Polaroides do Clássico Vovô e a dor elegante (por Paulo-Roberto Andel)

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Estava sentado no sofá, louco para que meu pai dissesse que iríamos ao Maracanã. No domingo passado, o Fluminense foi monstruoso e tascou 3 a 0 no Flamengo, Rubens Galaxe deu um chutaço, Cristóvão fez um golaço, Paulo Goulart defendeu o pênalti de Zico. Então o pai sinalizou, corri pro banho e fui o garoto mais feliz do mundo até às cinco da tarde. Depois disso…

Mendonça era um cracaço. Jogou tudo que sabia e que não sabia. O Botafogo fez 3 a 0 no primeiro. No intervalo, meu pai me levou pela mão e assim encerrei a minha ida mais rápida ao Maraca. Ainda ouvimos o quarto gol no ônibus. Que massacre. Dor.

No ano seguinte, estávamos lá de novo. Perguntei a meu pai porque tinha poucos botafoguenses à direita da Tribuna de Honra, quando recebi uma resposta definitiva: “Não repare não, que eles são assim mesmo”. Doce vingança do torcedor menino: foi o Flu que meteu 3 a 0 no primeiro tempo. Claudio Adão foi o monstro dessa vez. Mendonça ficou atônito.

Desde então se passaram mais de 40 anos. Fluminense e Botafogo protagonizaram vários clássicos sensacionais, algumas poucas decisões e goleadas de arrepiar. Nós acertamos duas maravilhosas: os 7 a 1 de 1994 e os 5 a 0 de 2003, que vi com Raul. Algumas de 4, eles também.

Agora, a disputa mais estranha de todas foi em 1988. Eu era garoto, calouro da UERJ. Abriram o Maracanã para os dois times fazerem uma disputa de pênaltis numa quarta-feira à tarde. Era o Brasileiro, a CBF determinou que partidas empatadas tivessem a cobrança de penais para dar mais um ponto ao vencedor. Flu e Bota estrearam na competição com um empate, mas se recusaram a bater os pênaltis após a partida – e tiveram que fazê-lo semanas depois. Uns três mil botafoguenses e uns trezentos tricolores, vencemos de virada. Ricardo Pinto pegou alguns, mas estranho mesmo foi ver o Deley fazendo gol na gente. Saí do Maracanã feliz, fui para a UERJ, lanchei meu pão com ovo e salada e esperei a aula.

Hoje tem decisão de vaga, não de título. O Fluminense de 2022 é bem diferente do século XX. Tudo é muito diferente. E dói.

Sigamos, pois, o mestre Paulo Leminski:

DOR ELEGANTE

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Andasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

3 Comments

  1. Domingo de Futebol
    Domingo de “Clássico Vovô ”
    Tem Maraca
    Tem BotaFlu
    Tem o sofrer foguense
    Tem a alegria do neennennnsseee
    Tem ,
    tem também
    ” aves que aqui gorjeiam…
    …que não gorjeiam como lá ”
    Hoje neste Domingo de Futebol
    quem vencerá?
    Não sei , não sabemos ,
    Pode dar Botafogo.
    Pode ganhar meu Fluminense .
    Porém existe um” Dia diferente ”

    Dia 30 dia do jogo maior
    Dia da Eleição para Presidente do nosso Brasil
    O Povo brasileiro elegerá
    Lula 3×1 Capitão Corona
    E o Maracanã inteiro palmas baterá!

    Ps :Capitão Corona é o apelido que meu querido.amigo.Trajano deu pra Bolsonaro.

  2. Viva vivendo
    BotaFlu acontecendo
    :”-O que posso fazer se meu torcer é sofrer”
    diz um Foguense amigo!
    Eu, sinto cá comigo
    – que Domingo lindo ,
    feliz Neennsseeee de sol
    Verde ,Branco e Grená
    Vamos ganhar!

    Thereza Bulhões .

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