Pro Seu Limão (por Paulo-Roberto Andel)

Este é um bilhete para o Seu Limão ler onde puder ou estiver. Os amigos desta casa também. Ou qualquer outra coisa.

Foram três anos de luta diária. Divulgação, gravação, direção, propagação. Muito provavelmente, você que nos lê chegou até aqui por conta do trabalho dele.

Estivemos juntos em praticamente todas as segundas-feiras de julho de 2012 até julho de 2015. Mais de 150 programas do PANORAMA. Outros tantos jogos do Flu. E chopes e sambas.

Invariavelmente após as gravações íamos a um bar das redondezas. Passamos pela Cinelândia, Botafogo, Jardim Botânico, Tijuca e, mais recentemente, Cruz Vermelha. E então falávamos sobre deliciosas bobagens de um Rio e um Brasil que já não existem mais.

Eu adorava sacaneá-lo com os enquadramentos só para vê-lo resmungar. Ria muito. Eu não tinha noção de que ele tinha idade para ser meu pai, ao contrário de praticamente todas as pessoas de mais idade que conheço. Era meu amigo daqui e pronto. As pessoas não têm ideia de como gravar nosso programa de TV era divertido com as câmeras desligadas no intervalo.

Provavelmente ele aprendeu algumas coisas conosco, bem menos do que as que ensinou: a elegância, o humor sutil, a crítica a um Brasil que anda todo errado, as experiências no exterior.

Cético quanto ao futebol, virou um tricolor apaixonado, com direito a batizado no Bar dos Esportes e muito pó de arroz.

Hoje, perdemos um amigo por aqui, na inevitável trilha sonora da vida: caótica, injusta, torta e, por isso mesmo, humana demais. Ele merecia ter visto o Paulo Victor. Não deu tempo.

Descrever a perda de um amigo é impossível, qualquer que seja o escrito ou o talento do escriba. A única coisa que sei é que o domingo ensolarado perdeu completamente o sentido.

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Na porta do hospital havia uma pilha de pedras, talvez simbolizando a dureza, a aspereza do momento. Acima, o verde da natureza, da esperança, aquela onde sempre existe um caminho quando tudo está perdido.

A história não acaba por aqui. Eu havia decidido parar de escrever livros sobre o Fluminense, apenas publicando os inéditos já prontos. Terei que mudar os planos. É a única maneira de homenagear o Seu Limão como ele merece.

Se a vida às vezes nos prega estes socos no queixo, vamos levantar e lutar de novo. É o que resta, no melhor estilo João Saldanha: “Vida que segue”.

O PANORAMA deu certo por sua causa, Seu Limão. Obrigado por tudo. Você está por perto, sabemos disso.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra

3 Comments

  1. Ele sempre fez a diferença por onde passou. Meu eterno cunhado. Deixou para todos os seus Abreijos

  2. Belo texto, Andel! Meus mais do que sinceros pêsames, a toda família Caldeira!
    ST

  3. Triste notícia. Meus pêsames a todos do panorama em especial ao Caldeira, desejo que Deus conforte seus corações. Abraço a todos!

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