A sombra de Fábio Egypto e a coletiva engana-trouxa (por Paulo-Roberto Andel)

O assunto já foi por demais comentado por aqui, será debatido no PANORAMA desta tarde na internet e, por isso, vou me poupar de analisar todos os detalhes do freak show desta sexta-feira.

Na prática, a coletiva não passou de um engana-trouxa. Que me desculpem os admiradores do venerável mito da gestão tricolor, mas a deselegância da expressão é necessária. Um emaranhado de parágrafos feitos completamente desalinhado do que se vê na tela da TV desde a pandemia, ou mesmo antes. Só torcedores muito ingênuos ou completamente alheios à realidade do clube puderam enxergar alguma coerência no que foi dito, excetuando-as picocelebridades da internet, os puxa-sacos e blogueiros de aluguel, já que nestes casos as motivações são outras.

O venerável mito da gestão tricolor celebra vagas para a Sul-americana, que praticamente só não joga quem é rebaixado ou está na Libertadores, claro. Tenta abafar o desastre da gestão tricolor em quase uma década (onde esteve presente e atuante em boa parte do período, em postos remunerados ou voluntários) com a defesa da Primeira Liga, um torneio efêmero e simpático que tem um bom livro a respeito, cujo prefácio foi escrito por mim. Contudo, a PL hoje tem menos importância do que a Taça Guanabara e a Taça Rio. Usá-la para servir de escudo contra nove anos sem títulos relevantes é uma piada de mau gosto, uma afronta à inteligência do torcedor.

Enfim, como de onde menos se espera é que não vem nada, eu não tinha nenhuma expectativa a respeito do círco de ontem. Mas confesso que um tema me chamou muita atenção devido ao inusitado que carrega, na sentença abaixo, que revela a atual miopia ao se enxergar o Fluminense da cadeira da presidência:

Fabio Egypto não foi apenas um presidente que não conquistou títulos. Embora isso não tivesse acontecido antes dele, poderia ter ocorrido por Sylvio Vasconcelos e Sylvio Kelly, que escaparam no apagar das luzes. A realidade é muito pior: sua eleição significou o desastre em não ter José Carlos Villela – o maior advogado da história do Fluminense – como presidente, e marcou o início de um desastre que impactou por muitos anos a trajetória do clube no futebol.

Fabio Egypto destruiu o time tricampeão carioca e campeão brasileiro. DESTRUIU O TIME TRICAMPEÃO CARIOCA E CAMPEÃO BRASILEIRO. DESTRUIU O TIME TRICAMPEÃO CARIOCA E CAMPEÃO BRASILEIRO. Rifou o elenco inteiro a troco de banana, substituindo craques por jogadores inexpressivos. Todos esses que hoje são merecidamente louvados foram chutados em sua gestão: Paulo Victor, Aldo, Ricardo Gomes, Jandir, Deley, Assis, Romerito, Washington, Tato e a seguir, Edinho. Em nome da austeridade fiscal, Egypto fez do Fluminense um arremedo. Não se trata de ilações, mas fatos.

São famosas as frases do ex-mandatário em desrespeito ao torcedor tricolor, tais como “O Fluminense não é só futebol”, “Vendo mesmo” e “Craque inegociável, só Maradona”. Com dois anos e quatro meses de gestão, já tinha negociado 30 jogadores sem qualquer retorno econômico e esportivo. Pelo visto, fez escola no Fluminense atual.

A gota d’água foi publicada na revista Placar. Enquanto o Fluminense se arrastava e Egypto arrotava arrogância, a foto mostra dois ídolos do clube com outra camisa e vitoriosos: os dispensados Jandir e Edinho (este, capitão) foram para o Grêmio e ganharam a primeira Copa do Brasil na história para o clube gaúcho. Quem não servia para o Flu, servia para o Grêmio campeão. Pelo visto, fez escola no Fluminense atual.

Numa coletiva que beirou o surrealismo, não causa surpresa que Fabio Egypto tenha sido louvado por seus feitos jurídicos, evitando-se sua tragédia como presidente de um clube de FUTEBOL, não de um escritório de advocacia. O curioso é que as façanhas de Egypto só influenciem o Fluminense em coletivas, porque não se passa duas semanas sem que o Tricolor seja acionado na Justiça por falta de pagamento.

São muitos os casos antigos, mas também são muitos os da era 2013-2021.

Dessa vez, o ex-presidente tricolor não fez escola.

Por que será?

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1 Comments

  1. Como já opinei dias atrás, não espere que ele implante o voto online. Eles querem continuísmo, só assim a patota dominante leva o seu por fora, como se suspeita. Com o voto online a torcida poderia decidir.

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