Queimemos o sofá! (por Zeh Augusto Catalano)

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Foram 395 pagantes num jogo de futebol disputado às 22h, numa noite chuvosa em Volta Redonda, com transmissão ao vivo para todo o estado.

Público nada surpreendente para um jogo nessas condições. Só que em campo estava o mais querido. Crise no futebol! Debates acalorados sobre o fenômeno dos estádios vazios. Na rádio CBN, Alvaro Oliveira Filho culpa a Federação (!) pelo fracasso de público.

Muitos que o ouvem não sabem, mas ele está queimando o sofá de casa, como na velha historinha sobre o marido que encontra a mulher utilizando esse móvel ao voltar inadvertidamente pra casa. Quem define os horários dos jogos é a emissora que os transmite. Coisa comum mundo afora, por sinal. Só que, ao contrário do que acontece no Brasil, os horários das partidas de campeonatos inglês, alemão, espanhol são os mais loucos, tudo para que se possa transmitir o maior número de partidas possível. Não raro, pode-se sentar num sábado de manhã e assistir a 3 jogos de campeonato inglês seguidos. Acontecem jogos domingos e segundas. Ou seja, o torcedor pode ir ao estádio ver seu time e assistir a vários outros jogos em sua casa.

Aqui, não. Dois horários, “n” partidas simultâneas. O famoso pay-per-view brasileiro é na verdade um pay-not-to-view, pois paga-se por algo que não é possível receber. A menos, claro, que você tenha cinco TVs na sua sala. Só assim você verá vários jogos de um campeonato brasileiro, por exemplo. Pois mesmo sendo multimilionário e tendo jatinho e helicóptero à sua disposição, não vai dar pra ver muita coisa não…

Os horários são, então, duplamente perniciosos.

Pela simultaneidade dos jogos, você perde muita coisa. Ou seja, quem ama futebol e passaria horas na frente da TV, não consegue ficar. Não no futebol brasileiro.

Claro, não estou considerando os VTs. Se o replay, segundo Nelson Rodrigues, é burro, o que dizer de um VT?

Por outro lado, o horário absoluto imposto pela TV, especialmente este de 10 da noite, é criminoso com o torcedor. Quem é mais velho viu jogos as 8:45, 9h, 9:15, 9:20, 9:30, 9:40, 9:45… até chegar às 22h de hoje. Se o jogo acabar pontualmente 15 pra meia-noite, na melhor das hipóteses, você voltará amanhã do jogo de ontem. Fui uma vez assistir a um Vasco x Botafogo às 10 da noite. Foi para pênaltis. Saí do Maracanã com minha mulher 0h40. Chegamos em casa às 15 pras duas da madrugada. Acordei as 7 da matina. Vira tortura.

Quem define isso não gosta de futebol. Está se lixando para a hora em que eu ou você vamos entrar em casa. Não quer é atrapalhar a novela.

Aliás, acho que não está longe o dia em que os jogos serão trazidos de volta para as 20h. As novelas estão piorando tanto e ganhando um conteúdo(!) erótico tão pesado que não me espantarei que decidam trazer o futebol para antes da novela das 10, das 11…

Por último segue sendo fundamental a união dos três grandes contra o “flamenglobopólio” das transmissões. De todas as desgraças modernas que o futebol vem nos oferecendo, esta é a mais ameaçadora. Como convencer seu filho de que o time dele é importante se só passa jogo do favorito?

– Chegando essa hora, bandido? Onde é que você se meteu?
– Não, amor, não é nada disso que você está pensando. Eu estava no Maracanã!
– Até essa hora, mentiroso, sem vergonha! Conta outra!

Melhor juntar os trapos com mulher que goste de futebol…

Abraços.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Foto: idiomadabola.com

2 Comments

  1. O problema é que toda vez que passa um jogo do Fluminense, o resultado é ruim. Vide domingo contra o Duque de Caxias e o anterior contra o Botafogo. Nós desperdiçamos as chances. ST

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