Programa de índio (por Paulo-Roberto Andel)

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Fico pensando nos garotos de oito ou nove anos e suas visões infantis frente à tela da televisão HD, espiando esse jogo modorrento que não simboliza a tradição de um clássico Fluminense versus Vasco.

Como fazer com que os torcedores mirins se apaixonem de casa por um jogo disputado num gramado careca, num estádio parcialmente interditado de pouquíssimo público, sem grandes estrelas em evidência, dirigido por um ex-árbitro índio em atividade, numa verdadeira pelada em ritmo de veteranos, carente de técnica, plástica, tudo?

No pouquíssimo a comentar deste jogo, um primeiro tempo de doer, chato daqueles que, para os torcedores no sofá, deve ter causado roncos. No segundo, o Vasco foi menos pior porque, ao menos, colocou suas visíveis limitações técnicas a serviço do ataque com moderada velocidade. E por tentar, conseguiu a ridícula jogada que proporcionou o gol de pênalti no terço final da etapa, onde fez seu placar e não foi incomodado. De clássico, apenas as camisas dos times e alguns maníacos das duas torcidas a vibrar. No bojo, uma partida digna da decadência deste Roubinho 2015. No fim do jogo, já com as (más) substituições feitas e Rafinha expulso, a certeza de que o Tricolor não reagiria nem que a pelada durasse três dias.

Longe de ver o Fluminense em terra arrasada, não dá para aliviar a pior partida do ano até aqui. Lento, burocrático, previsível. Parecia a Seleção 2014, com Fred completamente isolado e oprimido pela forte marcação, sem que os companheiros se aproximassem ou lhe dessem um mísero passe. Na defesa, a exclusão de João Filipe não minorou o caos. Sem o brilho de Wellington Silva, tudo foi moroso, xaroposo. Tamanha gama de equívocos não poderia ser premiada sequer com um empate. Não houve sobreviventes do bom futebol.

Queria falar de Cristóvão, mas é absolutamente inútil escrever todos os palavrões. Fica para outra hora.

O Fluminense continua a não ser uma porcaria com a derrota, como não era nenhuma maravilha com as vitórias. É um time em formação. Cheio de defeitos a corrigir nas quatro linhas e à beira do campo. Cheio.

Arbitragem. Ressuscitaram Índio com toda a sua vocacão trash. Marcações erradas, invertidas, paralisações sem descontos.

Antes do jogo? Cem presos, agressões, bombas, porradas, o público abortando o comparecimento (com toda razão), a apoteose da mediocridade, a terrível morte do baixista Renato Rocha, o Negrete da Legião Urbana – vamos celebrar a estupidez humana.

Eurico é o bom, Eurico é o máximo. Ele defende o Vasco, nem que seja para fazer de um grande clássico uma pelada de fim de churrasco. Só faltou convencer os vascaínos disso, uma vez que a presença do torcedor cruz-maltino foi (novamente) pífia nas arquibancadas. Atemorizados pelo clima de guerra, os tricolores passaram longe do Engenho de Dentro.

Há vinte e cinco anos, o futebol lotava o Maracanã e a Legião, o Jockey Club. Renato Russo se calou, Negrete partiu depois de longa agonia. Hoje, os garotos de oito anos ficam com os olhos arregalados à tela, sem entender direito o que se passa num clássico – e talvez até seja melhor assim.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

#SejasóciodoFlu

Copa

4 Comments

  1. A programação semanal de treinos do Fluminense é um acinte. Desse jeito não dá para avaliar a real capacidade técnica dos novos contratados.Vemos o Corinthians treinando forte. Pq essa moleza aqui ?Não sei se tem como causa a incompetência da comissão técnica ou resistência do grupo quanto a implantar programação rígida e profissional. Rachão , a tradicional pelada , não condiz com uma preparação de equipe profissional.Alguém acredita q Cristóvão irá liderar o time em uma conquista

  2. Apesar de todos os erros do árbitro,ele viu algo que a nossa comissão tecnica se recusa a enxergar : “que molecada morta essa, heim”,disse ele para o Fred.
    Foi o único acerto desse péssimo juiz ,na partida.

  3. Estou decepcionado com a apresentação do nosso time, o Vasco com o incentivo de seu presidente, jogou como se fosse uma final e o nosso time já acostumado a vergonhosas partidas jogou apenas um jogo de final do churrasco como escreveste. Perdemos o jogo de juniores, perdemos e apanhamos no profissional e ainda demos dinheiro para o Eurico, é o fim da picada. Precisamos de um time de homens que entre em campo com vontade, atitude que não ocorreu e as vezes não ocorre neste time.
    Abraços.

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