Quando o caso é reforçar (por Felipe Fleury)

felipe fleury green 2016

Após a pífia atuação contra o Ypiranga/RS, Levir disse mais ou menos o seguinte: “A responsabilidade é minha. Eu peço uma coisa, mas eles não cumprem. Amanhã conversarei com o Presidente e resolveremos”.

Não precisou ser mais direto. Estava claro que pretendia pôr à disposição seu cargo de treinador no clube. Para a nossa sorte, Levir permanece no Fluminense.

Uma mudança no comando técnico, no atual e conturbado momento tricolor, – mais uma no ano – serviria apenas para retardar ainda mais os progressos de uma equipe que, desde o começo da temporada, mas involuiu do que evoluiu tecnicamente.

Levir não sairia por incapacidade profissional como seus antecessores, afinal todos conhecemos seus méritos, mas por uma estranha dificuldade de comunicação, de fazer-se ouvir.

Eu acreditaria nessa suposta dificuldade se Levir fosse daqueles que transmitem seus conhecimentos aos jogadores como se estivesse dando aula num curso de mestrado. A sua fala simples, seu jeito simples, porém, não indicam, minimamente, que não possa ser entendido pelos destinatários de suas determinações.

Logo após a partida contra a equipe gaúcha, ainda sob o calor da emoção, tratei o fato como uma sabotagem. Talvez tenha exagerado, mas certamente a ausência de sintonia entre comandante e comandados possui motivação subjetiva e passa necessariamente pela desmotivação do grupo.

Há a justificativa da mediocridade da equipe, mas mesmo jogadores medíocres correm e se doam dentro de campo e não é isso que se vê no Fluminense desde a conquista da Primeira Liga.

Fred faz falta como um líder e motivador, mas a Liga foi conquistada sem ele. Então, o que há?

Os jogos em Volta Redonda, as constantes mudanças na equipe, a personalidade do treinador podem ser motivos, assim como outros que desconheço, mas nada disso justifica essa espécie de motim denunciado por Levir.

Ao que parece, alguns jogadores desse grupo não perderam o ranço de tempos não tão distantes assim, quando demonstravam suas insatisfações pessoais no campo de jogo, prejudicando sobremaneira os interesses do Fluminense por questiúnculas particulares normalmente de cunho financeiro.

Essa desmotivação coletiva pode não ter a contundência de uma sabotagem, mas não deixa de ser um desrespeito ao próprio treinador, ao clube e à torcida.

Como funcionários do Fluminense, pagos em dia, a motivação deveria ser obrigatória. Mas, se o fato de vestirem a camisa de um dos maiores clubes do Brasil não serve de fator motivador, cabe ao Departamento de Futebol Tricolor identificar e coibir qualquer ação que vise ao prejuízo dos interesses do Fluminense.

Para tanto só é preciso pulso, rigor nas ações, clareza ao expor as regras: disciplina.

Levir identificou, mas não expôs publicamente o problema. Está no Flu, mas com as malas prontas.

Contra o Vitória, saberemos se a repercussão de suas declarações, a conversa com o Presidente, a pressão da torcida terão surtido algum efeito no moral dos jogadores. Se tudo continuar como está, teremos a certeza de que o que se passa dentro das quatro linhas não poderá ser mudado por nenhum treinador, pois transcende o seu poder e, quem tem atribuição para dar a solução, definitivamente não se interessa em resolver o problema.

Com a saída de Fred, Levir, é a estrela da companhia. Sem ele, o que já está ruim ficará pior. Para o bem do Fluminense, que todos entendam isso e se irmanem num único propósito: tornar o time novamente vencedor.

E reforços são imprescindíveis. Para ontem.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: lac

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