O Fluminense pode voltar a ser protagonista (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, já faz um tempo que não conseguia escrever sem estar puto com o Fluminense. Seja por uma coisa ou por outra, fato é que a última década não tem sido gentil com a nossa torcida, na qual me incluo, e tem sido difícil sorrir por muito tempo ao pensar no momento do time. Todavia, o resultado do sábado foi um sopro de ar fresco em muitos sentidos. Primeiro, porque tínhamos incertezas em várias posições, mas que começam a se consolidar como reais opções para a equipe, casos claros de David Braz e Marlon, por exemplo. Aliás, este último não é nenhuma sumidade, mas já deixou sua assistência, mesmo com pouca utilização até aqui. Segundo, porque mostrou algo muito importante: o quanto nossa base é qualificada e, quando é feito um trabalho de transição decente com ela, resolve. Ontem, Marcos Felipe, André, Martinelli, Luiz Henrique e John Kennedy foram utilizados em algum momento, seja como titulares ou reservas. Mas podia ser melhor.

Das demais opções já incorporadas ao elenco principal, Gabriel Teixeira está lesionado, Calegari estava no banco, mas há outros nomes que já deveriam ter sido trazidos da base, jogadores que vocês já cansaram de ver serem citados aqui. Com eles, nossas ambições seriam outras. Essa vitória santa sobre a Dissidência mostrou que, apesar do dinheiro mandar no futebol, ele não é tudo. Num ano com tantos erros e propensões a críticas como esse de 2021, o Fluminense teve o seu melhor retrospecto da história em Fla x Flus. Na Copa do Brasil, foi eliminado para possivelmente o melhor time do Brasil, virtual campeão brasileiro, o Atlético-MG. Na Libertadores, poderíamos ter ido mais longe, e iríamos se não fosse um protótipo de treinador que nos fez perder cinco meses e quase a temporada inteira a rebote. No Carioca, fomos finalistas. Isso tudo com muito menos dinheiro que o resto. Isso só mostra que, se as prioridades forem outras, o Fluminense pode voltar a ser protagonista mais rápido do que pensamos.

Se a campanha até aqui não inspira os grandes times e conquistas de outrora, ela demonstra que o Flu não está tão atrás assim do resto da turma, a ponto de eu não entender a surpresa que causamos em alguns pelo fato de estarmos disputando ponto a ponto uma vaga na Libertadores do ano que vem. Mas só manteremos essa subida, derrotando Santos, Ceará e Sport se o que está dando certo for mantido e o que está dando errado for trocado. Marcão teve muito mérito na troca de Caio Paulista por Martinelli no último jogo, pois foi ela que nos devolveu à partida em um momento em que éramos pressionados, mas não pode ter sido uma leitura isolada. Precisamos de um comandante que saiba o que fazer, quando fazer e contra quem fazer. Atualmente, o que mais temos de errado nem é o time titular, é o banco, que carece demais de mais qualidade.

Usamos três volantes quase o tempo todo, mas Wellington continua sendo uma opção possível. Precisamos de Wallace integrado aos profissionais pra ontem. Há jogadores no sub-20 melhores que Gustavo Apis e Lucca, sem mencionar a demora em trazer e testar Luan Freitas, que já poderia ter estreado durante essa dança dos zagueiros que tivemos recentemente. Continuamos sem reserva para Marlon. Qual é a dificuldade de dar uma chance a Marcos Pedro como suplente? Na direita, Samuel Xavier ainda não me convenceu. Calegari estava melhor que ele quando foi novamente barrado, mas Marcão já voltou a utilizá-lo como volante. Se é assim, por que não trazer outro menino para compor o banco? Justen e Johnny estão aí, querendo jogo. Matheus Martins é outro que já poderia ter voltado a receber chances. Enquanto Ganso não volta, a nossa carência de meias de criação para jogos mais complicados continua existindo. Por fim, John Kennedy não pode voltar a ser banco. É titular absoluto.

Enfim, hoje nosso campeonato é olhar para cima. Se o Fluminense vencer o Santos, entra no G6 e vai ser difícil nos tirar de lá. Disputar a Libertadores dois anos seguidos pode não parecer nada demais, mas faz bastante tempo que não conseguimos esse feito. Com a torcida de volta aos estádios, a pressão por um time mais competitivo aumenta. Sem entrar no mérito de se vai ser ano eleitoral ou não, 2022 precisa ser um ano de conquistas para nós. Não aguentamos mais falar de G isso, G aquilo, e não tratar de títulos. Ganhar Fla x Flu é bom, mas também é normal. No longo prazo, não adianta surrá-los várias vezes e perder uma final pra eles. Aliás, é exatamente esse o argumento que normalmente utilizamos quando queremos sacaneá-los, logo, não podemos ser hipócritas. O Fluminense precisa de inteligência para driblar a diferença financeira e real vontade dos gestores de querer “correr para chegar” se quiser que o próximo ano não seja um repeteco deste que está acabando. As arquibancadas cobrarão.

Curtas:

– Parece que o Fluminense acertou com David Duarte, vencendo o “leilão” pelo jogador. Pelo salário que foi anunciado, de R$ 250.000, provavelmente vem para substituir algum dos medalhões ou, talvez, Nino. Nosso zagueiro se destacou na seleção olímpica e é até compreensível que seja a bola da vez para ser vendido. Será uma grande perda, mas só os valores da negociação dirão o tamanho real dela. Vamos ver.

– Aparentemente, Pedro lesionou o joelho. Estou inconsolável com essa notícia. Acho que alguém devia aconselhá-lo a processar o Flamengo por acidente de trabalho.

– Ainda no assunto “problemas físicos”, Diego Alves recuperou-se das cãibras que o assolavam constantemente. Não teve uma parada sequer para atendimento ao arqueiro. Parabéns ao Departamento Médico da Gávea.

– Alguém pode me dizer se o VAR teve algum problema técnico no jogo de sábado?

– Não, não cansei de sacaneá-los pela derrota. Perderam seis pontos pro Fluminense e a chance de título brasileiro esse ano. Chupem.

– Palpite para a próxima partida: Santos 0 x 2 Fluminense.

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