Oportunizar: o verbo predileto de Odair Hellmann (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, as duas últimas partidas no Fluminense, ambas vitórias tricolores, mostraram o puro suco do futebol brasileiro nos dias de hoje. Atuações bem chinfrins, mas que renderam os três pontos e a vantagem na Copa do Brasil. Sem um cafezinho, seria difícil acompanhar as exibições, caso não fosse um torcedor inveterado do meu clube do coração. A maior parte dos certames deu sono. Contra os alvinegros, contamos com a estrela de Nenê para marcar duas vezes, uma em excelente jogada coletiva, com belo cruzamento de Calegari, e outra no pênalti, que ele bate sempre com maestria. Mas, sendo bem honesto, esse jogo não nos exigiu muito, e ainda conseguimos a façanha de tomar gol no fim. Aqueles onze do Corinthians brigaria fácil com o Cruzeiro na Série B. E contra o Atlético-GO, então, nem se fala. Atuação nada inspirada, em que pese Muriel não ter feito uma defesa sequer, e vantagem adquirida com um gol contra deles. Oportunizamos um jogo mais tranquilo na próxima quarta?

Depende da nossa postura. Certamente os rubro-negros goianos virão pra cima, então poderemos explorar o contra-ataque, coisa que o Odair adora fazer. As gratas surpresas desta semana vieram todas do banco no meio de semana: Miguel e André, além da entrada de Ganso, que conseguiu dar uma organizada no time, que antes parecia um bando em campo. Há jogadores mesmo que estão começando a piorar muito em rendimento devido ao desgaste da maratona de jogos (casos de Michel Araújo e Nenê, por exemplo, que foram poupados). Dodi também encarará um descanso nesse domingo contra o Sport. Apesar de o jogo ser na Ilha do Retiro, analisando friamente, este é um dos adversários mais fracos que enfrentaremos e, se é pra poupar, o correto é que seja mesmo nesta partida, ainda que possamos vir a tropeçar – o que sinceramente não acredito. E não é por otimismo apenas, mas por ver quem entrará no time: basicamente, os mesmos de quarta-feira, ainda que sem Miguel.

Em toda entrevista coletiva, Odair repete a palavra “oportunizar” mais de uma dezena de vezes. Oportunizou Luiz Henrique como falso 9 (e acho que o moleque ganhou lugar no time), oportunizou o André e o Miguel, oportunizará jogadores do sub-23 (cadê Mateus Pato, Odair?), etc. Mas o que realmente ele precisa oportunizar é novas leituras de jogo, novos esquemas táticos, novas formas de o time jogar. Odair tem uma receita de bolo pronta: pressionem a saída de bola, sejam intensos, ataquem no iníco de cada tempo. Fizemos gol? Ok, agora recuem e esperem o time adversário vir pra cima pra sairmos no contra-ataque. Talvez isso seja uma maneira de poupar fisicamente os jogadores e atenuar o desgaste, mas a verdade é que, na única vez que não jogamos assim, ou seja, fizemos um jogo em que fomos os protagonistas durante os 90 minutos, goleamos o Figueirense. Além disso, teima com a formação de três atacantes sempre que pode, o que já mostrou que não dá os mesmos resultados que o 4-4-2. Fora o fato de nem cogitar uma tentativa de 3-5-2, como já mencionei aqui.

Estamos quase no final de setembro, e o campeonato vai até fevereiro do ano que vem. Tem muita água pra rolar e, mesmo por vezes jogando um futebol feio pra burro, ao menos não estamos, por enquanto, amargando uma zona de rebaixamento da vida. Temos uma boa oportunidade neste domingo para retomar a subida e afastar esse estigma contra os piores times do Brasileirão. Derrotar o Sport com uma boa atuação em seus domínios não apenas nos alça a uma posição mais confortável na tabela (mantendo o Fluminense entre os oito primeiros em qualquer cenário), mas nos transmite confiança para a dificílima partida de quarta-feira pela Copa do Brasil. O Atlético-GO ainda não havia sido derrotado por nenhum clube carioca esse ano e nós oportunizamos o fim desse tabu. Resta agora confirmar nosso favoritismo e sair de Goiás com a classificação. A torcida certamente não vai aceitar nada menos que isso e, em caso de uma eliminação inesperada, pode ser que a torcida oportunize a cabeça do técnico numa bandeja de prata. Aproveite a oportunidade, Odair!

Curtas:

– A especulação em relação a contratações no Fluminense está de vento em popa. Já se falou em Ignacio Ramirez, Lucas Paquetá, Felipe Vizeu, Lucca e possivelmente mais uma meia dúzia. Eu prefiro esperar as confirmações antes de falar qualquer coisa, mas, de saída, preferia não ter que contar com refugos criados na Gávea. Já basta o Egídio, e vemos no que deu.

– Marcos Felipe, Calegari, Digão, Luccas Claro e Danilo Barcelos; André, Dodi, Michel Araújo; Ganso e Nenê (ou Marcos Paulo); Luiz Henrique (ou Fred). Essa era a opção que eu gostaria que o Odair oportunizasse. 4-3-2-1, Dodi encosta no Calegari, Michel encosta no Danilo. Ganso centraliza, orienta e distribui os passes. Nenê recebe as bolas vindo de trás, como gosta, e terá Luiz Henrique mais próximo ao gol, para dialogar. Teremos excelentes opções para a bola parada também. Sem a bola, Dodi e Michel (ou Ganso, podem se alternar) voltam dando combate e cobrindo os laterais, caso tenham subido. Ganso e Nenê não podem jogar na mesma posição, mas com orientação tática adequada, eu acredito que possam jogar no mesmo time.

– Danilo fez merda ao conseguir a façanha de ser expulso em seu primeiro jogo, mas não me fez sentir falta de Egídio durante a partida. Percebi que o próprio Egídio já não foi tão mal contra o Atlético-GO. Pelo visto, a concorrência lhe fez bem.

– Se é verdade a notícia de que Dodi está pedindo 250 mil reais de salário, sendo que hoje ganha cerca de 60 mil, e o Fluminense teria lhe oferecido um aumento de 100% nos vencimentos, então pode ir embora. Dobrar o salário de um atleta que se destacou em uma temporada depois de ficar no ostracismo por um tempo é justo. Quadruplicá-lo, não. Além de ser injusto, passa uma mensagem completamente distorcida aos demais atletas do elenco. Não é porque o Fluminense fez uma cagada (renovar pagando 300 mil de salário para o Wellington Silva, em que pese ter na prática diminuído o salário, que era bem mais alto), que tem que fazer duas. Dodi é bom jogador, mas até outro dia era um Zé Ninguém no Criciúma. Se não fosse o Fluminense pinçá-lo, provavelmente estaria em algum time pequeno da Série B ou C. Menos, né?

– Por outro lado, Luccas Claro renovou. Bom zagueiro, talvez o melhor do elenco hoje, já que Nino (e Marcos Paulo) parece sofrer de “Europite”.

– Palpite para as próximas partidas: Sport 1 x 3 Fluminense; Atlético-GO 0 x 2 Fluminense.

Panorama Tricolor

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#credibilidade

3 Comments

  1. É, E PARA NÓS QUE CONVIVEMOS E ATÉ ENTREVISTAMOS A ZEZÉ MOREIRA, GENTIL CARDOSO, ELBA DE PÁDUA LIMA, TIM, EL PEON, TELÈ SANTANA, ZAGALO, LÔBO INDÓCIL E IRRITADIÇO E PRIVILEGIADO PELOS DEUSES, MÁRIO TRAVAGLINI, DIDI, CARBONE, CLÁUDIO GARCIA, PARREIRA, E MAIS NÃO DIGO, QUEM OPORTUNIZA ESSE MAIONESE É O GRAVATINHA…

  2. Tricolores, o jogo contra o Atlético-GO será na quinta-feira, não na quarta, como eu tinha dito na coluna. Acredito que sofreu uma alteração, pois lembro que antes estava marcado para quarta. Bom, fica aí a retificação. Saudações Tricolores.

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