O viajante solitário (por Paulo-Roberto Andel)

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“Então há um viajante solitário/ espaçado em seu banco de viagem/ numa estrada que pode terminar/ a qualquer momento/ ou mesmo ser infinita/ o viajante e seus olhos de memória/ não há rancor que ameace/ seus pequenos sonhos bons/ alguém no carro com seu lindo narizinho/ uma linda bailarina/ e nenhum retrato/ o viajante e sua paixão num artefato”

Éramos o painho feio. O desprezado. O desnecessário.

Vencemos 2012 quase que por acaso… ironia.

Quem acreditava em Fluminense nesse Brasil, exceto sua massa de admiráveis maníacos, os perturbados, os fiéis, os corações de garra? Ninguém. Ninguém.

O Corinthians era extremamente poderoso.

Oh, o Grêmio e sua respeitável goleada sobre nós – antes do primeiro gol, Luxemburgo socava o banco de reservas. Tornou-se numa noite o melhor -melhor do mundo, com todo o humor plausível nesta sentença.

Elegante como sempre, o São Paulo tem o direito de ser um permanente favorito – afinal, não é um deslumbrado da Gávea.

O Palmeiras, ferido de morte por 2012, fez o que pôde – mas até ele estava acima do Fluminense na bolsa de esportes das redações.

Todos sucumbiram.

Acontece.

É futebol.

Paixão, disputa e três horas de jogo para decidir um ano.

“O viajante solitário não se importa/ com o mau olhado do passageiro ao lado/ cheio de garbo/ cheio de si/ senhor da razão desconhecida/ mas nenhuma história a contar que ofereça apreço/ a janela, a brisa e a vista da paisagem/ a estranha estrada que pode cerrar portas/ numa semana ou nunca mais.”

A arrogância não vence ninguém.

É preciso mais do que isso.

Ninguém é pré-campeão sem a batalha do gramado. Que eles não sejam tão ridículos.

Estamos entre os oito da América e ninguém aposta um níquel furado no Fluminense dentro da imprensa esportiva. Por isso, eu penso em 1980. Em 1983. Em 1995. Em 2007 e, claro, 2010.

Chegamos até aqui cheios de erros e uma humildade enorme.

Os grandes favoritos dormem nas Gerais.

“O viajante solitário/ não passa de um autêntico missionário/ disposto a rasgar normas/ queimar convenções/ e brilhar, brilhar/ em busca de um amor à relva/ qualquer gramado interessa/ quando há um amor que urge e atordoa”

Para quem conhece um pouco da história do futebol, toda preocupação é pouca para quem não grita conosco: os retrovisores mostram um Fluminense no espelho. Eis o verdadeiro viajante solitário.

Quem sabe a América que nos traiu mortalmente em 2008 seja a bela mulher sorridente em 2013? Um amor infinito de Madredeus? Nunca se sabe.

Futebol é assim: quem chorou ontem, amanhã ri. A conferir.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

7 Comments

  1. Valeu Andel !
    Vamos que vamos. O Fluminense se da bem qdo nao e favorito. Isso e historico.
    Estou achando otimo essa pelacao de saco que a midia oferece as galinhas mineiras.
    ST

  2. Por favor, desconsiderem meu comentário sobre os reservas contra o atlético/pr, viajei agora, tô tão enrolado quanto o Abel com a matemática, hehe.

    ST

  3. Esperamos que ela sorria este ano, Andel, parabéns!

    Com a eliminação do grêmio ontem, a conmebol não precisará se “preocupar…” com uma possível final brasileira, e isso é muito bom pro Fluminense, caso passemos às semifinais junto com o atlético, o chaveamento muda e pegaremos os mineiros na próxima fase.

    Aliás falando em atlético, eles não podem jogar no Independência nas semifinais ou somente nas finais?

    ST

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