Pílulas tricolores antes do jogo (por Paulo-Roberto Andel)

O Fluminense de Roger era uma coisa tão devastada e pré-derrotada que bastou um empate razoável contra o Atlético, esse mesmo de logo mais e líder do Brasileirão, para que parte da torcida suspirasse como se tudo tivesse mudado para o paraíso.

Longe disso, longe mesmo.

Aí, para variar, surgiu um culpado. É certo que o chute de Gabriel foi bisonho. Mais certo ainda é que nenhum jogador tem direito de afrontar a torcida, ok. Só que esse jogo no máximo servia de fuga da zona de rebaixamento e só. A desgraça de quinta foi varrida para baixo do tapete; bastou São Fred dizer que não há tempo para lamentar e a claque toda foi atrás sem raciocinar.

Como assim? Desde o ano passado a Libertadores era tratada como o grande foco do Fluminense, ainda que não tivesse se preparado adequadamente para a competição. Admitir o fracasso não é vergonha, mas sinal de maturidade e equilíbrio.

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Nas próximas duas semanas, o que vale é a Copa do Brasil. Não dando certo, vão ter que bolar outra pantomima. Se der, vamos comemorar. Só queria dizer que o jogo de segunda-feira, se foi bem menos pior do que a sequência de partidas anteriores, não credenciou o Fluminense à disputa de título algum.

Mesmo assim, torçamos para valer e muito.

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Gostaria de lembrar à turma que odeia o Marcos Felipe algumas coisas.

Primeiro, sem ele o Flu não chegaria às quartas da Libertadores, nem à decisão do Carioca, nem à boa colocação no Brasileiro 2020. Fechou o gol na maioria dos jogos. Falhou sim, mas o saldo é extremamente positivo.

A satanização de goleiros tem sido a tônica do Fluminense desde 1988, quando demitiram Paulo Victor do clube, herói de uma geração, contestado por alguns, mas dono de alguns números no top da estatística tricolor. Hoje, Paulo é homenageado como grande goleiro multicampeão nos anos 1980, mas pouca gente se toca de que, antes de se firmar de vez no gol tricolor, ele penou em 1981 e 1982 com direto a frangos, vaias, barração, vaias.

O pessoal é muito esquecido.

Não é para passar a mão na cabeça do Marcos Felipe, mas apenas para respeitá-lo.

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Conversando com Raul, nossa fera dos sábados no PANORAMA.

O Carioquinha não vale nada, é falido, não serve de parâmetro.

Pois é, mas vamos olhar os últimos 30 anos como amostra?

Ganhamos 1995, 2002, 2005 e 2012.

O rival da Gávea ganhou 1996, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008, 2009, 2011, 2014, 2017, 2019, 2020, 2021.

Uma goleada humilhante: 14 a 4. Como pudemos ser tão ignorantes em não perceber o que estava por trás disso?

Nem vou falar de Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil para não me irritar.

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Vamos para o jogo de logo mais.

O Atlético é franco favorito à classificação.

Ao Fluminense, cabe desmantelar esse favoritismo, jogando a 220 por hora. Será?

Vamos torcer, torcer, torcer. É só o que resta.

De toda forma, com atraso de meses, a direção mudou o treinador. Isso não muda muito no cotidiano do clube, mas é certo que o Flu rendeu mais com Marcão.

Roger continua sendo uma página eterna do clube em 2007. Ajudou a levar o Fluminense de volta aos holofotes nacionais e continentais.

Como treinador, um desastre.

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O cronista, se quiser ser respeitado como tal, tem que escrever/falar o que viu, não o que gostaria de ter visto.

Cronista que se submete a caprichos de dirigentes tem mais é que ser tratado como pária.

Cronista que não assina o que escreve não é digno da profissão.

3 Comments

  1. Andel, discordo de que P. Vitor tenha falhado antes de se firmar. Quem era instável era o P. Goulart, seu antecessor, que declarou que levava gol até de bola atrasada, mas que se garantia nos penaltis. No ano de 1982, quando assumiu a titularidade, o nosso Flu fez um brasileirão pra lá de horrível, mas no final do ano ele foi eleito o goleiro do ano pelo fantástico (antigamente havia “os gols do fantástico”, no final do programa e era escolhido o gol mais belo e a defesa mais difícil e ele foi o goleiro com mais defesas difíceis em 82). Chegou a ser cotado pra copa, tendo ido como suplente…

    1. Andel

      Meu amigo, não tem como negar a história. Houve revezamento entre os dois em 1982 para que ele e Paulo Goulart não fossem vaiados sempre. O Fluminense cogitou contratar o argentino Hugo Gatti para o gol.

      Pode ser ídolo e é, dos maiores da história mas falhou e muito no começo sim. Vi muito e ao vivo. Todo mundo falha.

      PS: o Fluminense foi quinto colocado no Campeonato Brasileiro de 1982. Paulo Victor foi reserva de Carlos na Copa do México em 1986, quando já era tricampeão carioca e titular absoluto há três temporadas e meia.

      ST.

  2. Lembremos também que na conquista da Copa do Brasil de 2007, o time contava também com um goleiro muito questionado, mas que foi fundamental no título tricolor: Fernando Henrique.
    Goleiro que apelidei de muro de concreto, porque apesar de fechar o gol, rebatia todas as bolas.

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