Seria o Fluminense um time bipolar? (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, eu larguei o trabalho hoje às 19h, já em cima da hora do jogo contra o River. Ao passar os canais de TV, quase não resisti à tentação de assistir ao jogo do Júnior. Depois das duas últimas exibições do Fluminense, parecia até mais apropriado secar o Júnior, que só tiraria nossa vaga com uma vitória. Uma vitória que não conseguiu contra o Santa Fé, o que reforça a minha inclinação.

O que não reforça minha inclinação pela torcida inusitada é a atuação do Fluminense diante dos argentinos. O fato é que eu acabei assistindo ao jogo do Fluminense mesmo, já esperando um desastre, pois não havia nada que a mim indicasse que algo diferente aconteceria, embora ainda esperasse pelo tropeço, que acabou ocorrendo, do Junior.

Conseguimos uma vitória antológica e, de certo modo, desnecessária. Com dez minutos de primeiro tempo, o Fluminense não se parecia nada com aquela coisa desfigurada das últimas partidas. Até mesmo aquela ideia de que o Fluminense sempre joga os primeiros 10 ou 20 minutos de jogo, mas depois acaba se encolhendo, não me parecia nada evidente.

Gabriel, ao contrário de Luís Henrique nas últimas partidas, não jogava espetado no ataque, suprimindo o nosso melhor trabalho de construção a partir da nossa intermediária. Gabriel, como nos tempos de Odair e Marcão, jogava em facão, procurando construir jogadas por dentro, como, em outros tempos, fazia Michel Araujo, fazendo a gente entender um pouco como quase com a mesma escalação do ano passado o Fluminense não jogou nas últimas partidas.

Passava o tempo e o Fluminense era irreconhecível, até que sai o primeiro e o segundo gol, com um River atônito em campo, contra um adversário que tocava a bola rápido e de forma envolvente. É bem verdade que o River conseguiu ganhar a intermediária na fase final do primeiro tempo e em boa parte da segunda etapa. Roger demorou a mexer no time quando o River começava a finalmente se apropriar das imediações da nossa área, mas Maidana cometeu uma agressão idiota em Caio Paulista e foi expulso.

As coisas não ficaram tão mais fáceis para nós, porque o River tem muitos recursos e o Fluminense reproduziu erros de outras jornadas, com muitos erros de passe e aquela tendência de se amotinar no campo de defesa. O que quase nos custa caro, porque o River conseguiu chegar ao gol, faltando ainda de dez minutos para terminar o jogo. Ai acabou a tática. Roger trocava jogadores para dar fôlego ao time e resistir à pressão argentina, mas não tinha solução para ficar com a bola, problema crônico do Fluminense.

A sorte é que o próprio River começou a sentir o jogo e passou a tentar lançamentos desesperados para a nossa área, encontrando nossa defesa bem posicionada. E, curiosamente, foi saindo com a bola de trás em transição o Fluminense chegou ao terceiro gol, envolvendo um extenuado adversário e premiando Yago, que já mandara uma bola no travessão no início do segundo tempo.

Então, amigas, amigos, em que pesem os problemas crônicos, que são crônicos mesmo nas vitórias, o que eu pergunto é o seguinte: o que aconteceu no Fla-Flu?

Seria o Fluminense um time bipolar? Será que pesou para o River o fato de ter vários jogadores convalescentes de Covid?

Talvez tenha outra explicação. Um somatório da volta de Egídio no lugar do inoperante Danilo, a boa atuação de Samuel Xavier no lugar de Calegari, Nenê recuando para participar da marcação na linha de volantes, Fred correndo igual um garoto de 18 anos e dando suas assistências como uma espécie de Deco ou Conca, Gabriel Teixeira reforçando o trabalho de construção pelo meio e Caio Paulista bloqueando as ações do River pelo lado esquerdo.

É bastante coisa, não é? Cada um pode tirar sua conclusão. O que eu queria que alguém me explicasse é por que jogamos contra os Dissidentes daquela forma vergonhosa no sábado. Porque ninguém vai me convencer de que o time deles é muito melhor que o River, mesmo com alguns desfalques importantes.

Se Fred corria como um garoto hoje e Nenê reforçava a marcação no meio, por que não fizeram isso no Fla-Flu? Estavam se poupando? Por que, então, Roger não os deixou de fora e colocou os moleques para correr? Por que não Abel, John Kenedy, Ganso, Gabriel?

Porque se você não leva a competição a sério, se não quer ganhar, então não disputa. Mas não pode chegar numa final e fazer aquele vexame de passar 90 minutos quase sem dar um chute em gol.

É por isso que a cada lance do jogo de hoje mas indignado eu ficava com o jogo de sábado. Porque não dá nem para dizer que o time estava cansado. Se estava cansado, como é que se recuperou para o jogo de hoje e estava todo mundo correndo, inclusive Fred e Nenê?

Mas aí nós temos a desculpa da condição física do River, como se nós já não houvéssemos antes demonstrado que somos capazes de ganhar dos Dissidentes em qualquer situação.

Mas Savioli, você é do contra. Não está feliz com a vitória?

Amigos, amigas, eu estou muito, mas muito feliz com a vitória e a classificação em primeiro lugar. Muito feliz! Mas isso não muda o jogo de sábado, não pela derrota, mas pela atuação indigna do tamanho da nossa camisa.

E um pouco confuso, confesso. Preciso ver o jogo de sábado contra o São Paulo, estreia do Brasileiro, para tentar entender quem é o time do Fluminense. O time cheio de defeitos, mas também cheio de qualidades, da noite de hoje, ou aquela coisa deprimente que vimos há três dias.

Houvéssemos vencido o Fla-Flu, estaríamos comemorando um título e a vaga nas oitavas da Libertadores, mesmo que houvéssemos sido derrotados pelo River, o que não deixa de ser uma espécie de punição.

Mas vamos que vamos, porque ainda tem muita coisa pela frente. Que Roger consiga achar soluções para que tenhamos mais regularidade nas partidas, mas até para isso precisamos do clássico de sábado.

Saudações Tricolores!

2 Comments

  1. Na minha opinião ocorreram mudanças importantes que você mesmo relacionou. O Callegari é péssimo. O Luiz Henrique não joga nada, o Kaike não está fisicamente preparado para jogos grandes no profissional é o Danilo é muito limitado. Ou seja, entramos com 4 a menos que obviamente sobrecarregava os velhos. Os times de sábado e de quarta eram bem diferentes.

  2. Na minha opinião ocorreram mudanças importantes que você mesmo relacionou. O Callegari é péssimo. O Luiz Henrique não joga nada, o Kaike não está fisicamente preparado para jogos grandes no profissional é o Danilo é muito limitado. Ou seja, entramos com 4 a menos que obviamente sobrecarregava os velhos. Os times de sábado e de quarta eram fundamentalmente diferentes. Pra falar a verdade estou começando a achar que o negócio com o Kaike foi ótimo!!

Comments are closed.