O que ninguém disse (por Paulo-Roberto Andel)

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Preferi não escrever ontem. Jácome e Bairral já tinham dado conta do recado. E tudo que aí está tem o cheiro do ralo.

O problema do Fluminense é infinitamente maior do que a troca de treinador, de modo que Eduardo Baptista não tem qualquer culpa sobre mais um desastre em Campinas. Pelo contrário: depois que o time foi fuzilado no primeiro tempo, houve até uma ligeira melhora, ainda que insuficiente para qualquer reação profunda.

Toda vez que o Fluminense se mete em crise – ou seja, entre intervalos regulares nos últimos 20 anos, sem desconto para a maior gestão de todos os tempos -, a torcida se desespera – com razão – e pensa numa palavra assombrosa chamada rebaixamento.

A maior dor da nossa torcida foi localizada entre os anos de 1996 e 1998. Ali, o Flu caiu duas vezes para a segunda divisão e uma para a terceira. O time esteve ameaçado de extinção. Tempos de muito sofrimento, uma colossal dívida trabalhista – ela já existia -, jogadores limitadíssimos e uma captação de recursos infinitamente menor do que a dos tempos atuais.

Em 1996, 13 derrotas em 23 jogos pelo Brasileiro. Em 1997, 11 derrotas em 25 jogos. Em 1998, 03 derrotas em 10 jogos. Com uma trajetória de 58 partidas e 27 derrotas, o Fluminense ameaçou sua existência quase centenária naquele momento. Chegou ao caldeirão do inferno, sobreviveu e reconstruiu seus dias, ainda que numa trajetória errante: 2003, 2006, 2008, 2009, 2013 e agora, o temor por 2015.

Breve levantamento aponta os seguintes números das últimas três temporadas nacionais: 2013, 38 jogos, 16 derrotas e o não rebaixamento exclusivamente pela coincidência flamenguesa. Em 2014, 11 derrotas em 38 jogos. Em 2015 até aqui, 13 derrotas em 27 jogos. Na soma, 40 derrotas em 103 partidas disputadas.

Não é possível desenhar a performance tricolor apenas pelo demonstrativo cru destes dados acima. Nem ousar comparar modelos de competições diferentes sem tratamento estatístico intenso, um erro grosseiro que não seria cometido por um profissional do ramo com 23 anos de experiência. Ou deixar de lado as análises sobre números absolutos e relativos. O mais grave na breve demonstração acima trata de outras coisas.

Mostra a fragilidade recente do Fluminense na competição em que o clube conseguiu seus principais títulos nos últimos 20 anos. Deixa claro que a Igreja Universal do Reino de Fred não leva propriamente aos céus mesmo com muitos gols e propaganda. O exército de um homem só não tem levado a nenhum lugar além do pátio da saudade.

O principal: que ultimamente o Fluminense vive muito mais de falácia e aparência do que de resultados positivos concretos. E precisa mudar, mas com coragem e atitude. Antes que aqueles anos de chumbo sejam negativamente superados em termos de status.

Quarenta derrotas em duas temporadas e dois terços. Para um time com o tamanho e a tradição do Fluminense, este rol ultrapassou todos os limites aceitáveis e até mesmo dos piores momentos de toda a história, como alguns insistem em dizer. Basta fazer as contas, inclusive dos scouts.

Sobre o que vem pela frente, será preciso ter força e fé. Muita força. Ainda há tempo. Ainda há tempo. Resta saber até quando a verborragia, a vaidade e a soberba das internas e bastidores continuarão jogando contra o Fluminense dentro de sua própria casa, sem que as providências sejam tomadas. Tudo isso vai muito além das culpas de R10, Antonio Carlos, Marcos Júnio,  Marlon, Edson, Renato e todos os que, num momento ou outro, falharam em lances pontuais neste campeonato.

A torcida não merece esse sofrimento. A história não merece ser editada.

“até quando você vai viver de ilusão/ alimentando uma farsa/ mendigando paixão/ amor é outra coisa/ dedicação/ ver no outro um irmão/ não uma mercadoria/ o amor é a camisa/ a história/ o livro dos dias a olho nu/ chega de farsa/ chega de farsa/ uma mentira esgarçada/ o amor tem três cores/ sem nenhum fariseu de plantão/ o amor que não é de ontem/ vem de muito tempo atrás/ sem capitão do mato/ senhor de engenho/ e falsos capatazes/ onde as três cores são nome/ a falsidade é crime”

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: exulla

lançamento o fluminense que eu vivi o sabor do queijo

4 Comments

  1. É falado muita coisa a respeito do extra-campo do Fluminense, a mais nova informação, vinda de João Marcelo Garcez, da conta de que Fred vetou a contratação de Muricy Ramalho. Acho que Eduardo Baptista ainda não é o treinador que o Fluminense precisa pra botar ordem na casa. Em campo até se vê vontade nos jogadores, mas sempre que existe uma falha individual seguida pelo gol adversário o time se perde completamente! S.T

  2. Só eu acho esse esquema com 2 pontas inadequado para o time ?
    Não Temos pontas, Temos 2 laterais avancados e com isso Fred fica completamente isolado só recebe chutao e cruzamento e isso porque o meio de criacao está completamente despovoado, o time nao tem uma triangulacao, uma jogada de meio, só lancamento pra ponta e esses pontas impedem a subida dos laterais.
    Esse esquema da moda está acabando com o time, precisamos de meias de criacao e precisamos de alguém de velocidade com o Fred na…

  3. Bom dia,

    Se o que Garcez escreveu em sua coluna for verdade, e acredito que seja, esta diretoria deveria ser destituída bem como deveriam ser afastados a maioria dos jogadores.

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