O pato pagou (por Paulo-Roberto Andel)

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Um Fla-Flu diferente para mim. Em vez da arquibancada, a boa televisão do Bar do Chico. Leo, Tatiana e os habitantes do planeta Lolypop rubro-negro, dos quais falarei em breve.

Uma goleada tricolor justissima e bem abaixo do que foi a partida, essencialmente no segundo tempo. Se tivesse sido uns cinco ou seis, não constituiria surpresa.

O Fluminense ainda tem muitas coisas para acertar, mas seu adversário foi e é fraco demais, sempre incensado pela generosidade das manchetes, exceto se empurrar um André Santos goela afora – todos subitamente se esquecem…

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Cauteloso de início, o Fluminense só atacava na boa. E a propalada posse de bola rubro-negra era inútil: não se traduzia em finalizações, exceto as de fora da área e uma inesperada bola na trave. E o veterano Moura pela direita, jogador que parece sempre ter faniquitos em qualquer lance contra o Fluminense. Devia ter um mínimo de respeito a uma camisa que já vestiu, mas pedir isso talvez seja um pouco demais.

Antes de Michael fazer seu golaço no lindo cruzamento de Conca, o Flu já era mais organizado, ao contrário dos flamenguistas do botequim, todos em completa desordem mental. Vivem o psicodelismo do futebol, onde o Tricolor é uma porcaria e seu time é o máximo, mesmo com um mão-de-alface, uma zaga pavorosa e um meio-campo incapaz de trocar três passes. Botaram o Everton errado em campo.

Nosso churrasco à mesa veio em boa hora.

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Uma das manipulações mais ridículas feitas na transmissão consiste na jogada de se abrir os microfones ao máximo para se exaltar a superioridade flamenguista nas arquibancadas. Qualquer frequentador do estádio conhece esse golpe. Falando nisso, tenho pena daquele rapaz narrando no Sportv: o que um homem não precisa fazer para manter um emprego de status?

Maracanã à meia-boca, ninguém foi. Fizemos a nossa parte. Os iludidos com a Copa do Brasil apareceram e saíram mais cedo.

Claro que o aumento abusivo não passou de (mais) uma jogada para impedir o mosaico tricolor, que fatalmente miraria na imprensa marrom ou no Lusagate. Mas não perdem por esperar.

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O Fluminense acabou com o jogo no começo do segundo tempo, depois de ter trocado de camisa: voltou com a branca . Conca, primoroso, cruzou da esquerda. Gum errou a cabeçada, mão-de-alface deu uma ajudinha, Elivelton cumprimentou o gol vazio.

A partir de então, o jogo foi completamente nosso nas duas intermediárias.

No bar, com muitos palavrões, baixarias e cara cheia, os flamengos viam na tela pênaltis imaginários, bolas de trinta metros em todos os ângulos, dez gols olímpicos e mais outras fantasias do mengocentrismo, sempre imune ao cálculo das probabilidades. Moura e mais faniquitos.

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Conca tem sido um gigante em 2014. Diguinho também. O garoto Michael, sempre esperto. Valencia, se conseguir manter uma sequência, é nome certo: garra, luta e joelhadas. O conjunto todo muito bem no Fla-Flu. Apenas Sobis um pouco abaixo, mas a disposição de sempre. O Bruno é daquele jeito. O Carlinhos oscilou, mas quase marcou dois gols.

O Flamengo? Até agora, o adversário mais fácil do ano. Incrível que seus torcedores enxerguem um timaço naquele onze. Para não dizer patético. Elano e Hernane brigaram, uma ou outra cobrança de falta. Só.

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A cereja do suculento bolo veio com a estreia de Walter. Seu toque na bola é o de um jogador de sinuca: frio, preciso, cruel. Entrou, ganhou todas as jogadas, fuzilou Felipe no 3 x 0, chutou uma bola na trave direita. Conca quase fez de novo.

O tapetão tricolor é o gramado do Maracanã. Sem bancar manchetes artificiais.

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O surrealismo dos boquirrotos rubro-negros no botequim durou até o 3 x 0. Alguns berravam que ainda dava reação, desprezando a matemática e o cronômetro. Um vascaíno malandro passou perto e disse estar muito triste pela derrota, com todo o cinismo que a ocasião exigia.

A cegueira da Gávea já era assim em 1979, quando o estreante Cristóvão acabara de entrar e fuzilou o ângulo esquerdo de Cantarele. Walter fez a mesma coisa.

Parece que foi ontem. Ou sábado.

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Esperava uma declaração com vergonha na cara do sr. Bandeira de Mello, reconhecendo a superioridade do Fluminense no Fla-Flu.

Não, não esperava. A humildade é para poucos.

Lá se vão 62 dias do apagão da imprensa no caso André Santos.

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A humildade ficou com Renato na coletiva, apontando a vitória como de todo o grupo.

O velho Renato, que um dia chegou às Laranjeiras tido como acabado e marcou o maior gol de todos os tempos, ainda tem lenha para queimar à beira do campo.

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Conca e Walter foram mais Assis e Washington do que nunca.

Isso diz tudo.

O ditado diz que alguém tem que pagar o pato. Desta vez, foi diferente.

O pato é que pagou.

Cem reais por 3 x 0 na sacola e um baile no gramado.

Esse pato é urubu.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

PAGAR O QUÊ? – À VENDA

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8 Comments

  1. Andel, ótimo texto!

    Esse asqueroso clube de remadores, traíras desde o berço, escaparam de levar uma sova histórica. Espero que o nosso time se acerte, mas sem dúvida precisamos oxigenar nossa defesa. Ah, em tempo: Comprei seu livro, escrito em parceria com outros tricolores. Devorei-o em poucas horas. Parabéns!

  2. Fala Andel,

    Sem Contar Que No Fim Do Jogo, Ao Mostrar A Tabela De Classificação Do Campeonato, Ainda Colocaram O Fluminense Atrás Do Flamengo.

    Realmente Este Poço Não Tem Fundo.

    É Tanta Lama Que Perderam Completamente A Noção Da Realidade.

    Só Com O Gol Aos 47 Minutos Do Segundo Tempo Do Nova Iguaçu No Domingo, Eles Não Tiveram Mais Como Esconder A Informação.

    Fluminense Líder Do Campeonato.

    Sds Tricolores.

  3. Excelente Paulo! Estou assistindo os programas esportivos matinais e, até agora, o destaque para a acachapante vitória do FLU e o show do Conca foi simplesmente nenhum. Desviam o foco para o preço do ingresso e o (esperado) pouco publico do jogo! Tivessem os molambos vencido de 1×0 com gol de canela daquele horroroso do Brocador estariam exigindo o cara na convocação da seleção! Mas já estou me acostumando com isso! Me alegra saber que por dentro eles estão se roendo até os ossos de raiva! Kkkk

  4. Moro em Campinas(SP) e assistindo pela TV, sempre que o narrador é o LCJ eu coloco no MUDO; não aguento mais esse traste narrando nossos jogos.

  5. Fala Grande !

    O nerdzinho que narra no sportv e um pau mandado de 5 categoria kkkkkk Que cara ridiculo ….
    O Waltinho me lembrou outro gordo que foi “Casbanha” toda no Maraca e meteu 3 no framengo !
    kkkkkkkkkkk

    ST

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