Limito-me hoje a dar publicidade ao manifesto do Movimento Fluministas, com o qual concordo na íntegra.

“Um espectro paira no ar. Há um discurso repetindo-se que mistura a luta de classes com as regras do esporte, em um viés inadmissível. Cabe a nós, da Flumunistas fazer alguns esclarecimentos:

1. Não afirmamos em momento algum que somos contra a Lei. Pelo contrário, brigamos pelo cumprimento de muitas das leis que hoje são ignoradas pelo Estado Brasileiro, como a taxação das grandes fortunas, lei da Reforma Agrária e a punição dos corruptos nos diversos casos noticiados diariamente pela imprensa, que muitas vezes engavetam-se nos tribunais nacionais, como no caso do Mensalão de Minas Gerais.

2. Defendemos abertamente a ruptura do sistema atual, no qual os pobres cada vez mais tornam-se mais pobres em benefício de alguns tantos milionários detentores dos meios de produção. Somos comunistas e defendemos a tomada do poder e o estabelecimento de um governo sob comando dos trabalhadores.

3. As leis aplicadas contra ativistas diversos em suas manifestações são evidentemente meios de manutenção de poder de uma elite que se apropria dos benefícios que deveriam ser destinados a toda uma população. Somos contra essas leis específicas porque, em lugar de possibilitar igualdade social, cerceam o direito legítimo à manifestação. Essa legislação discrimina e criminaliza aqueles que manifestam democraticamente sua opinião contra os diversos abusos cometidos pelo Poder Público.

4. A esfera esportiva difere radicalmente da luta direta das massas. Obviamente a Fluministas entende o poder de mobilização proporcionado pelo esporte e crê que pode intervir de maneira a politizar o movimento de torcidas a canalizar sua capacidade de mobilização em prol da luta por uma sociedade mais justa.

5. Entretanto, as competições esportivas são disputadas por agremiações privadas, regidas por leis consensuadas entre elas, de total ciência e aceitação. Não há o que se falar em “luta de classes” entre agremiações. Todas elas estão em condição de igualdade legal, comercial e social, recolhendo lucros para si e, por muitas vezes, devendo à sociedade. Aos iguais, a igualdade das leis, sempre. Daí, não aceitamos que se misture o discurso social com a perda ou não de pontos de qualquer agremiação. Isso não tem a ver com a luta de classes, isso não pode ser o foco de qualquer manifestação ou mobilização.

6. Defendemos o cumprimento dos regulamentos esportivos e que sejam mantidos todos os resultados obtidos LEGITIMAMENTE dentro de campo. Não coadunamos com a ideia de que perder ou ganhar pontos por suspensões ou contratos irregulares seja uma questão social, mas sim um caso meramente comercial, visto tratar-se de um contrato consensuado entre clubes de direito privado.

7. Em contrário, defendemos a atuação do Poder Público no cumprimento dos deveres desses clubes com a sociedade. Defender a moralidade no futebol é defender o rebaixamento de todos os clubes endividados, que não pagam seus trabalhadores e que sonegam impostos à sociedade. Talvez sobrassem dois ou três clubes na série A, e entre eles não estaria nosso amado Fluminense. Reconhecemos, entretanto, o esforço que faz a atual diretoria para sanar tais dívidas, ainda que elas devam ser duramente cobradas como de qualquer outra empresa que deva aos cofres públicos.

8. Por fim, repudiamos qualquer tipo de violência entre torcedores, por compreender que tal comportamento unicamente serve à divisão da população aproveitando-se das paixões esportivas. O inimigo não veste a camisa adversária, somos todos trabalhadores e explorados. Juntos devemos construir uma sociedade mais justa, na qual o esporte seja o vetor de saúde, entretenimento e orgulho, promovendo a amizade e a solidariedade.

PAZ ENTRE AS TORCIDAS. GUERRA À BURGUESIA.

Movimento Flumunistas”

Panorama Tricolor

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