Pequenas diferenças entre Edinho e Thiago Silva (por Paulo-Roberto Andel)

Nos últimos dias, ou semanas, ou até meses, um dos tópicos principais da torcida do Fluminense foi a volta do zagueiro Thiago Silva ao clube, que mais uma vez não se concretizou e, a julgar pela passagem do tempo, se torna cada vez mais perto da inviabilidade.

Thiago é o maior zagueiro que o clube teve no século XXI. Foi campeão da Copa do Brasil em 2007 e vice-campeão da Libertadores em 2008. A rigor, defendeu o Fluminense em três temporadas. Jogou no Flu dos 21 aos 24 anos como profissional, fazendo 14 gols em 146 jogos, com aproveitamento de 53%. Na Seleção Brasileira, esteve nas Copas de 2010, 2014, 2018 e 2022, sendo capitão do time nacional.

O vaivém dúbio das declarações de Thiago Silva na internet me chamaram atenção, até porque o contrastei com a trajetória de um de meus poucos ídolos no futebol, Edinho, frequentemente tratado por parte da torcida do Fluminense como um anti tricolor por conta de seu trabalho de comentarista no SporTV. O zagueiro trabalhou lá entre 2012 e 2019, época em que afora o tetra brasileiro e a efêmera Primeira Liga o Fluminense ficou a ver navios.

Para este cronista, Seu Pinheiro e boa parte dos garotos tricolores do fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, Edinho é o maior zagueiro da história do clube e o maior jogador formado na base tricolor. Defendeu o Fluminense como profissional em dez temporadas, dos 23 aos 29 anos e depois entre os 32 e 33 anos, num total de 360 jogos e 33 gols, com aproveitamento de 61%. Foi tricampeão carioca, campeão da Taça Teresa Herrera, do Torneio de Vina del Mar e do Torneio de Kiev. Pela Seleção, disputou as Copas de 1978, 1982 e 1986, sendo também capitão do time.

Os dois jogadores são torcedores declarados do Fluminense.

É bom que se diga: Thiago Silva não tem a menor obrigação de voltar para o Fluminense. A menor. Mas não custa lembrar a diferença de suas atitudes para com o eterno jovem zagueiro da Máquina.

Encerrado seu contrato com a italiana Udinese, Edinho voltou para o Brasil. Imediatamente se colocou à disposição do Fluminense e pediu para treinar no clube, então presidido pela figura triste de Fábio Egypto, que destruiu o time tricampeão. Semanas se passaram, Edinho corria feito um louco para mostrar serviço, até que o presidente deu a sentença: só aceitaria o craque se ele jogasse como volante. Edinho recusou, o Flamengo lhe fez uma proposta, ele avisou o Fluminense e foi ignorado. Então assinou com o clube da Gávea por apenas um ano e a ignorância popular o tratou como traidor…

Terminado o contrato, embora campeão na Gávea, Edinho preferiu voltar ao Fluminense – à essa altura, Egypto já se dera conta da besteira feita. A volta do ídolo foi registrada pelo Globoesporte e não deixa dúvidas sobre o que aconteceu.

A VOLTA DE EDINHO: CLIQUE AQUI.

Caso não jogue mais pelo Fluminense, mesmo assim Thiago Silva está na galeria de ídolos do clube, especialmente para os torcedores de 25 a 40 anos.

Mas é importante que o clube e parte de sua torcida, ambos desalinhados com a realidade factual das Laranjeiras, respeitem o lugar de Edinho no Flu. Um dos maiores craques da história tricolor, ele nunca precisou de jabás de influencers e congêneres. Venceu pelo próprio talento.

Com 21 anos, titular da Máquina, já chamava alguns dos maiores jogadores do mundo por “você”, casos de Félix, Carlos Alberto Torres e Paulo Cézar Lima.

Não há como mudar os fatos sem mentir.

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