense! Esses momentos valem a vida!

(A continuar)

Marcus Vinicius Caldeira

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

8 Comments

  1. Esse jogo foi sensacional!! Vibrei muito na varanda da minha casa! Espero que os nossos jogadores voltem a encarnar este espírito guerreiro e joguem com ATITUDE lá no Sul…se isso acontecer, tenho certeza que venceremos! ST!

  2. Que venha o grêmio ! Sou mais o fluminense sempre !!!!
    Se não for com sofrimento e emoção não é fluminense.

  3. Ainda vem mais!
    Estou escrevendo para aqueles que estão com medinho do Grêmio!
    Sou mais o Fluminense e estarei lá!

    1. Perfeito! É esse o espírito. Muito bom o texto. Vamos pra cima dos caras! ST!

  4. Muito bom, Velho. Essa camisa é mágica. Tomara que a gente dê a volta por cima novamente.

    Abraço.

Comments are closed.