Pensar o futuro do Flu (por Márcio Machado)

Que o atual time do Fluminense é um dos piores de todos os tempos é consensual. Dos problemas do clube todos sabemos também, mas quanto deles são estruturais do nosso futebol como um todo?

Observem que, já há alguns anos, o campeonato brasileiro é formado por um bloco pequeno à frente, que pouco muda de clubes, em geral com dinheiro de cota de televisão e/ou patrocínios (o primeiro em geral chama o segundo, ao resto cabe sobreviver fazendo times cada vez piores e se sucedendo em campanhas ridículas). Tem gente na imprensa defendendo que isso é normal, que o conceito de clube grande aqui foi constituído nos estaduais e que não cabem 12 times competitivos todo ano, o que não deixa de ser verdade.

Contudo não precisamos também de cinco ou seis equipes concentrando tudo na sua mão. O modelo brasileiro, se assim podemos chamá-lo, não funciona. Basear a cota dos clubes pela audiência de TV não dá, o modelo inglês anunciado é uma falsa solução: ao se basear em desempenho esportivo e audiência, ameniza no meio e aumenta as receitas dos preferidos, apertando ainda mais clubes como os nossos e podendo matar quem porventura caia para a série B sem o contrato anterior, cheio de dívidas, e passando a receber em torno de 10% do que recebia antes.

A remuneração dos participantes do campeonato tem de pensar no bem dessa competição, pagando mais aos piores desempenhos e contendo um teto salarial sério dos partícipes com maior potencial de receitas de marketing. Isso pressupõe uma mudança radical no modelo. Se a realidade do esporte americano não dá pra ser 100% transferida para cá, há como se adaptar situações como o rebaixamento e até mesmo os estaduais, ainda que diminuídos.

O que não dá é um clube social com guerras politicas fratricidas como as brasileiras num ambiente político que, se pudesse nos destruiria. Com todo respeito aos tricolores que põem a culpa de tudo no presidente, tirá-lo amanhã não resolve as divergências no clube, mantém a distribuição de cotas de TV desfavorável e o ambiente geral nos empurrando à condição de clube médio. Uma outra gestão altamente competente, que eu sinceramente não vejo no panorama do clube, pode melhorar o marketing e as finanças tricolores, mas não necessariamente tira a gente da disputa ali embaixo. A situação é feia e não existe milagre, salvo um mecenas riquíssimo que também não resolve problemas mais profundos do clube, salvo se prepará-lo para ser sua propriedade, algo que apoiaria e faria se eu tivesse como.

Enfim, impeachment não é milagre. Oferecer caju ao presidente é um bom desabafo, mas nada resolve. Respeito ao resultado eleitoral ajuda muito (quem duvida disso é só olhar o Vasco) e nossa realidade sempre será difícil, como por sinal sempre foi. Se não dá para sofrer contra o rebaixamento todo ano, também não é realista viver sonhando com os anos Unimed para sempre – e nem eles foram sempre tão bons.

Antes de tudo, a colaboração da nossa torcida será fundamental para nossa resistência entre os grandes do futebol brasileiro. Não se esqueçam do dia 28, por favor.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

1 Comments

  1. Boa tarde. “Mecenas riquíssimo” leia-se Banqueiro com tráfego no alto escalão econômico-financeiro do País. Olha aí o clube mais devedor do planeta hoje ser considerado “modelo de gestão”. É de doer.

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