Rolem os dados (por Paulo-Roberto Andel)

probabilidades dados

“Todos contra nós e eu acredito. O mundo querendo nossa cabeça na guilhotina e eu acredito. A tabela ingrata, os cálculos que não ajudam e eu acredito. A morte à nossa porta e eu confio no Fluminense mais do que nunca.”

Ninguém que me visite nestas linhas semanais tem o direito, mínimo direito, de ser tão idiota em confundir o sentimento que exerço nesta coluna – sentimento sim! – com a suposta incapacidade de não enxergar a gravidade da situação que vivemos no Fluminense, mesmo que eu possa imaginar até onde possam ir os altíssimos voos não-criativos de um idiota – alguns viram jornalistas, outros se autoproclamam grandes escritores incomparáveis (fraquíssimos, óbvio…), outros fazem vezes – sem o mesmo carisma – do simpático Professor Pardal, outros ainda querem ser poderosos “formadores de opinião” (verdadeira praga do mundo no século XXI).

Para deixar bem claro, eu não tenho o menor compromisso de formar a opinião de ninguém. Nunca escrevi para aparecer ou pagar de dono da verdade, ao contrário de parlapatões.  Assim sendo, quem não concordar com a minha maneira de ver a situação, grande favor não encher o saco. Estou aqui apenas trabalhando e exercendo meu amor à literatura e ao Flu.

Está tudo perdido para o Fluminense. Está!

Está tudo perdido mesmo?

Mais ou menos. Mais ou menos?

Não, não está. Tudo, não. Perdido, não. Muito difícil, sim.

Nada de entrar no mérito da estatística sofisticada, que raramente é vista em publicações a respeito de futebol.

Apenas pensei no limitado mundo da tabuada elementar.

Pois bem, o Fluminense precisa de uma vitória contra o Bahia de qualquer maneira. Teremos que nos superar, buscar forças de onde não houver, ir além de jogos como o de sábado passado – onde fomos bem até quinze ou vinte minutos antes do fim, quando perdemos terreno e sofremos o empate. Este é um ponto – crucial, aliás. Não fazendo a nossa parte, adeus; fazendo, hora de ver outros dois jogos: São Paulo x Coritiba e Atlético-PR x Vasco.  Neste campeonato, vencemos três partidas jogando fora de casa.

O Bahia, até aqui, sofreu 13 derrotas no campeonato brasileiro e apenas três gols a menos do que o Fluminense. Fez uma grande exibição – pontual – contra o respeitado campeão Cruzeiro no domingo, vencendo em pleno Mineirão – pontualmente também, nós vencemos os celestes no Maracanã, onde também derrotamos o time baiano. Portanto, o que se pode ler minimamente em sua campanha de 37 jogos é que o mandante da Fonte Nova só tem algum favoritismo por causa do apoio de sua torcida, embora não esteja disputando mais nada. De resto, espera-se um jogo equilibrado onde temos chance de vencer sim, ainda que as dificuldades sejam muitas.

Um rival direto na disputa é o Coritiba, tido como pré-favorito pela grande imprensa especializada a vencer o São Paulo jogando fora de casa – aliás, era o favorito da mesma imprensa ao título meses atrás. Das 11 vitórias que conseguiu na competição, apenas uma foi atuando como visitante. Perdeu 14 vezes, sendo 9 no campo adversário. Empatou 12 vezes, sendo 7 fora de casa. É claro que a vantagem de ganhar por 1 x 0, sem pensar em resultados dos outros times que lutam contra o descenso, conta como um enorme handicap. Mas os números do Coxa em nenhum momento apontam para o cenário de um visitante favoritíssimo.

Para terminar, o outro rival na disputa: Vasco da Gama, que também venceu três jogos atuando fora de seus domínios, mas que teve 10 das 15 derrotas sofridas na competição realizadas como visitante. Encara o Atlético-PR, que luta por uma vaga na Libertadores e não pode vacilar – o G4 pode se transformar em G3 caso a Ponte Preta seja campeã da Copa Sul-Americana, o que só se saberá quando o campeonato brasileiro já tiver acabado. Vida fácil não terá. O time da Colina empatou 11 vezes no campeonato, 6 delas fora de casa.

Sem trazer à tona hipérboles e arroubos para beneficiar o nosso Fluminense, o que questiono é esse conceito de “impossibilidade” divulgado diuturnamente por grande parte da mídia esportiva brasileira, em nenhum momento sustentado por números simples.

Não resta a menor sombra de dúvida que o principal é o Fluminense fazer sua parte, vencendo um bom adversário na Bahia. Depois, vê-se o que acontece e todos aqui torcem para que o pior não suceda. Está difícil, mas não impossível.

Há quem diga que o Fluminense perde em cinco das seis combinações possíveis de resultados no próximo domingo. Nem poderia ser de outra forma: é o time com menos pontos dentre os que buscam a salvação. Todavia, imaginar que o Tricolor não possa fazer 1 x 0 contra o Bahia e seus rivais diretos não possam empatar seus jogos é, de alguma forma, muita vontade de não acreditar.

O número seis de um dado arremessado à mesa tem exatamente a mesma probabilidade da combinação favorável ao Fluminense: 1/6. Todos os outros números também, desde que o dado não seja viciado. Quem já disputou jogos com a sorte nas faces do cubo sabe bem do que estou falando. Mas aí eu estaria entrando no mundo das probabilidades e isso seria mais complicado do que a proposta inicial das aventuras da tabuada.

Uma vitória magra Tricolor, dois empates dos rivais diretos e tudo pode dar certo. Ninguém é obrigado a acreditar. A quem já jogou a toalha e desistiu, boa sorte. Só que eu ainda acredito numa vírgula, num fiapo.

Haja o que houver, não vamos morrer, não vamos acabar. Aconteça o que acontecer, vamos encarar de peito aberto.

Existe um fio, um fiapinho, existe uma chance. Vamos jogar contra três times, um em campo e os outros dois noutros gramados.

Até domingo, ainda estão rolando os dados.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Nota: vários amigos da torcida do Fluminense – além de vascaínos e alvinegros – esperavam um pronunciamento meu a respeito do charlatanismo intelelectual publicado na biblioteca virtual www.ludopedio.com.br em 2012, sob o título de “O caso FlaPre$$: jornalismo, futebol e imparcialidade”. Nele, sou indevidamente citado na página 7, com nome restrito à letra P e identificado como “funcionário DA Sinduscon” – na verdade o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro, entidade da qual visto a camisa profissional há quase 22 anos consecutivos, numa tentativa vil de descaracterizar meu trabalho como cronista esportivo e inclusive expondo a empresa onde trabalho de forma aética. Desnecessário dizer que não existe a construção “Sindicata”. Sobre o teor do artigo (com diversos equívocos no trato da língua portuguesa e pontuação), posso dizer em breves palavras: raras vezes li algo tão aviltante sobre futebol do ponto de vista intelectual, travestido de “ciência”. Omissão, distorção e um espaço amostral estapafúrdio para tentar justificar o injustificável: que “não existem vestígios do que se chama comumente de FlaPre$$”. Pior: há uma indução ao fato de que minha opinião pode ser fruto de “falta de percepção no entendimento das notícias”. Se os autores dessa comédia em forma de artigo tivessem ao menos o trabalho de pesquisar as pessoas que citaram, saberiam que, com 35 anos de arquibancadas e literatura, três livros publicados e a indicação para publicar feita por dois vencedores do Prêmio Jabuti – o maior da literatura nacional -, certamente eu não tenho nenhuma dificuldade em percepção de quaisquer notícias. Poderiam ter feito melhor: como estudantes, pesquisar na Biblioteca Nacional a questão de forma séria, com um século de periódicos disponíveis. O resumo é de cada um. Em breve, teremos convidados da mais alta estirpe intelectual do país analisando o tema aqui no PANORAMA. O final do artigo é risível: “4. Considerações Finais  – Os dados observados com a pesquisa empírica, à luz da revisão bibliográfica e dos conceitos da teoria da Comunicação, nos mostram que há algo a pautar o espaço nos canais midiáticos estudados. Percebemos certa divisão mercadológica, que segue o padrão comercial (não esqueçamos que todos os veículos analisados são de capital privado e buscam o lucro através de seus anunciantes). Assim, a divisão “lógica” segue o tamanho das torcidas (Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo), ainda que não seja tão díspar como pregam os defensores da existência da Fla-Press. Ocorre, porém, que tal divisão não é estática, sofrendo alterações em virtude de fatores como vitórias dos times, títulos, presença de ídolos, crises e grandes derrotas (viés negativo). Isso explica o Vasco, por exemplo, ter tido um maior espaço na maioria da amostragem, mesmo não tendo a maior torcida. O mesmo ocorrendo com o Fluminense na análise do Globo.”

Para acessar a obra-prima da FlaPre$$,  escrita com todo esmero em termos de insuficiência científica, acesse http://www.ludopedio.com.br/rc/index.php/biblioteca/recurso/1588

Prezado (a) leitor (a), é sempre uma honra a tua presença aqui, bem como os comentários que podem ser tanto elogiosos quanto críticos ou divergentes – tudo altamente salutar. Contudo, atendendo aos procedimentos estabelecidos no PANORAMA em prol da excelência literária que marca este sítio, não serão publicados comentários ofensivos ou lesivos à imagem de terceiros sob qualquer espécie. O mesmo vale para comentários em caixa-alta. Os cronistas respondem juridicamente por suas publicações. Divergência nada tem a ver com estupidez e grosseria. Muito obrigado. 

fiel 38 anos festa

10 Comments

  1. Entendi, Paulo. Mas seu nome não foi revelado, certo? Logo, teria como algum leitor descobrir que trata-se de você (se vc n tivesse falado que era vc, eu n saberia)? Você tentou falar com os autores antes; o material parece meio antigo… De todo modo, fiquei curioso por mais informações. Você tem/conhece algum artigo acadêmico que relate a Fla-Press como um processo histórico e que se baseie em uma investigação de fôlego sobre os jornais? Fico no aguardo. Obrigado e parabéns pelo site

    1. Paulo-Roberto Andel: Com um pouquinho de atenção, qualquer leitor chegaria até mim. A entidade de classe onde trabalho é única, a mais antiga do país em seu ramo de atividade e não tem outro funcionário denominado P., quanto mais proativo no cenário do futebol. Foi uma atitude no mínimo irresponsável.

      Quanto à sua curiosidade, sugiro os seguintes caminhos:

      1) http://aqipossa.blogspot.com.br/

      2) http://www.bn.br/site/pages/catalogos/periodicos/periodicos.htm

      Obrigado pela visita.

  2. Suas críticas ao artigo citado foram fortes. Após ler o artigo, mesmo sendo tricolor, concordei com a boa parte das considerações, ainda que discordasse de outras tantas. Chamar de charlatanismo foi meio pesado, Paulo. Ainda que haja, na sua opinião, incorreções, a réplica deveria ser feita sem acusações quanto a índole dos estudantes, autores… Digo isso, porque costumo acompanhar seus textos….e, como tricolor, fiquei um pouco envergonhado da forma como a crítica foi feita. De…

    1. Paulo-Roberto Andel: Vergonha é distorcer a declaração de uma pessoa, tratá-la como uma completa imbecil em sua área de atividade, censurar seu nome e, para piorar, expor fatos que dizem respeito UNICAMENTE À SUA VIDA PRIVADA, tais como seu local de emprego, tornando o material público sob a forma de publicação acadêmica. Vergonha, não: má-fé! Mau-caratismo. Tratar um assunto como a FlaPre$$, que vem de um processo de décadas, a partir da investigação da audiência e exposição de um mês é, na minha modesta opinião, charlatanismo intelectual.

  3. Perfeito “difícil mas não impossivel”, esse é o mantra que devemos levar até terminarem os 3 jogos.

    Mais uma “tentativa” de explicar que não existe a frapress…risível!!

    ST!

  4. Andel, com o coração apertado, é muito bom ler palavras de esperança! Muito bom mesmo!
    Valeu amigo!
    Abs e ST

  5. grande Paulo,

    prosseguimos na luta contra a pseudoimpren$a e sua máquina de distorção/desinformação/mi(s)tificação. E, a margem de cassandras e carpideiras, a manter nossa crença – apaixonada – no Fluminense Football Club.

    “eles passarão /eu passarinho!”.

    forte abraço e ST !

  6. Caro Andel,
    Sempre leio suas crônicas e admiro seu otimismo.
    Assitirei ao jogo no domingo com os nervos à flor da pele e o peito cheio de esperança.
    Está muito difícil!
    Independente do desfecho, a diretoria tem que ser cobrada a partir de segunda! Éramos os campeões brasileiros!
    Triste realidade.

    E a semana não passa…

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