Por que sou sócia-futebol? (por Crys Bruno)

Mais-Linda-do-Mundo-Foto-Nelson-Perez-Fluminense-FC

Oi, pessoal.

Não repreendo nenhum torcedor do Fluminense que não seja sócio-futebol. Nenhum. Julgar as razões, as prioridades e sobre elas o real sentimento de outrem, me soa leviano. Mas, eu sou.

Não sou mais tricolor que você que não é sócio, no entanto, não jogo dinheiro fora nem faço por “caridade” ou para “dar grana para esses dirigentes incompetentes e safados” ou “para pagar salário desses jogadores mercenários” e teorias do tipo.

Eu dou R$ 34,90 mensalmente ao Fluminense. Não é para Peter Siemsen, Flusócio (aliás, nunca vi a cara dessa galera. “Quem é? De onde vem? Como vivem?”. Também não sou sócia para ter jogador, pagar salário de A, B, nem dívida fiscal, trabalhista, porque cabe à diretoria viabilizar o clube, não ao torcedor.

Peter, Flusócio, ex-patrocinador, Jackson “Isso”, Sandro “Aquilo”, Alcides “Aquele outro”, Fred, Conca… Essa gente não é o Fluminense. São meros passageiros de uma “nave especial” em busca de passageira sensação de poder e importância, cuja maioria joga fora a chance de marcar seu nome na história do clube, que é o sujeito infinito, porque somos nós, é nossa paixão de torcedor, o que sustenta tudo isso.

Esse valor é para esse sujeito infinito, o Fluminense: minha “nave especial”. Não é caridade ser sócia-futebol dele por uma simples razão: caridade é um ato magnânimo que consiste no desinteresse, em não desejar nada em troca, no desprendimento. Não é o caso.

Embora morando fora do Brasil há praticamente quatro anos, também não me refiro às vantagens como compra de ingresso, descontos em supermercados, isso e aquilo, como se ser sócio-futebol do seu clube fosse comprar um vale… Não está aí meu interesse.

Eu sou sócia-futebol e dou esse valor mensal ao Fluminense porque o Fluminense é parte de mim, um membro, organismo, um sentimento; companheiro constante da minha história de vida e, por isso, imagem e espelho da minha personalidade: não há quem me conheça que não veja o também o Fluminense ao me ver.

Sou sócia porque, além de caber no meu bolso, o Fluminense me faz viver algo real e genuíno – essa raridade nos dias atuais – com intensidade, com vida, com humanidade: a paixão, a angústia, o perdão, a impulsividade, a ira, o medo, a cumplicidade, o companheirismo, o êxtase. E isso tudo ao seu lado, sabendo que, junto a mim, mais outros nove milhões de desconhecidos sentem igualmente o mesmo.

Sou sócia-futebol pelo meu lar que se irradia de alegria quando o Fluminense vence; sou sócia pela Maria, a Joana, o João, o José, o Antônio, a Antônia… Sou sócia por você, torcedor do Fluminense.

Sou sócia porque preservar o Fluminense é honrar minhas origens, costumes, cultura, terra, solo, lar.

Não me espanto com a mentalidade tacanha de muitos de nós, brasileiros, em ver um torcedor associado como um fanático, imbecil. No berço do futebol, a Europa, eu sou vista como a cidadã consciente e leal à sua própria identidade. O clube de futebol aqui é como um filho a quem devemos apoiar incondicionalmente porque carrega, nele, nós.

Não é a toa que os campeonatos das segunda e terceira divisões de países como a Inglaterra e Alemanha têm seus jogos SEMPRE com casa cheia e média de público superiores aos campeonatos do Brasil e da Rússia, dois dos países mais populosos do planeta. Nós, brasileiros, que somos tão metidos em sermos os melhores, nem com o vexatório 7×1, nos propomos a nos reinventar e ressurgir.

Sem querer fazer autobiografia, apenas para ilustrar, eu tive a oportunidade de viver dois anos na Inglaterra e o restante em Portugal, até agora. Em contato com torcedores que NUNCA viram seus times erguer uma taça sequer (conheci torcedores do Tottenham, Crystal Palace, Newcastle), se eu dissesse que não era sócia do meu clube, seria mal vista.

Sobre o fraco e sistêmico futebol português, Benfica e Porto figuram entre os maiores detentores de sócios do mundo. Isso num país menor que o Estado do Rio de Janeiro – Portugal tem pouco mais de dez milhões e seiscentos habitantes. Ademais, vale registrar: sua população nunca foi nem é abastada financeiramente como os ingleses, alemães, franceses, italianos…

O Sporting, clube da infância do meu pai, não conquista um campeonato desde 2002, perdeu o “antagonismo” para o Porto, segunda maior força, e ainda assim tem mais de noventa mil sócio-torcedores! Número que os clubes brasileiros penam para atingir. O Fluminense, campeão brasileiro DUAS VEZES em cinco anos, mal consegue chegar a trinta mil.

Na mentalidade brazuca do “levar vantagem”, eu sou a otária. Na mentalidade de um torcedor europeu, eu sou leal. Fico com a cultura europeia porque só assim eles mantiveram suas identidades. Ao lado desses torcedores europeus, eu sou privilegiada. Eu vi o Fluminense ser campeão várias vezes, mesmo sendo da geração anos noventa…. Como desejei poder ser sócia para não ver o Fluminense humilhado daquele jeito!

Por isso, o meu interesse é único, imaterial, rico: repetir esses momentos, esses sentimentos, viver o que ainda há de verdadeiro no futebol brasileiro: a paixão do torcedor. O estádio lotado por nossa torcida, bandeiras ao vento tremulando nossa resistência, força, cumplicidade; repetir momentos de alegria e glórias. Não, não faço caridade. Nem jogo dinheiro fora.

O resto é mediocridade, manipulações, trambiques, corrida ao pote de ouro. Não irei me intoxicar dessa gente, passageiros de poderes e importâncias passageiras, que preferem a grana ao prestígio. Não. O Fluminense está entranhado em minhas veias e ajuda a espalhar sangue, oxigênio e amor por todo meu ser. Ele sucumbir, algo em mim sucumbirá, se perderá, morrerá. Sou sócia-futebol apenas para impedir que isso aconteça.

Seja sócio-futebol por nós também.

—–

Toques rápidos

Eu não acredito que Cristóvão irá escalar Fred e Walter juntos! Nem os ingleses usam dois centroavantes. Fred e Walter tornam o ataque imóvel. Lucas Gomes vai barrar Marlone porque é mais ágil para voltar na marcação? Eu não acredito nisso! Já não bastam as dificuldades externas, ainda temos que lutar contra quem deve fazer o clube andar bem.

A FFERJ de Rubinho e Eurico Miranda já começou a atirar no Fluminense. Eurico sabe que o Vasco perdeu espaço como “o antagonista” do Flamengo, o que é fundamental em termos de mídia e atração.

A diretoria “blasé” do Fluminense age como se estivesse num país de leis e instituições sólidas, age como se o Fluminense fosse da Suíça. Não somos. Somos e estamos numa realidade mafiosa. Reagir ao factoide gerado por esse senhor cruz-maltino e seu assecla que preside a FFERJ é o mínimo que se espera de homens que respondem pelo Fluminense.

A nota oficial do clube ( http://www.fluminense.com.br/site/futebol/2015/01/27/falou-ta-falado/) soou irônica e bem feita. Citou Chico Buarque, nos tempos da ditadura (que não o sustentava), na canção “Apesar de você.” Só faltou mencionar outra, que serviria a torcida do Fluminense como um mantra, desde 1986: “afasta de mim esse cálice”.

Já que não pode nem se deve boicotar o Carioca, por causa da história, da CBF, da FIFA, dos raios que nos partam e, especialmente, da Rede Globo, uma das raras fontes de receita dos clubes, procure a mesma e peticione a favor do espetáculo: o Fluminense deve jogar no Maracanã, a sua casa.

——

Por fim, Dario Conca falou

Em entrevista a Sportv, Conca explicou sua escolha, afirmando que vai novamente para a China por não sentir firmeza no projeto e disparou dois disparates, denotando uma personalidade passiva, permissiva e ignóbil. Foi frio e despreparado, ignorando o tempo todo a importância que ele representa a milhões de pessoas:

“Celso, você que decide o que vai fazer, não eu” – contou o meia, demonstrando clara posição de jogador da ex-patrocinadora e nenhum apontamento com relação ao clube da torcida que o idolatra. Para piorar, foi sincero, bem que se diga, e confessou: “Começaram a surgir propostas (como a do maior rival) e entreguei nas mãos do meu advogado porque é ele que sabe o que é melhor para mim”.

Em nenhum momento, Conca dirigiu-se à torcida que cantava seu nome.

Completamente sem noção.

Da próxima vez, continue calado, Dario.

—–

A propósito…

O presidente Peter Siemsen agora reside nos EUA? Seu comportamento, presidente, evasivo e instável, tem sido um grande equívoco. Lamentável.

—–

Domingo tem estreia no Carioca

A estreia de 2015. Alô, Volta Redonda!!! Ao Raulino de Oliveira! Quer “vigança” melhor que fazer o Rubinho entregar ao Fluminense a Taça do seu famigerado e viciado campeonato?

Vamos pra cima, Fluzão!

—–

Não sejam tacanhos: LUTEM PARA FICAR COM O CÍCERO!

Abraços fraternos e até quarta que vem.

#SejaSocioDoFlu

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Foto: Nelson Perez / Fluminense F.C.

2014 copa

11 Comments

  1. Crys, Zen-za-zio-nal!

    Sucesso aí!

    Bju com enorme carinho e
    Saudações Tricolores

  2. Ola Crys.

    Com a devida Vênia, compartilhei seu texto lá no João Garcez, espero que não se importe. Você refletiu justamente o que sinto por ser sócio. Me associei na ocasião do lusagate, devido ao ataque da imprensa, que me revoltava naqueles dias. Quando chutavam o FLU daquela forma era como se estivessem fazendo aquilo comigo, com alguém da minha família.
    Parabéns pelo texto.

  3. Texto maravilhoso, pois você colocou em palavras o que não consigo fazer para levar meus amigos tricolores a se associarem. Apesar de não morar no RJ e possuir 3 cadeiras cativas no Maracanã, me associei pelos mesmos motivos seus. Á propósito, fiquei maravilhado no início de janeiro, quando fui até o sul de Londres assistir a um jogo do Crystal Palace, pois só podiam comprar ingressos os “members”, já que a capacidade do estádio de 26.000 pessoas não permite a venda para outras pessoas de…

  4. Ótimo texto !!! Parabéns … Moro em Curitiba desde 1995 e sou sócio futebol … abs

  5. Boa tarde cara torcedora.
    Parabéns!!
    Você deixou-se mostrar por inteira o que é o seu amor ao Fluminense. Sua palavras são a essência da alma tricolor. Eu como sócio-futebol 000482, isto é, me assossiei o primeiro dia deste novo projeto, comungo do seu sentimento. O Flu é minha vida, faz parte da minha história. No bairro onde moro, tenho o pseudônimo de “Tricolor” atrelado ao nome de batismo.
    Por fim meu sentimento mais puro é: “PQP, vai escrever bem assim lá no…

  6. Prezada autora, por acaso, procurando notícias do meu querido Fluminense, cai aqui no seu Blog, e achei o seu texto irretocável, perfeito. Me tornarei sócio torcedor por causa das suas palavras.

    Obrigado e parabéns pela clareza e emoção com que escreve.

  7. Belíssimos textos……com sua permissão…..assino em baixo.

    O Denilson já foi……e restante parece que vai em breve, triste.

    ST

  8. Muito bom Cris, sou socio torcedor porque sou FLUMINENSE. E como Tricolor, tenho que sustentar a paixao que vivo por este clube maravilhoso que e parte de mim e sendo assim R$ 35,00 pelo preco da minha paixao…ta de graca. Amo o FLU como amo um ser vivo, e como voce bem disse , nao importa quem esta de passagem, o que importa e o meu FLU eterno.
    ST4,
    Marcio Ezequiel

    1. Olá Marcio! A gente sabe que isso é um ato de preservação da nossa identidade. Não importa as pessoas envolvidas, os negócios e gestão mal feitos. A célula que não pode sucumbir é o Fluminense, ou seja, a gente, nossa torcida.
      Obrigada pela leitura e seus comentários.
      ST

  9. belas palavras, Crys! Agora o que se fala, é passar nos cobres uma geração q surge de 30/30 anos por conta d penhoras.., catso! Resolveu judicializar a questão e arrega?! Grande adevogado (sic) que mais parece Amyr Klink. Vende Gerson e Kenedy agora, daqui 6 meses, vende Marlon e Marcos Felipe e assim seguiremos prorrogando, a perder de vista, o contrato com o Fred… Depois é a torcida que é bipolar, me poupem. Definitivamente, o FFC não gosta de dinheiro, mas sigo sócio, eu, a muié e o filho

    1. Obrigada, Zalu. Pelas palavras e leitura. Que legal a sua família tricolor!! Felicidades por aí.

Comments are closed.