O último clássico do verão (por Paulo-Roberto Andel)

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Antes de pegar o táxi para o Maracanã, vi um 464 e, num súbito, fui atrás de minha juventude. O ônibus cheio de torcedores no último clássico do verão. Um doce engano: o único vascaíno com camisa saltou na Central do Brasil. Sozinho, fui o último a descer do coletivo. Não havia outro tricolor.

As ruas no entorno com alguma movimentação – confusão idiota também. Outro sonho. Adentrei a casa da bola, um vazio enorme. Estão matando o futebol e a televisão, feitora dos clubes, não está nem aí. Onde devia haver setenta ou cinquenta mil pessoas, o abandono. Quase determinam ao torcedor que fique em casa ou no bar.

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Até a hora da água refrescante, sinais de bom clássico. O Vasco começou melhor, mas sem chutar a gol. Aos poucos, mesmo em ritmo de banho-maria, o Fluminense rompeu fronteiras. Teve a boa finalização de Chiquinho na trave. A bela jogada do Jean e a cobrança de falta do Sobis, defendida por Martín. Apesar da ausência de Carlinhos, o jogo do Flu era focado na esquerda. Fred tocando sempre em jogo curto.

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Que susto com o cruzamento que bateu na rede pelo lado de fora. Sem contar o recuo extraterrestre de Bruno. O Vasco conduzido por Douglas, excelentes jogador – tirando a velocidade. De novo São Januário ameaçando, o ataque das Laranjeiras paradão. Euzébio desafiando definições e certa paciência da torcida. Sem Conca voando como de costume, o Flu ficou estático.

No bate-rebate da esquerda, Edmílson finalizou certeiro em diagonal, batendo Cavalieri e fazendo 1 x 0, bola no canto esquerdo. Se a vantagem no marcador teve justiça contestável, foi de quem teve a dianteira mais participativa.

Para terminar o primeiro tempo, uma cabeçada mortífera de Fred – finalmente – para um defesaço de Martín. E a bola tirada quase de dentro do gol vascaíno pelo Rodrigo. Ah, Gum e Valencia foram dois grandes brigadores.

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Quando começou o segundo tempo, mesmo com Walter em campo, nos primeiros minutos tive um dos meus maiores sustos no Maracanã: meu amigo Carlinhos Pelé passou mal e teve que ser levado ao posto médico do Maracanã. Para acompanhar os procedimentos, deixei as arquibancadas e assisti a etapa final numa televisão do corredor do estádio – onde o eco sugere muito mais gente do que o público real presente. Um misto de preocupação e diferença. Uma experiência nervosa e estranha. Felizmente tudo terminou bem e Carlinhos está descansando em boa fase.

Depois de certa modorra dos times no recomeço, o Flu sem agredir e o Vasco acomodado no resultado, Fred fez um grande e glorioso gol – mas precisa retomar a velocidade profissional. Reclamam de impedimento.

Por outro lado, o sarrafo vascaíno merecia ao menos um cartão vermelho, o que mudaria os rumos da partida de toda forma. Depois, perdemos mais umas duas ou três chances. Martín é um grande goleiro. O Vasco foi mais incisivo no ataque durante o primeiro tempo. O Fluminense alternou a ofensividade.

Entre prós e contras, foi um bom jogo. Merecia muito mais do que quinze mil pessoas e o apoio ao outro Carlinhos, o nosso lateral esquerdo, além do goleiro vascaíno Martín Silva. Terrível pensar que a televisão joga contra. Pelo visto, o empate é a prévia das semifinais. O Fluminense precisa melhorar. E correr sem colocar tudo nas costas do Conca.

O último clássico do verão teve dor, drama, susto, alegria e superação. O futebol persiste. Modestas, as arquibancadas ainda pulsam. Onde estão as torcidas?

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: PRA

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