Sem desculpas (por Felipe Fleury)

no excuses phrase handwritten on blackboard

Enderson Moreira é um cara sortudo. Tem contado com a infeliz coincidência das arbitragens catastróficas que nos prejudicam para justificar seu pífio comando técnico à frente do Fluminense. E quando não são as arbitragens, tem uma falha aqui, outra ali, um cansaço, ou outra qualquer desculpa para atenuar a sua incompetência.

Perder sete das últimas nove partidas disputadas não é para qualquer um; não é apenas para um azarado. Tem que ser ruim mesmo. Talvez Enderson tenha tido alguma sorte quando fez esse time correr e ganhar alguns jogos mais na transpiração do que na inspiração.

Refiro-me à sorte, porque nunca houve nesse Fluminense de hoje, como nos outros que vimos sob os também desastrosos comandos anteriores, qualquer esboço de organização tática. Um esquema retrancado, que fosse, mas organizado. Nem isso se viu. Estamos há um tempo pra lá de longo à mercê de desmandos da nossa direção do Futebol, que se esforçou para montar uma equipe que poderia ser competitiva, mas não deu a ela um comandante digno das tradições tricolores.

Quando Enderson assumiu, depois – só para ficar nos dois – das apostas em Cristóvão e Drubscky, escrevi que o nosso treinador seria um “tiro à luz opaca” da diretoria tricolor. Disse isso, porque em relação a Drubscky, o imaginei como sendo “um tiro no escuro”. Portanto, dei um pouquinho mais de claridade, ainda que tênue, ao nosso atual treinador.

O problema é que isso não é suficiente. O Fluminense precisa de luz fulgurante, viva, resplandecente e não de um fanal que emana frouxo de um técnico que não tem currículo para comandar um Fluminense.

Mas Enderson desempenha o seu papel tosco, porque alguém o contratou e o mantém no cargo. A responsabilidade, então, precisa ser compartilhada, afinal de contas, errar é humano, persistir no erro é burrice. Insistir, portanto, em desconhecidos para comandar o Fluminense deve ser algo impublicável. É a chamada economia “porca”.

E o resultado aí está. Uma equipe que, apesar dos desfalques e das limitações, poderia estar disputando novamente um título nacional, chegou a sonhar com uma vaga da Libertadores e, agora, gradualmente, vai se afastando cada vez mais de seus maiores objetivos para se contentar, talvez, com uma posição intermediária, sem sustos de rebaixamento.

Me desculpem os amigos mais otimistas. Eu também sou um otimista, mas antes de tudo sou realista. Quando assisti ao Fluminense acovardado contra o Atlético MG, a minha reação não foi de raiva, mas de decepção, resignação ante a incapacidade de quem estava à beira do campo de fazer algo novo pela equipe. Enderson nunca deu forma ao Fluminense e, parece que agora, nem consegue mais dar o ímpeto que ao menos se viu em alguns jogos no início da competição.

Ainda há a Copa do Brasil. Sim, há. Já houve casos em que equipes que vão mal numa competição se reinventam em outra. Pode acontecer. O Flu pode ser campeão da Copa do Brasil e voltar à Libertadores, nosso sonho mais desejado. E eu torço por isso, mas no fundo, no meu âmago, duvido que aconteça. Menos pela qualidade do elenco que temos do que pela inaptidão do senhor Enderson Moreira.

Escrevo este texto resignado, pois diante do nosso atual comando técnico do futebol, nem mesmo posso torcer para que Enderson seja demitido, pois o seu substituto pode ser de qualidade ainda mais duvidosa. É a velha história de que se está ruim com ele pode ficar pior sem ele.

O Fluminense das Laranjeiras, portanto, tem deprimido a cada jogo o seu torcedor, transformando-o em melancólico assistente de partidas em que o Tricolor, disforme dentro de campo, reiteradamente é derrotado.

Mas se o Fluminense das Laranjeiras vai mal, o de Xerém nos agraciou com um retumbante título nacional na categoria sub-20. Em campanha invicta, mostrou a todo o Brasil a força da nossa base, fruto de um trabalho que se deve creditar ao Presidente Peter por sua ação para reconstruir em estrutura física e pessoal a casa de nossos garotos. Lá, mais do que jogadores de futebol, o Fluminense forma homens, praticando uma função social que deveria ser exemplo para todos os demais clubes brasileiros.

Esse é o Fluminense que nos têm orgulhado, mas que precisa ser um só. Que a melancolia do Fluminense das Laranjeiras sorva o vigor do Fluminense de Xerém para que, com ou sem Enderson Moreira, torne a ser novamente uma equipe competitiva e briosa dentro de campo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: uol

o fluminense que eu vivi tour outubro 2015

 

2 Comments

  1. Infelizmente Enderson está prestigiado. Não sei de onde vem tanto prestígio. Estou triste. Pior é pensar que se Enderson for demitido eles irão novamente atrás de Nei Franco, velho sonho de consumo do nosso presidente. É de entristecer mesmo.

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