Oito pontos no returno (por Paulo-Roberto Andel)

O sinal de alerta já deveria ter disparado, mas como nos tempos do “novo” Fluminense até o flato dos dirigentes sai perfumado para seus guardiães e puxa-sacos, ninguém tocou no assunto.

A tal militância seletiva de alguns torcedores, mais apaixonados por seus grupos políticos do que pelo Fluminense, obviamente fez cara de paisagem.

Ao término do primeiro turno, não faltou gente tecendo loas aos termos mofados feito “gestão”, “trabalho”, “vestiário”, “planejamento” e congêneres. Foram 32 pontos em 19 jogos, média de 1,68 por jogo. Na projeção otimista, Flu com 64 pontos ao fim da competição, garantido na Libertadores 2021. Os mais fanáticos decretaram a busca pelo título.

Eu, não.

Fiquei na minha torcendo e pensando em quantas vitórias conseguimos com péssimas atuações. Torcendo e pensando.

Veio o returno.

Disputados oito jogos da etapa, o Flu conseguiu oito pontos. Média de um por jogo. Desnecessário dizer que é uma performance ruim. Trata-se de uma pontuação de times normalmente na briga contra o rebaixamento. Péssima.

Mas quem critica o fato matemático é “contra o Fluminense”, “não é tricolor”, “está de mimimi”, “fala por achismo” e outras pérolas a serviço de ao menos um dos dois patrões nefastos a saber: o raciocínio primitivo ou a extrema má fé de quem precisa assegurar empregos, cargos e benesses. São os Espones (Especialistas de Porra Nenhuma).

Um recorte de oito jogos é oportunista? No máximo tanto quanto o de sete jogos sem derrota no primeiro turno, que serviu para inflar os anseios de uma grande jornada.

Até aqui, em 27 partidas a rigor, o Fluminense teve destaque em três delas, não tendo vencido em duas. O empate com o Atlético Mineiro em Belo Horizonte foi saudado com justiça pela boa e dedicada atuação. Depois, a vitória sobre o Athletico, também de qualidade mas inegavelmente influenciada pelo adversário ter um jogador a menos em boa parte da disputa. Por fim, a derrota para o São Paulo, com um segundo tempo bem acima do desastre nos primeiros 45 minutos.

É muito pouco para um clube do tamanho do Fluminense. E tem sido a regra há anos: o pouco sendo vendido como algo maravilhoso, embrulhado de presente como se fosse algo antológico e devidamente bombeado pelo cordão dos puxa-sacos nas redes sociais e nos domínios de caráter duvidoso.

A temporada ainda não acabou, mas já completamos oito anos sem conquistas relevantes. Oito anos na condição de coadjuvantes, figurantes. Perder finais do Carioca é normal. Ser eliminado pelo Unión La Calera e pelo Atlético-GO em torneios eliminatórios é normal. Contentar-se com o sexto ou sétimo lugar no Brasileiro para voltar à Libertadores – ao contrário de 2011, 12 e 13, agora como possíveis azarões, é normal. E de normal em normal, o novo Fluminense é um passado gigantesco com um presente medíocre, à altura de sua política, eleitos, subalternos e bajuladores.

Com um pacote desses, nada é mais preciso do que a máxima do mestre Muricy: “A bola pune”.

O Fluminense pode mudar os paradigmas atuais e arrancar para uma campanha brilhante no Brasileiro, dados os onze jogos restantes? Pode, pode sim, desde que tudo seja diferente a partir da semana que vem, quando enfrentará seu maior rival. Mas o que temos de realmente palpável para acreditar nisso? Uma derrota digna para o São Paulo, é isso?

Oito anos sem conquistas relevantes, oito pontos no returno.

Jovens que vão embora com meia temporada, enquanto veteranos opacos são mantidos de qualquer maneira.

Alta rotatividade de contratações esdrúxulas, apresentadas como “reforços”.

Oito anos sem conquistas relevantes, oito pontos no returno.

Oito anos de um modelo administrativo calcado nos amigos do poder, na bajulação e no casuísmo, na confiança em que o torcedor médio seja uma completa toupeira.

O “novo” Fluminense é fake, é uma farsa, é uma piada de mau gosto, é uma agressão à história do clube, um desrespeito aos torcedores acima dos cinquenta anos – que sabem exatamente qual é o tamanho do Tricolor. O velho Fluminense é o dos títulos, das grandes finais, de impor respeito e até medo em grandes adversários, é o da liderança, não o figurante que engasga o motor toda vez que parece brigar pelo topo ou pelos arredores.

Em tempo: ao término desta coluna, veio a notícia de que o treinador Ricardo Sá Pinto acabou de ser demitido do Vasco, com um aproveitamento de 33%. Ironicamente, é o mesmo aproveitamento do Fluminense no returno hoje. É óbvio que o Flu não está na zona de rebaixamento, mas deveria servir como reflexão.

Dentro do possível, que todos tenham um Feliz Ano Novo e que a vida seja menos pior em 2021.

7 Comments

  1. Acima dos 50. Parece-me e percebo por comprovacao , que aos vao sendo perdidas as referencias e assim a mediocridade reinará. Quem viu jogar Rivelino, Castilho, Pintinho, Branco, Carlos Alberto Torres, tem como idolo Marcao, e assim se entrega o destino do time e do clube a quem comuna como xubaletto e servical do Mario, os desejos de nos tirnar medianos, possuvelmente com algumas más intercoes, bao afirmo, mss percebe-se nas lamentaveis contratacoes. Ano apos ano de promesas vazias, e metss nao cumpidas, a despeutos de muitos que se duzem tricolores, mas que sao apenas sarrabulhos…

  2. O Fluminense de hoje, parece aquelas propagandas de fraudas com crianças lindas de olhos claros e peles alvas, sorridentes, com mães perfeitas, bem penteadas e pais malhados, carinhosos e de barba feita.
    Mas que no fim o resultado é o mesmo: termina em merda…

  3. E É ESSE FLUMINENSE A QUE NA REUNIÃO DE HOJE DO CONSELHO DELIBERATIVO APÓS O VÍDEO ONTEM EXPOSTO PELA FRENTE AMPLA TRICOLOR EM SUA ANÁLISE IRRETOCÁVEL ACERCA DO ORÇAMENTO A ESTAR NA BERLINDA A DEPENDER DO JUÍZO E DA CONSCIÊNCIA DOS PROTAGONISTAS A DETER O PODER DE ALTERAR ESSE RUMO TORTO QUE O USO DO CACHIMBO FIZERA…

  4. Porque a base é soluçao no Palmeiras, grêmio, no Fla(apesar dos assassinatos no incêndio no ninho) e não no Flu? Com tantas saídas a preço de banana desconfio que alguém tá levando algum por fora. A base só entra em último caso. Estão apequenando o Flu, nossa história vitoriosa indo pelo ralo. Pra curriola levar vantagem. Pobre torcida. Time de veteranos, amigos do Mário. Dá nojo.

  5. Jovens vão embora com meia temporada. E pra comprovar tua afirmação, vem a notícia das tratativas com Samuel Xavier. Nada contra com o xará, mas trazer um lateral com 30 anos, que sempre jogou em clubes medianos e preterir Callegari, Dani Bolt, a base, ativos do Flu. Fizeram o mesmo com Mascarenhas, que na 1° vez que entrou marcou um golaço. Nao dá pra entender.

  6. Feliz Ano Novo para você também.
    Dias melhores para o e para nós.
    Andel eu confesso que o fato do
    nosso Fluminense não ter chegado aos 45 pontos.. ainda….tenso!!!
    Saudações Tricolores !! ❤️

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