Pedra no sapato (por Paulo-Roberto Andel)

Quando era um garoto em vias de perseguir o Fluminense para sempre, nosso adversário mais barra pesada era o Flamengo, especialmente em fins dos anos 1970. O Botafogo aporrinhava às vezes, no Vasco a gente cravava o sabre. Aí o Adão veio para o Flu, chegou o grande time tricolor dos 1980, gol de barriga e tal. A Gávea carrega mágoas.

Contra o Vasco tudo mudou em 1993, final do Carioca. Ricardo Pinto engoliu um frangão, foi defenestrado, Nei entrou na partida final e, ainda assim, o Machão foi campeão com uma cera tremenda. De lá para cá, a supremacia é deles, mesmo quando possuem times esquálidos ou até mesmo em temporadas de rebaixamento. Até hoje não me acostumei mas, em qualquer situação, o time da Colina tem sido sempre nosso adversário mais complicado – já era difícil antes, por conta do clássico em si.

Os tempos mudaram, briga pelo lado do Maracanã, casa vazia há tempos de hoje em Brasília. Bom para os torcedores de lá e também para dar utilidade ao belo Estádio Nacional, Mané Garrincha pois.

Daqui a pouco vou dar um abraço no pessoal do Rock Flu e volto. O jeito é ver em casa, na romântica solidão – quando o caso é Fluminense, ultimamente tem sido melhor sozinho do que pessimamente acompanhado. Uma pena.

Acordei com uma saudade danada do clássico. Foram muitos e muitos jogos espetaculares. Aquele da Copa União de 1988 (jogado em 1989) foi tão emocionante que não consegui dormir ao chegar em casa. Era muito forte para um garoto de vinte anos, eles com um timaço, nós com nossa camisa indestrutível. O Edinho estava lá.

Outro, mais longe, 1981. Vasco 2 a 0 no primeiro jogo, precisávamos de 3 a 0 no segundo para a classificação no Brasileiro. Primeiro tempo, massacre tricolor, 3 a 0. Depois o Vasco diminuiu com um gol polêmico e reduziu para 3 a 2 com César, pai do Júlio César que foi nosso campeão em 2010. Fomos eliminados, mas o jogo foi tão sensacional que, ao término, as duas torcidas começaram a aplaudir. Já não era mais uma questão de classificação, mas sim a vitória do futebol. O Edinho estava lá.

Trinta e oito anos depois, continuo sonhando com aquele dia. Logo mais tem mais.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

1 Comments

  1. Já comentei neste espaço, que o Edinho, entre tantos, foi o meu grande ídolo. Chorei mares, quando ele foi vendido para a Udinese.

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