Os enganadores (por Zeh Augusto Catalano)

E sexta passada, seleção. Com um primeiro tempo pra mim surpreendente, encaramos de igual pra igual um time que está disputando eliminatórias e que joga com regularidade junto. Chega o segundo tempo, a Itália empata e Felipão recorre a Kaká. O time, que já havia perdido o controle do jogo, parou de vez e se arrastou até o fim.
Fim dos anos 70, começo dos 80. Surge no Botafogo (depois Palmeiras e, incrível, Newcastle) um cidadão chamado Mirandinha. Era um atacante com quase nenhuma habilidade, cuja característica era pegar a bola, abaixar a cabeça (parecia jogar olhando pra bola) e (talvez por isso) não devolvê-la mais a ninguém, indo igual um louco em direção ao gol. Quando funcionava, era uma maravilha. Mas no mais das vezes resultava em lances bizarros. Chegou a jogar na seleção, não em copas do mundo.

Kaká é (sempre foi) um Mirandinha melhorado. Com a desculpa moderna de “jogar futebol vertical”, um dos expoentes do bom-mocismo, faz exatamente a mesma coisa que o outro. Pega a bola e tenta resolver sozinho. Claro, tem mais qualidade e visão de jogo que o antecessor, mas os objetivos são os mesmos. A bola só é distribuída na falta de coisa melhora pra fazer.

Dessa forma, perde um caminhão de bolas e sobrecarrega a defesa, que a toda hora tem a bola de volta. Some-se a isso o fato de estar fora de forma, porque Mourinho, ao contrário dos brasileiros, não cai nesse conto. Banco nele.

Galvão Bueno é fã incondicional. Faça a besteira que fizer, Kaká é para ele um gênio do futebol. Só não é mais elogiado que Cacá… Bueno! (Nunca havia pensado nisso… Será que há alguma associação?)

Temo que dependamos dele (corrigindo a frase: temo que Felipão aposte suas fichas nele). A substituição de 6a foi o saque de Oscar (jogando muita bola). Porém Oscar não é um armador. Nem tampouco Kaká o é, mas parece que enxergam nele essa capacidade. E com essa formação, não dá pra encarar a Itália de Pirlo, a Argentina de Messi, a Alemanha (que tem gente pra montar duas seleções!) e, vá lá, a Espanha (não acredito nela). Vamos ver o que sai daí.

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Vasco, Fluminense e Flamengo jogaram, nesta semana, 270 minutos de um troço que não pode ser chamado de futebol. Um horror. O Botafogo se salvo, num jogo pra lá de confuso. A propósito, Seedorf está se achando. Corretamente expulso, agora temos de aturar um holandês milongueiro… Espero que na Páscoa, o Vasco dê um pau neles.

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Paulo Autuori chega no Vasco com um sorriso de orelha a orelha e se diz Vascaíno. Tudo a ver com a coluna anterior, sobre o algo mais perdido no futebol. Sempre o achei bom, mas pedante além da conta. Conseguirá fazer limonada sem limões? A seguir cenas…

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POST SCRIPTUM

Contra a Rússia, 15 minutos de Hulk (!!!!) foram mais eficazes do que 75 de Kaká.

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Abraços,

Zeh Augusto Catalano

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

7 Comments

  1. A mais pura verdade, e como se dizia antigamente, concordo em gênero, número e grau.

  2. Peço licença (data venia) para discordar. Não penso que o Kaká seja um enganador. Ele teve um excelente momento, jogava muito bem e era uma grande promessa. Não sem motivo foi comprado pelo Milan e depois pelo Real Madrid. Em 2007 foi eleito o melhor jogador de futebol do mundo. Com esse currículo é injusto chamá-lo de enganador. Hoje ele não está bem, pode até não merecer a seleção, mas é muito duro chamá-lo de enganador. Se for assim, vamos antes detonar o Deco e o Thiago Neves, que não estão jogando nada e nunca foram nem de longe os melhores do país, quiçá do mundo.
    Mas, acho que futebol é bom por conta das diferenças de opinião.

  3. Kaká é a maior enkanação.

    E ainda queriam o kara no FLU.

    Vixi… K’r’lho………….

  4. Rods comenta:

    olha, o Autuori é um enigma pra mim. Ele sempre está nas listas de todos os times grandes que querem mudar de técnico, porém só consigo lembrar dele no Botafogo de 95 e no Cruzeiro.

    Para sua alegria, quem sabe ele não consegue o mesmo efeito que o Ricardo Gomes conseguiu? Antes de ser campeão da Copa do Brasil, aquele time tinha tanta moral quanto o atual.

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