O pragmático e surpreendente desfecho tricolor no Brasileirão (por Paulo-Roberto Andel)

É claro que, se os resultados forem favoráveis, o melhor para o Fluminense é embarcar diretamente na fase de grupos da Libertadores. Contudo, qualquer que seja o desfecho tricolor desta última rodada do Brasileirão, o resultado final é melhor do que qualquer prognóstico de meses atrás, vide o próprio Paulo Angioni ter declarado em entrevista que a meta era ficar na primeira metade da tabela de classificação – logo, sem maiores compromissos com a turma da dianteira.

O mais incrível é que a chamada campanha digna não é fruto de nenhum incrível planejamento do clube. Pelo contrário: mesmo contra a vontade, trocou de treinador no meio do caminho e o começo da temporada mostrava um time muito mais envelhecido, lento e rançoso, isso sem contar com substituições permanentes que levavam o torcedor mais crítico à loucura, como nos casos do inacreditável Fellipe Cardoso e de Caio Paulista.

Aos poucos algumas peças foram sendo modificadas, a equipe foi sendo renovada e os resultados apareceram. Jovens como Marcos Felipe, Martinelli, Calegari e Luiz Henrique deram outra bossa ao Flu, em maior ou menor intensidade conforme cada partida. É justo falar dos veteranos também, tais como Nenê, incansável, Fred – com poucos gols mas liderança – e até mesmo Egídio – que, se não inspira grande confiança, tem conseguido a melhor performance em anos nestes últimos 40 dias.

À beira do campo, é certo que Marcão ajeitou o sistema defensivo, mesmo que ainda seja um treinador em desenvolvimento. E, num campeonato atípico, sem a presença de público e com grande nivelamento das equipes por baixo, o Fluminense soube explorar como ninguém a condição de visitante indigesto.

Não houve brilho, mas eficiência. Pragmático, o Flu somou muitos pontos até em partidas onde esteve longe da boa condição técnica, às vezes até de forma sofrível. Por isso, a campanha de 2020 no Brasileirão se assemelha às de 1988, 1991 e 1995, momentos em que o clube conseguiu boas trajetórias apesar de não conseguir o objetivo principal, que era o título. Não é o caso de 2007 por exemplo: naquela temporada o Flu jogou o Brasileiro de forma tranquila, já garantido na Copa Libertadores pelo título da Copa do Brasil.

Depois de anos lutando contra sucessivas ameaças de rebaixamento, é certo que o fim desta temporada representa alívio, tranquilidade e até mesmo algum sucesso. Perto do que o Brasileiro parecia ser nas primeiras dez ou quinze rodadas, o Fluminense conseguiu bem mais do que se esperava e tranquilizou sua torcida. Cabe apenas a observação de que conseguir a vaga na Libertadores ou terminar em quarto/quinto lugar não é ser campeão, e esse deve ser o objetivo de todo jogador, membro da Comissão Técnica ou dirigente que vista a camisa do clube. O Fluminense não deve ser figurante nem coadjuvante, mas ator principal de todas as competições que disputa. Seus torcedores devem sentir conforto com boas colocações – a felicidade é com conquistas, com títulos.

Agora é aguardar os dados e ver no que dá. Muito melhor do que o esperado, menos do que o desejado, um caminho à frente. Este é o desenho.

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Se o Roger treinador ainda é uma aposta, o Roger jogador volta à casa depois de 14 anos e traz uma saudável aragem de protagonismo.

Muito do que o Fluminense viveu de melhor entre 2007 e 2012 tem a ver com Roger, autor do gol que celebrou a única final vitoriosa do Flu logo no início de uma decisão.

Era um time vaiado, desacreditado, que quase foi eliminado em pleno Maracanã pelo América de Natal, mas que se superou revertendo quatro mandos de campo consecutivos para ganhar a Copa do Brasil de 2007.

Agora Roger está de volta, em outro momento e função. Que tenha toda a sorte daquele tempo e que se afirme no Fluminense.

Fica o agradecimento a Marcão, que entrou em (mais) uma roubada e, mesmo sob justas críticas, levou o trem até a estação final com sucesso.

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No fechamento dessa coluna veio a notícia da terrível morte de Seu José Becker, pai de Muriel.

Que o goleiro possa superar esta dor com o tempo, junto de seu irmão Allison, parentes e amigos. Dor impossível de descrever, que cada um sofre de um jeito – eu sofro há muitos anos, sem cura.

Ficam o abraço e os pêsames.

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Para aliviar o fim da coluna, um toque engraçado.

Foi noticiado que o Fluminense terá como convidado em seu programa de TV logo mais, ou noutro dia, ou em qualquer dia, o presidente do próprio clube.

Invejosos, os insignificantes sites e blogs já preparam programações semelhantes…

Um deles, o desconhecido PANORAMA TRICOLOR, deve anunciar uma grande atração para os próximos dias: o escritor Paulo-Roberto Andel.

Galhofas da autopromoção.

1 Comments

  1. Roger entrou pra história como autor do gol decisivo da CB 2007. Mas nao se pode esquecer de Adriano Magrão, que recebeu uma bola longa dum escanteio, dominou acossado por três zagueiros e achou Roger livre e foi só tirar do goleiro e correr pra torcida. Foi preterido injustamente pra entrda de Somalia e acabou dispensado. Mas a torcida o considera um herói.

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