Sobre o livro novo (por Paulo-Roberto Andel)

nada vira nada

Depois de alguns meses, mais precisamente nove, venho aqui falar de meu novo livro.

Ou melhor, o livro no qual sou um dos seis co-autores.

Ou melhor, seis amigos que, em prol de uma causa comum chamada Fluminense, empenharam seus esforços no sentido de compor uma obra que, sem dúvida, causará repercussão pelos temas que toca e invade.

Ou melhor ainda, quase falar.

Sou do tempo em que um sujeito necessariamente precisava ser um escritor – preferencialmente bom, muito bom – para publicar um livro de sua autoria.

Numa noite de dezembro passado em que fazíamos piada de nós mesmos numa garbosa mesa da Parmê do Largo do Machado, eu, Luiz Alberto Couceiro e João Marcelo Garcez comentávamos sobre a razão de geralmente só se fazer livros de vitórias e conquistas em futebol – ao menos em tempos mais recentes. Menos mal: antes nem livros havia.

Por mais que livros e livros surjam – com justiça e bem-vindos – pelo caminho do futebol, acho que pensávamos em dois pontos essenciais para novos livros nossos: a valorização do estilo literário – da palavra, do envolvimento do leitor com as letras em uso – e o traçado de uma história que fugisse do óbvio, do convencional, bastante substanciada, mas sem academicismos baratos. Escritores de verdade buscam a reinvenção, a subversão construtiva, a verdadeira arte – e por que não fazer isso num livro de futebol, ainda mais com o time dos nossos corações? Texto com brilho, cor, sedução. Nenhum problema com os autores que primem pelo vasto arsenal fotográfico, mas nessa publicação seguimos as diretrizes de mestre Ivan Lessa: “Livro é pra ler, pô! Não é para enfeitar estante.” – poucas imagens, outras palavras, muitos versos, outros sons.

E não é que, minutos depois, dada uma sugestão do Luiz, já tínhamos nosso primeiro projeto (dos muitos que vêm a seguir) literário juntos?

Pizza encerrada na Parmê, rumo de casa, João e Luiz talvez ainda atônitos com minha obsessão – prometi-lhes já escrever várias laudas da parte que me cabia para o dia seguinte, o que cumpri com rigor. Pois bem, o dia seguinte até agora não terminou: passamos a falar disso quase que diariamente, trazer outros autores para o projeto, convidar nomes de peso na esfera tricolor para prefácio e posfácio. E tome noites de jazz, risos, telefonemas, e-mails, torpedos. Muitas.

Nove meses depois, a criança está prestes à vida.

Os detalhes editorais naturalmente me impedem ainda de falar sobre os temas do livro – é bom que se diga, são vários, mas um deles é naturalmente uma digna resposta à contravenção que atende pelo nome de FlaPre$$. Cheiro de papeletas no ar.

Outras coisas? Dá para dizer.

Até agora, devo ter sido o sujeito que mais vezes leu os originais desta maravilha – umas dez, afora o processo de revisão etc. Em todas fiquei tão empolgado que nem lembrei de também ser um dos autores: sempre penso algo como “o livro dos caras está sensacional!” – e num instante, choro, porque meu pai Helio Andel merecia ter lido isso tudo – não a parte que me coube, óbvio. Aliás, para os tricolores: será difícil não chorar e rir com tudo o que escrevemos. Bem difícil.

Falamos de amor, dor, vitória, derrota, drama, renovação, crença, história, teatro. Mergulhamos nas vísceras do Flu.

Luiz Alberto Couceiro escreveu dois momentos fabulosos: seu capítulo e a apresentação do livro. Ambos são tão provocativos, demolidores e estilisticamente ricos que me atrevo a dizer: ele é o autor de dois dos mais sofisticados textos sobre o Fluminense desde a última crônica do imortal Nelson Rodrigues. Podem conferir. William Burroughs aplaudiria de pé.

João Marcelo Garcez, nosso Pelé, craque de qualidade e audiência, escreve de forma elegante, sincera, mas com dois ou três tons acima no contrabaixo e nas guitarras todo o tempo. Difícil imaginar o nosso grande cronista com uma guitarra de Kurt Cobain entoando hits como “Come as you are”, mas foi mais ou menos isso. Sim, as centenas de milhares dos leitores do Garcez vão ler neste novo livro o som de guitarras furiosas em vez de violões Ovation. O dia em que a Legião Urbana virou Sonic Youth.

O professor Cezar Santa Ana foi de um rigor histórico-científico-literário, um lirismo, uma profundidade rara. Corações, mentes e ideias num ir e vir que empolga e enternece o leitor. Aliás, é bom que se diga, Cezar será um dos colaboradores regulares do PANORAMA a partir de 2014. E teremos mais novidades por aqui ainda este ano.

Valterson Botelho, decano da imprensa esportiva e autor do excelente livro sobre Valdo lançado neste ano, entregou-se numa generosidade enorme, inclusive abrindo situações pessoais e familiares de difícil lida, simultaneamente a momentos onde nós, tricolores, sentimos dor também.

Marcelo Janot? O craque da crítica cinematográfica pegou as guitarras no mesmo estúdio do Garcez, distorceu geral e fez as letras viraram tempestade no céu de fogo. Ficou por sua conta o capítulo de menor tamanho em termos de páginas, mas não menos rico e talvez propositadamente: é o mais avassalador, porta abaixo. Brazookas, tambores e Sepultura, tudo junto num liquidificador atômico!

Falar de mim? Não. Basta o seguinte: sou que nem Patolino. Primeiro e único.

(risos sem fim)

Vejo vocês na livraria Blooks, Praia de Botafogo, 316, galeria do Espaço Itaú de Cinema, frente para o Pão de Açúcar e a beleza da Guanabara, num dia de outubro. Em breve, capa e maiores detalhes, tudo muito bem divulgado por aqui.

Garcez, Couceiro, Janot, Santa Ana, Botelho: eu estou feliz porque eu também sou das suas companhias.

Obrigado por tudo, gente.

A rua é nóis!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=1184&idProduto=1216

patolino

6 Comments

  1. Meus parabéns antecipado a todos (Andel, Garcez, Couceiro e demais…) !

    Tenho certeza absoluta que vem coisa muito boa por aí.

    Fiquei curioso quanto a capa. Assim que tiverem informações quanto a data do lançamento me avisem para eu poder me programar para não deixar de ir.

    Abração e Saudações !

  2. caro Andel,

    contra a fraude, a Historia. (contra os neo-beletristas – o tempora! – e os ‘donos da verdade’… o olvido.)

    na expectativa!

    forte abraço e ST !

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