O universo paralelo de Oswaldo de Oliveira (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, não sei como explicar direito, mas há um clima estranho no ar. Contra o Palmeiras, não estivemos apenas mal armados, mal escalados e mal parados com Oswaldo de Oliveira. Sei lá, não senti o mesmo empenho, a mesma vontade; não do time todo, mas de alguns jogadores. Pode ser porque estão mal mesmo, caso do Gilberto, responsável direto por praticamente todos os gols, e do Digão, que passa tanta segurança na zaga quanto o Rodolfo no gol; ou porque estão completamente acima do peso, como o Airton, que parece ter sérios problemas para se manter em forma, e está sempre (ou quase sempre) atrasado no lance, quase nunca tem fôlego e, por conseguinte, mesmo sendo mais novo que o Nenê, desaba sempre no primeiro terço do segundo tempo. Ou pode ser, simplesmente, porque os caras não acreditam mais (se é que já acreditaram) na proposta de jogo de Oswaldo de Oliveira, e resolveram não comprar mais o barulho. E aí, queridos, babou pra ele.

Já houve manifestações diversas dos jogadores lamentando a demissão de Diniz. Oswaldinho não consegue dar uma dentro nas entrevistas: é arrogante, diminui o clube ao dizer que vamos fazer o que o adversário nos permitir e, diferente do Diniz, que admitia os problemas encontrados, o atual comandante parece viver numa realidade paralela. Ao montar um meio-de-campo com Airton sendo o único volante, Ganso sendo o segundo volante (posição que Danielzinho acabava, por vezes, fazendo para liberá-lo) e Nenê de meia-de-ligação/meia-atacante, o treineiro avisou pro Palmeiras: “olha só, faremos só o que vocês nos permitirem fazer com essa escalação torta e inexplicável, então, peguem leve e deixem a gente ter uma ou duas chances de gol, pra não ficar mal pra mim na coletiva”. Se contra o Avaí, Oswaldo já tinha estragado tudo com suas invencionices e contra o Fortaleza não saímos derrotados devido à exibição de gala de Muriel, ele repetiu a dose de catástrofe em Sampa. Para não falar da retranca contra o Corinthians na Sula, isso precisando ganhar o jogo. Chega, né?

Em quatro jogos já deu para perceber que não vamos a lugar algum com ele no comando. Perdemos a chance de fazer sete pontos e sair da zona de rebaixamento. Quantas chances mais perderemos? Alguns podem dizer que talvez a volta de Diniz seja a solução, já que, em teoria, seria do agrado dos jogadores, mas seja qual for o treinador que comandará o Fluminense até o final do campeonato, ele precisa, urgentemente, passar a fazer o ÓBVIO. Qualquer torcedor hoje escala um Fluminense melhor do que temos visto. Não é preciso ser expert em futebol para saber que os melhores precisam ser escalados. Isso significa que Frazan precisa barrar o Digão. Significa que, a menos que você jogue com uma baita proteção à zaga, Gilberto não pode ser escalado – deixa o Igor Julião mesmo. Na lateral esquerda, se Caio Henrique tá perdendo a força, Mascarenhas está voltando. De todo modo, ainda dá pra apostar no atual dono da posição. A principal mudança tem que ser no meio.

Como vários tricolores já vêm falando, o Fluminense não pode abdicar nunca mais dos dois volantes. Quando Diniz começou a apostar apenas no Allan de primeiro volante (ele não é exímio nessa função), com Daniel de segundo volante (também não é a dele, não tem força pra marcar), nós caímos de rendimento. Hoje, só temos um bom primeiro volante, que é o Yuri. Ele tem que ser o titular. Allan pode ser o segundo volante, pois tem bola para isso (ou até Caio Henrique, se puder ser deslocado da lateral). O meia-de-ligação é Ganso ou, em sua ausência, o Daniel. E, por fim, o meia-atacante pode ser o Nenê ou o Marcos Paulo, pois ambos cumprem bem essa função – e aí vai depender do jogo. No ataque, apenas dois são necessários, pois o meia-atacante se infiltrará pela outra ponta quando o time atacar: João Pedro é o centroavante e, na minha opinião, ainda que esteja caindo de rendimento, Yoni seria o atacante de lado. E temos um belo 4-4-2 defensivo que se torna 4-3-3 quando o time ataca, não perdendo a virtude ofensiva da equipe. Isso é o óbvio ululante.

O técnico que conseguir entender essa fórmula simples vai tornar o time tão competitivo quanto um dia ele já foi. O maior erro de Diniz não pode continuar a ser repetido – e incrementado – por Oswaldo. O compromisso deate domingo contra o Corinthians pode nos dar fôlego ou aumentar ainda mais a pressão por resultados. A necessidade da venda do mando de campo, justificada ou não, nos fará atuar em campo neutro contra uma equipe que já conhecemos. E, por conhecê-la, sabemos que ela não tem nada de mais. Dá perfeitamente para ganhar dos paulistas com um time bem escalado, se a arbitragem não atrapalhar como vinha fazendo na Era Diniz. Mas se insistir com suas “convicções”, Oswaldinho vai ser demitido nos fazendo amargar mais uma provável derrota no Brasileiro. Espero que sua mente se ilumine, que os jogadores se empenhem e entendam que não podem participar do desastre que seria um descenso. Nos anos anteriores, seria um baita vexame. Agora, seria a falência. Oremos.

Curtas:

– Alguém sabe do presidente? Estamos esperando ele se pronunciar sobre o atual momento vivido pelo clube. Há vários assuntos a serem abordados, inclusive acerca de promessas feitas na campanha eleitoral que, óbvia e ululantemente, não estão sendo cumpridas. Apareça, viu?

– Tricolores, não percam seu tempo dando ibope pro Esporte Interativo. Eles adotaram a “tática Meia Hora” porque estão em decadência. No máximo, se necessário, façam a defesa institucional de forma correta, mas não percam seu tempo compartilhando conteúdo deles em grupos tricolores. Eles não merecem tanta visibilidade.

– Se o Palmeiras vencer o Cruzeiro em casa, o que, em condições normais, deve acontecer, e conseguirmos sair do Mané Garrincha com os três pontos, sairemos da zona de rebaixamento. Se o Cruzeiro empatar, ficaremos a um ponto deles. Ainda não estamos com a corda no pescoço, mas as coisas precisam começar a acontecer agora!

– Palpites para a partida deste domingo: Fluminense 2 x 1 Corinthians. Temos que vencer!

Panorama Tricolor

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