Sobre Oswaldo de Oliveira (por Felipe Fleury)

É evidente que tecer qualquer crítica ao trabalho que Oswaldo poderá desenvolver no Fluminense, com base numa única partida, seria leviano.

Mas dá para suspeitar, sobretudo por quem acompanha futebol há mais de trinta anos e já teve a oportunidade de presenciar Oswaldinho no comando do Flu por duas vezes, que o futuro não será de um céu azul sem nuvens.

Elas serão muitas e carregadas. Tempestades à vista.

Por que digo isto? Poderia levar em conta as quase duas décadas sem nenhum título relevante conquistado, fruto de seu estilo de jogo retrógrado, ultrapassado, de quase total abstinência ofensiva. Mas haveria uma chance de, Oswaldinho, trabalhando muito tempo fora do país, ter reciclado seus conhecimentos e mudado sua forma de pensar.

Essa esperança, contudo, desfez-se logo em sua primeira entrevista coletiva após a desclassificação na Sul-Americana. Perguntado por que o Flu havia sido tão pouco ofensivo em campo – chutou a gol apenas cinco vezes durante toda a partida – Oswaldinho, do alto de sua soberba, foi categórico: “precisávamos nos precaver”.

Minha suspeita de mau tempo, portanto, baseia-se numa resposta emblemática, que simboliza toda a carreira de Oswaldo de Oliveira, – os títulos (poucos) que conquistou devem ter sido por obra do acaso – o seu pensamento conservador e defensivista. Todos sabíamos que só a vitória nos interessava contra o Corinthians, mas Oswaldinho disse, para quem quisesse ouvir, que era preciso se precaver.

A precaução de Oswaldinho, portanto, nos tirou a chance de prosseguir na competição internacional e foi um desrespeito aos cinquenta e sete mil Tricolores que esperavam, senão uma vitória, pelo menos uma apresentação digna de um time grande.

O que se viu, ao contrário, foi o espírito mesquinho e minimalista de Oswaldinho grassar pelo gramado do Maracanã, tirando dos jogadores o ímpeto do ataque, embora ainda com alguns resquícios – e sustos – da era Diniz. Houve luta, é verdade, mas o que presenciamos, ao fim e ao cabo, foi a troca de um estilo de jogo ofensivo, porém sem efetividade, de Diniz, por outro sem qualquer ambição ofensiva, muito mais preocupado em defender-se – e mal, diga-se de passagem.

Como disse, não pretendo julgar o trabalho de Oswaldinho antes mesmo de começar, mas se pudesse apostar, não seria no seu sucesso, e digo isto com dor no coração, pois o que está em jogo, acima de tudo, é o futuro do Fluminense Football Club.

Reitero: sua contratação foi um absoluto desacerto. Trocamos um treinador que tinha boas ideias, mas não sabia implentá-las, por um que não sabe jogar acima da linha do meio campo. Era preciso um meio termo, mas fomos de 80 a 8, o que pode significar tempo perdido, tempo de que não dispomos.

Correndo o risco que corremos, apostar em Oswaldinho foi, não posso deixar de repetir, temerário, no mínimo. É um azarão. Para vencer a corrida, terá de ser menos covarde. Será que, depois de tantos anos à beira do gramado, mais preocupado em se defender do que em atacar, mudará seu estilo? É o que veremos.

Ao contrário de minha intuição, ou suspeita, no entanto, torcerei como nunca para que Oswaldinho consiga o número suficiente de pontos para salvar o Fluminense do rebaixamento, afinal de contas, o futuro do clube está em suas mãos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

#credibilidade

2 Comments

  1. Caro Colunista

    Estava fora do Rio e não pude comparecer ao jogo. Com um fuso horário de 5 horas à frente, não me arrisquei a passar uma madrugada aflita. Mas cedo, já me debatia na cama querendo saber o resultado. Não tinha um bom pressentimento. o 0x0 em SP, saudado como grande resultado por muitos, assim não me pareceu. Afinal, a despeito de não termos tomado gol, também não tínhamos feito. E mais, tínhamos dado apenas 2 chutes a gol.. Pois bem, ao me levantar me deparei com aquilo que já…

  2. ST**** Felipe

    Minhas preocupações começaram “40 minutos antes do nada” quando constatei na escalação divulgada a troca de Frazan por Digão. Não que o Flu se tornasse mais ou menos ofensivo, mas detecta-se uma absoluta incompreensão do futebol que esses rapazes vinham jogando. Nem sequer o exemplo do Marcão serviu de parâmetro.

    No resto, tu definiste bem o que não ponho em palavras porque mais uma vez nos vejo a todos como meros inocentes úteis. Qualquer cara com o mínimo de respeito…

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