Sobre o treinador tricolor (por Felipe Fleury)

A vitória sobre o Flamengo, quando o Fluminense mudou da água para o vinho sua forma de jogar após o intervalo da partida, pode ser atribuída ao trabalho de Marcão no comando da equipe?

Penso que não. Nem ela nem o segundo tempo contra o São Paulo, coincidência ou não, os dois melhores momentos do Fluminense depois da saída de Odair Hellmann.

Contra o Flamengo, sem Marcão à beira do campo, a equipe foi comandada por Ailton, o atual auxiliar técnico. Depois de um pífio primeiro tempo, em que não se consolidou a derrota por pouco, o time retornou renovado para a etapa final, impondo seu jogo, assumindo a sua condição de grande clube e marcando os dois gols que lhe deram a vitória.

Não foi por acaso. O primeiro tempo foi o Fluminense de Marcão, treinado por ele, orientado por seu estilo de jogo: recuado, amedrontado, sem transição da defesa para o ataque.

O segundo tempo, no entanto, foi o de Ailton. Foi ele o responsável pela mudança de postura da equipe. Nada houve do Marcão nisso.

Da mesma forma, contra o São Paulo, quando, na saída para o intervalo, Fred, ao ser entrevistado, deu a dica do que precisava ser feito para o Fluminense mudar daquele jogo mequetrefe da primeira etapa, para uma equipe, pelo menos aguerrida, na parte final da partida. Foi o primeiro tempo de Marcão e o segundo de Fred que, certamente, orientou ou ajudou Marcão a orientar o time para o segundo tempo, uma vez que fez exatamente o que o nosso artilheiro havia recomendado aos microfones.

O resto, e o pior que se viu do Fluminense após a assunção de Marcão, é de sua inteira responsabilidade.

É sua culpa? Em parte. Podia ter declinado do convite, reconhecendo sua inexperiência. A maior parte, contudo, é de quem o efetivou como técnico da equipe. Uma enorme irresponsabilidade, nem tanto pelo risco de queda, que era diminuto quando Odair deixou o Flu, mas pela possibilidade, esta sim, concreta, de se abrir mão de uma vaga na Libertadores, que se desenhava claramente antes da chegada de Marcão.

Ora, se o Fluminense almeja a tão sonhada vaga, já devia estar pensando num técnico para a eventualidade de que a mesma seja conquistada. Ou Marcão será efetivado para a temporada de 2021?

Marcão não tem condições técnicas de comandar o Fluminense por mais tempo do que o necessário para se contratar um novo treinador, dois, três jogos, no máximo. Efetivá-lo, contudo, põe em risco a chance de classificação para a Libertadores, e demonstra a irresponsabilidade da gestão ao não contratar, desde já, um técnico à altura do Fluminense para comandá-lo na maior competição da América, caso consiga a vaga.

Imaginar, por outro lado, que o (pouco) que se viu de bom no Fluminense, após a saída de Odair, decorre do mérito de Marcão, é um grave engano.

1 Comments

  1. Fleury, vou discordar de você na citaçao de que “Marcão pode assumir o time por, no máximo, duas ou três rodadas”; penso que ele não tem condições de assumir este posto de tanta relevância dentro do futebol, nem por uma hora, que seja auxiliar, se encaixe em algo de menor exigência, ou então que vase, que seja demitido.

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