1.
Era o tenebroso ano de 2013. Estava eu assistindo ao programa Roda Viva na TV Cultura (hoje o programa está difícil de assistir, por conta do aparelhamento por parte do PSDB em relação ao canal) e o entrevistado da noite era o genial Sebastião Salgado. Para quem não o conhece, ele é tido como o maior fotógrafo no mundo em todos os tempos. Sim, o mineiro Sebastião Salgado, portanto, brasileiro, é o mais renomado fotógrafo no mundo em todos os tempos.
Pois bem, quem conhece a obra do genial fotógrafo sabe da sua predileção por imagens em preto e branco. Suas maiores obras são em p & b, expostas em museus de arte pelo mundo inteiro.
Num determinado momento, o assunto descambou para o futebol e um dos entrevistadores sugeriu que Sebastião torcia para um time das cores preto e branco, por conta dessa sua pedileção no trabalho.
A resposta do artista:
“Quem gosta de time preto e branco é o Washington Olivetto (o famoso publicitário participava da mesa). Eu torço para um time de várias cores, eu sou torcedor do Fluminense do Rio de Janeiro”.
2.
Naquele momento a vida congelou pra mim. Entrei em estado de êxtase! Parecia que o Fluminense havia ganho um título. Para mim, ganhou. Saber que o genial Sebastião Salgado (que, antes da sua renomada qualidade como fotógrafo, é uma figura humana incrível, um ser além do seu tempo, com ações incríveis em prol dos mais pobres e do planeta Terra) é um torcedor do Fluminense me encheu de orgulho e felicidade.
Mandei uma mensagem para os fantásticos Daniel Cohen e Heitor D´Allincourt no Flu Memória, para saber se eles sabiam disso e que o Fluminense deveria tentar fazer algo com o Sebastião Salgado e coisa e tal, tamanha era a minha euforia.
Acho que deveria ter uma placa na sala de troféus: “O genial Sebastião Salgado é torcedor do Fluminense”.
3.
Sebastião Salgado é mineiro de Conceição do Capim. Formado em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado pela USP. Indo trabalhar na Organização Internacional do Café, fez várias viagens à África e, nessas viagens, faz fotos com a câmera Leika de sua esposa. Foi amor à primeira vista e fez da fotografia sua profissão de fé, sua arte.
Já como fotógrafo independente e profissional, fez uma série de fotos do atentado de Ronald Reagan e as vendeu para jornais do mundo inteiro. A partir dali, começou a fazer fama e a financiar suas viagens para sessões de fotos específicas.
Seus dois primeiros grandes trabalhos foram “Outras Américas”, sobre os pobres da América Latina, já mostrando o seu lado social e de apoio aos mais humildes e “Sahel: o homem em pânico”, um trabalho feito junto ao Médicos Sem Fronteiras no norte da África.
Daí foi uma obra atrás da outra.
4.
Eu estudava na UERJ e fazia parte do movimento estudantil sendo um dos coordenadores do DCE. Infelizmente após uma greve longa e vitoriosa ao lado do PRODERJ, meu coração rateou e quase fui para saco. Dei sorte, fui muito bem atendido e recebi todos os cuidados médicos por meses.
Semanas após eu ter tido este problema cardíaco, voltei à UERJ para retomar meus estudos. Já havia decidido dar um tempo na participação política.
Quando cheguei lá, havia um debate promovido pelo DCE, a Associação de Professores da UERJ e o MST-RJ sobre a obra “Terra”, de Sebastião Salgado. Ele acabara de lançá-la com fotos sobre o movimento dos trabalhadores sem terra e sua luta pela reforma agrária. Além do livro, tinha um belo CD com músicas de Chico Buarque.
Vi amigos no meu lugar na mesa onde provavelmente eu deveria estar por ser uma das lideranças estudantis na UERJ. Mas estava convencido que minha recuperação estava em primeiro lugar. Contudo, eu queria estar coordenando aquele debate sobre o livro de Sebastião Salgado.
5.
Mas porque diabos estou falando de Sebastião Salagado em um site tricolor?
Primeiro, porque é bom que todos que conhecem Sebastião Salgado saibam que ele é torcedor do Fluminense. E para aqueles que não o conhecem, passem a conhecer. Vão na internet, pesquisem sua obra, vejam suas belas fotos. Um colírio para os nossos olhos e um bálsamo para nossas almas.
E resolvi falar de Sebastião Salgado em solidariedade ao amigo e sócio Paulo-Roberto Andel que está sendo processado pelo retratista – vascaíno – contratado pelo Fluminense, por conta de uma ilustração que um grande artista gráfico fez em cima da imagem de uma bandeira do Fluminense, onde o fotógrafo alega que houve “manipulação” em cima da foto que ele tirou do gol do Fred de voleio, marcado sobre o Flamengo em 2012. Ilustração não é manipulação, basta pesquisar. E nenhum autor contratado por editora no Brasil impõe a capa de um livro, nem Chico Buarque ou Paulo Coelho.
Não vou discutir o mérito, o direito autoral e essas coisas, até porque tenho uma opinião muito pessoal sobre isso. Sou contra direito autoral e esses coisas. Para mim, tudo isso é do homem, da raça humana. Se uma pessoa não tivesse feito tal texto, alguém ia fazê-lo uma hora ou outra. Idem para a música (sou músico profissional), para uma peça de teatro e etc… Podem me bater por isso, mas é o que penso.
Porém, não é ao direito autoral que me atenho. A Justiça dirá quem está certo ou errado.
As questões são:
– É inaceitável um funcionário vascaíno pago pelo clube ajuizar um processo contra um sócio tricolor, seja quem for. Aliás, um vascaíno não deveria JAMAIS estar trabalhando em setores-chaves do Fluminense, tais como o de fazer o registro fotográfico dos momentos do Tricolor das Laranjeiras. Com certeza há fotógrafos no mercado mais habilitados a fazê-lo, com alma, paixão, profissionalismo e sem querer destruir um bem cultural da história do clube, o que constitui um completo absurdo;
– O cidadão pede em seu processo a retirada de todos os livros de circulação e sua destruição. Bizarro, terrível, algo que faria corar até o malfadado General Golbery do Couto e Silva, de tempos sombrios do Brasil nos chamados Anos de Chumbo. Vergonhoso;
– Sem contar que o processo como um todo é uma aberração, uma peça risível, recheado de erros e inverdades.
Como pode um funcionário vascaíno do clube querer processar um Torcedor Ilustre, diploma conferido ao Paulo-Roberto Andel ano passado, em Sessão Solene do Conselho Deliberativo, por sua dedicação à escrita sobre o Fluminense, inclusive ridicularizando o conteúdo do livro em sua tresloucada ação judicial?
A referida obra de objeto do processo é vendida no clube do qual o funcionário recebe rendimentos mensais. Que absurdo, que aberração!
A diferença entre o tricolor Sebastião Salgado e o vascaíno retratista é infinita, seja em qualidade, seja em caráter, como vemos nesse processo.
Prefiro saber apenas que existe Sebastião Salgado no mundo, mas para isso urge que o retratista vascaíno continue sua carreira em outro lugar, onde possa se sentir à vontade para requerer a destruição de livros. No Fluminense, não.
O outro vascaíno já rodou, se é que me entendem.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @mvinicaldeira
Imagem: s.salgado
Bom dia!!
Eu não sabia que o ímpar fotografo Sebastião Salgado é Tricolor,cara que alegria!!
Seu trabalho Gênesis….inenarrável !!
#SomosTodosAndel #FechadoscomAndel enfim a torcida esta com Andel. Quanto ao retratista vascaíno.. CHEIRAR A BACALHAU deve ser HORRÍVEL!!!
O escritório do Peter é um dos maiores do mundo e o maior da América latina em marcas e patentes
O que ele deve pensar sobre isso?!
ST
Je suis Andel!
Caldeira, vc como conselheiro, deveria reunir outros e exigir a imediata rescisão contratual deste sujeito, sem pagamento das verbas. Deixe ele entrar na fila, que por sinal é longa, para receber daqui há uns dez anos. O lugar deste verme é na barreira, se é que me entende.
É uma situação realmente absurda. Já me manifestei na Ouvidoria do Clube.