Patientia (por Paulo-Roberto Andel)

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Entra ano, sai ano, certas rotinas não se alteram no futebol: qualquer mau resultado é creditado ao pequeno período de pré-temporada. Desentrosamento, escassez de condição física, inconsistência tática. Por conta disso, algumas coisas podem ser entendidas. Outras, não.

Pelo terceiro ano seguido, o Fluminense aceitou começar uma temporada debaixo do maçarico de Bangu – o que dizer do inacreditável pasto chamado de gramado em plena primeira rodada? E foi muito mal, lembrando momentos pavorosos do ano passado como o empate com a Ponte e a derrota (também de virada) para o Vitória no Brasileiro. Perdeu sábado por 3 x 2 para o Madureira, resultado que não traduziu o jogo: o Carrossel Suburbano acertou a trave e ainda perdeu uns três gols feitos, para desespero dos 2.500 torcedores presentes – ingressos a impressionantes 40 reais, quase um recado de “Não vá: te queremos em frente à TV”!

Conca, eterno ídolo, reestreou, correu, participou dos dois gols tricolores, lutou e criou, dando esperanças de um futuro melhor para o time – e superou inclusive o forte calor que normalmente lhe atrapalha no começo do ano. Mas não tinha como resolver todos os problemas do Flu, a começar pelas laterais: Ronan era alvo de todas as ações ofensivas do Madureira. Na direita, Wellington Silva errou tudo o que tentou – e se quer pagar a dívida que tem com o Flu, conforme afirmou, a melhor quitação é rescindir o contrato. A defesa no padrão 2013 – Gum e Euzébio começam sua quinta temporada juntos – e até Cavalieri claudicou.

O Madureira abriu o placar num golaço do lateral, o Flu conseguiu a virada com Euzébio, numa joelhada com o gol vazio, e Michael numa boa finalizacão cruzada, novo empate no finzinho do primeiro tempo em jogada boba começada em nossa esquerda. Esperava-se uma mudança de paradigmas depois do intervalo. Mas não deu certo: logo tomamos o gol da nova virada no começo da fase final, 3 x 2.

Com uma hora de atraso, Renato tentou resolver a avenida Ronan. Demorou mas conseguiu, ainda que parcialmente. Chiquinho, bom jogador, estreou discretamente no meio do caos. O resto chegou a irritar de tal modo que até os torcedores que apóiam incondicionalmente chegaram a pedir um mínimo de raça. Ressalte-se que a torcida está de parabéns pelos diversos cantos de protesto contra a imprensa esportiva marrom: RMP, Rizek, Juca, a camarilha de sempre.

Sem tempo e sem mudanças específicas no time, a torcida penou nas arquibancadas debaixo do clima desértico de Moça Bonita. Não que a derrota tenha sido o fim de 2014 – o que seria uma cornetagem ridícula -, mas ficou bastante claro que o Fluminense precisa reforçar o time, o banco, os conceitos táticos e o que mais for preciso. Inevitável lembrar da nossa fraqueza defensiva: nenhuma pré-temporada curta justifica o carnaval permanente que o Madureira tocou em nossa zaga.

Muitas vezes o fim do ano nada tem a ver com seu começo – assim seja. Mas que a má estreia do Fluminense preocupou, não há duvidas. Menos mal que outros grandes também tropeçaram. E trabalhar duro para desfazer a má impressão contra o Bonsucesso na próxima quinta-feira.

Resta esperar pela grande reação que espante os fantasmas de 2013 no campo e nas manchetes. Para ontem. Por tudo o que sofreu recentemente, o Flu terá que matar três leões por dia, dentro e fora de casa. Não há escolha.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: PRA

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