O último campeão (por Walace Cestari)

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Nada melhor que vencer. Como é bom estar classificado para as semifinais do campeonato!

Calma, leitores. Não pensem que mudei a opinião e que caí no canto da sereia do carioquinha. É bom vencer para, sem a pecha de choro de perdedor, reafirmar com todas as letras as palavras do Capitão: o Carioquinha tem de acabar.

Não é de hoje que vejo os estaduais como prejuízo aos clubes. Além de deficitários financeiramente, são competições de nível técnico questionável, disputadas muitas vezes em gramados precários e sem atrativos para o público. Assim, expõem-se jogadores aos riscos das contusões e o clube ao ridículo: se ganha, nada mais que a obrigação; se perde, é crise.

E foi assim que perdemos nosso treinador anterior: por conta de resultados no carioquinha! Não que fosse lá uma maravilha. Mas quem nós trouxemos? Alguém com resultados fracos no baianinho! Pelo amor de Cox!!! É mais do que hora de exigir um planejamento focado nos reais objetivos do clube no ano (por que não pensar em “anos”?).

Essa coisa de montar um campeonato que vai apenas servir de prêmio de consolação do ano ao campeão – pois não nos preparamos de verdade para o Brasileirão – torna-se um círculo vicioso e, cada vez mais, empobrecemos o futebol do Rio como um todo.

Para que ainda houvesse um “charme” carioca no futebol, que fosse disputada uma fase inicial a partir de agosto com todos os clubes do Rio que estão fora das disputas nacionais, sendo, aos poucos alimentadas com as entradas dos clubes das séries D e C e que culminaria em uma fase classificatória disputada nos meses de janeiro, fevereiro e início de março, com quem restasse – menos os grandes.

Enquanto isso, os grandes do Rio, aproveitariam esses meses para excursionar, faturar algum, expor a marca e fazer uma pré-temporada no nível do desafio que é o Brasileiro. Daí, março e abril seriam dedicados a juntar os quatro grandes com os quatro classificados do restante, fazendo em oito datas um campeonato rápido, emocionante e que serviria de pimenta à rivalidade local.

Claro que isso necessitaria de uma federação de futebol que fosse uma verdadeira gestora do negócio, não a cafetina das negociatas. Enquanto houver tal comportamento alcoviteiro na federação, haverá sempre a ameaça da cisão.

E o futebol carioca está cheio destas cisões. No final, elas nos conduziram ao profissionalismo sem maquiagem, à organização sem velhacarias e ao esplendor já vivido outrora pelos clubes da cidade. Em todas as vezes anteriores, os clubes brigaram entre si e se organizaram, fazendo da federação um coadjuvante para gerenciar as decisões.

Foi-se então esse tempo. O final dos 70 e toda a década de 80 trouxeram a velhacaria para dentro das federações e seu uso para minar as estruturas dos clubes e qualquer independência que tivessem, fortalecendo uma estrutura viciada, corrupta e burocrata que financiou a vida política de muita gente.

Que briguemos, então, por uma liga. Que façamos porque queremos mais que centavos e mais que mídia. Que saibamos que o aliado de hoje é o mesmo que, desde outras épocas, apoiou o desmanche de nossa imagem.

Alianças táticas para o bem do esporte, nada mais. Que façamos a luz e que possamos, aos poucos, trazer os outros para uma concepção esportiva mais moderna.

Enquanto isso, desdenhemos friamente do campeonato. Mesmo que o ganhemos. Claro que seria legal – é sempre o objetivo do Fluminense vencer o que disputa –, em especial porque seria uma bela frustração para a Ferj. Entretanto, apesar de caírem os minúsculos Dubas diante das três cores eternas, há um Drubscky no comando de um elenco cada vez mais limitado e sem confiança.

Passamos para as semifinais. Mas não há confiança de que chegaremos. Não pelo que temos em campo. Talvez pela mística. Pela história. Por 75. Por 85. Por 95. Por 2005. Seria a quinta vez. E seria mais uma em que a camisa faria a magia praticamente sozinha. Seria bom ser campeão do último carioquinha.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: google

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