O que pensa o Doutor Mário? (por João Leonardo Medeiros)

4qqqdymb4j5miwnhgv7k

Depois da midiática apresentação no STJD em dezembro de 2013, o Doutor Mário Bittencourt tornou-se uma figura destacadíssima no alto comando tricolor. Até pelo menos o início deste ano de 2015, parecia inevitável que ele sucedesse Peter Siemsen nas eleições de 2016, sendo seu nome razoavelmente bem recebido tanto na força política que domina o clube quanto na torcida. Justamente por causa da posição de destaque consolidada já no início de 2014 foi surpreendente que o Doutor Mário tivesse aceito o convite (ou a intimação?) para ocupar a vaga de vice-presidente de futebol, vacante desde a saída de Ricardo Tenório em sua última brevíssima passagem no cargo. Ainda enlaçado no casamento com a Unimed, o clube deixava ao seu vice-presidente de futebol uma margem estreita para desenvolver um trabalho autônomo, sendo essa a razão inclusive aludida por vários profissionais da gerência do futebol para justificar o fracasso da gestão. Por isso, mas também porque o clube não naufragou por completo em 2014, como esperavam muitos, o exercício da vice-presidência não minou a fama do Doutor Mário, como se pode perceber nesta matéria da imprensa empresarial:

Clique aqui.

A turbulenta saída da Unimed no final de 2014 mudou por completo o cenário do clube e, pela primeira vez, as insatisfações com o desempenho esportivo precário chegaram como pedra diretamente à vidraça da vice-presidência de futebol. De início, no entanto, a direção do futebol, constituída pelo Doutor Mário e por seu homem de confiança, Fernando Simone, parecia ter algum controle da situação, optando pela preservação do que entendiam ser uma espinha dorsal do time, e pelo recurso à contratação de nomes pouco conhecidos e, disseram eles, bastante promissores. A decisão de manter o controle técnico do time com o fracassado treinador do ano anterior também parecia fazer parte da estratégia de evitar um abalo sísmico grande na equipe.

De hoje, é visível que a estratégia fracassou, se é que foi mesmo pensada como estratégia. As contratações no início e ao longo da temporada foram custosas, exageradas e, salvo uma raríssima exceção ainda não confirmada (Vinícius, que ainda considero uma promessa), desastrosas. O comando técnico passou de uma a outra mão incapaz de lidar com um elenco com o perfil do nosso: heterogêneo, cheio de pretensas estrelas e medalhões, que já demonstraram no passado sua capacidade de piorar as coisas quando necessário, além de jovens promessas.

Em face do visível fracasso, o Doutor Mário simplesmente desapareceu. Contrastando com a visibilidade permanente nos momentos tidos como positivos – o julgamento de 2013, a contratação bombástica de Ronaldo Gaúcho, uma ou outra vitória importante –, não se tem notícia do Doutor Mário. Imagino eu que o sumiço tente preservar sua imagem para a eleição do próximo ano, o que parece, mais uma vez, absolutamente equivocado.

Parece-me que, seja qual for o desfecho deste ano triste de 2015, a candidatura do Doutor Mário está sob risco (e veja, falo da candidatura mesmo, não da vitória no pleito). O risco de usar a vice-presidência de futebol como catapulta para a eleição confirmou-se real e as forças da situação do clube ficaram num passe de mágica sem candidato inequívoco e sem vice-presidente de futebol. Sim, porque ou nosso vice-presidente é incapaz de lidar com o futebol do clube ou, o que dá no mesmo, já perdeu seus poderes.

O que gostaria de saber é: o que pensa o Doutor Mário disso tudo? Não me refiro ao que ele vai dizer disso tudo, mas ao que pensa mesmo. Seria necessário conhecê-lo mais para arriscar, pois à distância as informações são pouco confiáveis e contraditórias. Há quem diga que se trata de um desinteressado tricolor de arquibancada que galgou postos na política do clube. Outros dizem que tem interesses pecuniários na situação, desde seus contratos como advogado do clube até, vejam só, intermediação de jogadores. ATENÇÃO: não sou eu quem estou dizendo, mas é dito nas redes sociais, na arquibancada, nos bares, nas rodas de debate sobre o clube. Torço para que seja mentira, mas certo é que, de um jeito ou de outro, não temos mais na importante vice-presidência de futebol alguém que se demonstre capaz de retirar o time e o clube do lamaçal em que se meteu.

O dilema para o Doutor Mário é o seguinte: se entregar o cargo agora ou for demitido, confessa sua incapacidade de dar conta do cargo. Se ficar e cair, também. Uma pequena janela se abriria se o clube se mantivesse na série A e – ênfase no “e” – ganhasse a Copa do Brasil. Alguém apostaria na vitória dessa equipe na Copa do Brasil? Haja fé.

O que eu acho pessoalmente é que, se fosse outro, o vice-presidente de futebol já teria sido exonerado há tempos. O desempenho do Doutor Mário na condição de vice-presidente de futebol pode ser medida por Drubsky, pelo abraço constrangedor de Wellington Paulista, pelo futebol dos jogadores-scout-Francis-Melo-Eduardo-Uran, pela falta de comando do grupo, e pelo resultado esportivo produzido por tudo isso: uma tragédia. Tenho certeza de que o grupo político mais destacado do clube, o presidente, o senado tricolor já teriam em qualquer desses episódios razões para fritar o Doutor Mário publicamente e talvez fosse mesmo preciso fazê-lo, pelo bem do clube. Mas fica na minha cabeça a pergunta: já que não foi fritado, até quando teremos de esperar pela volta do futebol do Fluminense?

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: twitter

lançamento o fluminense que eu vivi o sabor do queijo