“Mãe, onde está a camisa do meu time?”, pergunta em tom de ordem o pequeno torcedor de seis anos.

– Sei lá, vá ver com seu pai. Eu não entendo desse negócio de futebol.

É, as mulheres definitivamente não entendem o que é importante na vida.

– Deixa que eu procuro sozinho, resmunga Tatá pra si mesmo.

Vai ao cesto de roupas sujas e remexe tudo, joga as roupas no chão e perde a paciência com a procura em vão.

Sai da área com cara de maus bofes, mas a mãe logo o interpela.

– Não achou, já sei. Mas, não vai saindo de fininho sem recolocar as roupas no cesto. Afinal, não foi desse modo que você as encontrou. Anda, e não reclama não!

Tatá curva os ombros, olha pro chão com ar de fatigado e põe as roupas de volta no cesto.

– Pronto! Não sei pra que guardar no cesto, estão sujas mesmo!

Vai pro quarto e começa a revirar as gavetas e os armários. O jogo já vai começar e Tatá está sem a sua camisa da sorte. Mexe daqui, revira dali e nada, nem sombra da camisa. Chuta o boneco do Ben 10 pra longe, não quer saber de brincadeira. A coisa é séria.

Senta-se desolado e olha pro nada.

– E então, não vai assistir o jogo? Pergunta seu pai já com a camisa no corpo.

– Não vou não, vai perder.

– Não fale isso, dá azar. Vamos ganhar sim, nosso time é melhor. Vem, a TV já está anunciando o jogo.

– Vou nada, vai perder. Sem minha camisa da sorte é derrota na certa.

– Que perder que nada, sua camisa está lá no sofá. Mamãe ia jogar fora, está apertada em você e furada, faz vergonha. Amanhã eu compro uma novinha, já com a nova estrela.

– Num quero. Quero a minha velha e furada, que tem cheirinho de quando eu tinha quatro anos. Agora que sou grande não vou abandonar a minha camisa da sorte. Vamos lá, pai, agora sim nosso time vai jogar bem. E o juiz vai marcar um gol pra gente.

– Pai, qual é mesmo o nosso time?

Jorge Dantas

Panorama Tricolor

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Contato: Vitor Franklin