Sejamos realistas, queiramos o impossível (por Marcus Vinicius Caldeira)

PASSEATA

1.

Esta semana a agitação tomou conta de vez das ruas por todo o Brasil! Os protestos que começaram com 500 pessoas na Paulista há duas semanas atrás, culminou com mais de 500.000 por todo país, segunda-feira!

E foi magnífico! Hordas de estudantes chegando por tudo quanto é lado no Centro da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro! No metrô da Saenz Peña já percebi que seria de massa. Ao sair no metrô da Uruguaiana tive a certeza: teremos mais de 20.000. E ao sair, a alegria: 100.000 tinham ido ao ato no centro da cidade!

O ato era composto em sua imensa maioria por estudantes! A bandeira principal era clara: pela revogação do absurdo aumento das passagens. Mas, várias outras bandeiras já estavam incorporadas ao protesto: contra a corrupção, fora Cabral, por mais escolas e hospitais e etc. Era o povo na coisa mais bela que pode existir: a ida as ruas reivindicar seus anseios e desejos!

“Toda revolução é magnífica” – Rosa Luxemburgo.

choque

2.

No domingo, quando do ato do Maracanã vi a Tropa de Choque tacando bombas de efeito moral na gente em frente a Quinta da Boa Vista (a foto acima foi tirada por mim na hora que eles vieram pra cima), gritei a todo vapor pra eles, no meio as bombas que chegavam: “Taquem mais, seus burros”! Era a certeza que aquela atitude imbecil transformaria o ato de segunda em um ato de massa!

3.

A manifestação estava linda! Exceto pelas palavras contra os partidos de esquerda que sempre estiveram nas lutas cotidianas, o ato foi exuberante.

 Claro; teve os anarquistas e infiltrados vandalizando a Assembleia Legislativa. Mas, aqui no cantinho: “Quem nunca teve vontade de tacar fogo naquela porra e com os deputados dentro? Quem nunca?”

4.

Cabralzinho corrupto que certamente leu “O Príncipe” de Maquiavel, não pensou duas vezes. Chamou o Coronel Mello e ordenou que segurasse o Choque. “Deixe a baderna correr solta e depois mande o a tropa”! A ideia era mostrar ao mundo o caráter baderneiro da manifestação!

O pulha não pensou na proteção aos policiais que ficaram a acoados. Aliás, pensou! Tinha policiais infiltrados entre os vândalos e na hora de risco maior eles entrariam em ação. As imagens mostraram isso!

Só que eles esquecem que tem a Internet! E aí a máscara caiu!

5.

Não adiantou Choque, Globo tentando mostrar uma imagem negativa das manifestações, os governantes de PSDB, PT. PMDB, DEM dizerem que não negociam com baderneiros. Nada disso adiantou!

Eles tremeram na base e, num recuo há muito tempo não visto no Brasil, revogaram os aumentos! E no Rio, não só revogou os aumentos com baixou a tarifa do metrô de R$ 3,50 para R$ 3,20 e do trem de R$ 3,10 para R$ 2,90!

Parabéns ao MPL (Movimento pelo Passe Livre) que iniciou isso tudo e conseguiu a vitória que queria!

Agora, estão cacifados para o objetivo deles enquanto movimento social: passe livre para estudantes, pobres e desempregados para que eles possam ter de fato mobilidade pelas cidades também no momento de lazer e necessidade e não só na hora de vender a sua força de trabalho em troca de salários!

6.

Agora, neste exato momento, os governantes corruptos devem estar pensando: “Os protestos vão diminuir já que atendemos ao que eles pediram”. Ledo engano! Nas ruas não estão só os estudantes e a reivindicação do MPL já não é mais a única!

As raivas aos governantes corruptos que estavam represadas foram liberadas. Neste momento que escrevo estas linhas, em Niterói o pau tá quebrando, assim como em outras cidades. Os estudantes e o MPL estão comemorando de forma justa a vitória obtida na Paulista!

Mais, outros movimentos e agentes sociais já convocam para o grande ato nacional amanhã. No Rio será às 17 horas na Candelária!

Epílogo.

Continuemos nas ruas!

Sejamos realistas, queiramos o impossível!

Amanhã, seremos 1.000.000 nas ruas do Rio!

E seremos 1.000.000 de visitantes no Panorama!

E o Fluminense? Continuo amando-o loucamente!

Vejo vocês no ato!

 

Marcus Vinicius Caldeira

 

Panorama Tricolor

 

@PanoramaTri @mvinicaldeira

 

 

5 Comments

  1. Eu, que enfrentei a polícia política e o exército nas ruas do Rio no final da década de 1960, quando era um calouro universitário, fico imensamente feliz de ver que o pais mudou, mesmo que ainda reste muita coisa a mudar, pois o povo não precisou pegar em armas para vencer. E nem deveria, violência só traz sofrimento para as pessoas e suas famílias. Naquela época nós levávamos borrachada na rua e não conseguíamos avançar um milímetro em nossa luta pelo fim da ditadura e a volta da democracia. A vitória veio anos depois, mas muitos colegas de universidade e de esquina pagaram com a saúde, a liberdade e a própria vida para fazer seus clamores serem ouvidos. Por isso é tão valiosa essa vitória de ideias, essa rebelião desarmada e esse grito por um novo Brasil. O povo nas ruas protestando contra os males que o afetam é uma bomba atômica. Os políticos estão se borrando de medo das urnas. Que bom!

  2. O voto não resolveu o problema nestes mais de cem anos de república! E nem resolverá!

  3. O voto correto elimina esses problemas. Vote corretamente e cobre de quem v. elegeu. Baderna é início de problema mais profundo. Eu participei das passeatas de 1968 e o que aconteceu? Endurecimento do regime. Sou a favor de movimento com objetivo e não, como esse, em que os participantes são, apenas, massa de manobra. Gostaria que as redes sociais também servissem para aumentar os sócios tricolores e que o clube se preparasse para a demanda. Vamos para a frente. Sds Tricolores

  4. Caldeira,

    Eu sonho ainda em ver algo que já tive como impossível acontecer.

    Os políticos corruptos precisam se sentir de fato ameaçados (entendam como quiserem) se não trabalharem corretamente, eles ainda não foram nem um pouco ameaçados, eles não estão nem aí se a ALERJ foi depredada, quem vai pagar tudo isso é o povo.

    A polícia deveria fazer corpo mole, ela é tão vítima de todos esses canalhas quanto qualquer outro trabalhador ou estudante, só os políticos se dão bem neste país (e multiplica por milhões de vezes esse bem…)

    ST

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