O jogo (ainda) (por Marcelo Vivone)

No cômputo geral, a atuação do time na última quarta-feira esteve dentro dos padrões aceitáveis para um clube que tem como finalidade ser campeão do torneio sulamericano. Nosso time foi razoavelmente bem no 1º tempo e melhor na 2ª etapa. Apesar da fragilidade do adversário e de ser preciso enfrentar um oponente de melhor nível para a confirmação, o grupo tricolor parece que lentamente vai novamente tomando corpo. É certo que ainda precisamos melhorar em termos de conjunto e de individualidade de alguns atletas fundamentais para o funcionamento do time.

Confesso que sinto muita falta do time jogar de forma mais aguda na busca do gol e de maior vontade de sobrepujar o adversário. Mas sei também que a filosofia de atuação do nosso técnico não é essa e, sendo assim, dou-me por satisfeito se o time pelo menos tiver uma atuação de bom nível e conseguir as vitórias.

Preocupa-me muito e cada vez mais o nosso setor defensivo. Não fosse a sua fragilidade, o jogo de ontem teria sido de uma facilidade extrema. Mas, para um time que tem a falta de qualidade que temos nesse setor, nenhum jogo pode ser fácil. Inclusive, muitos podem considerar injustiça a derrota ao fim da 1ª etapa. Meu ponto de vista é que quem tem uma zaga como a nossa, não pode reclamar da justiça divina.

Nosso domínio foi tão amplo e indiscutível que o time adversário somente conseguiu marcar ou nos preocupar efetivamente em 2 lances durante toda a partida. Para ser mais exato, somente no gol e no último lance do certame. Em ambos os casos, por pura e irrestrita fragilidade e deficiência do nosso setor defensivo.

No lance do gol, o único em que o adversário chegou perto da nossa meta no 1º tempo, ocorreram 2 falhas. A 1ª do lateral Bruno que fez praticamente de tudo (faltou somente estender um tapete vermelho) para que o adversário cruzasse a bola para a área. O 2º erro, ainda mais grave que o 1º, foi do Eusébio que não estava colado no único atacante presente na área e que ainda tentou de forma bisonha sair para deixar o adversário impedido. Um show de horrores.

O outro perigo que sofremos foi já no último lance do jogo, em uma cobrança de falta na entrada da nossa área. Não, dessa vez, não foi o Diguinho quem a comentou. Nessa oportunidade, a falta foi feita pelo Gum que resolveu disputar uma bola no alto com o Eusébio, que marcava o centroavante adversário. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de contato com o futebol ou que tenha frequentado o mirim de qualquer clube, sabe que quando há apenas um atacante para 2 zagueiros, o correto é que um deles dispute a bola com o adversário e que o outro faça a sobra. Mas não foi esse o raciocínio (ou a falta de) do nosso melhor zagueiro, o bravo Gum. Ele quis também disputar a bola no alto e acabou se embolando com o atacante. Um prato cheio para o fraquíssimo e tendencioso juiz marcar falta contra o Flu.

O fato é que enquanto tivermos esse elenco para a zaga, mesmo os jogos que poderiam ser fáceis certamente não o serão. O exemplo de ontem é somente mais um aviso que deveria servir para nosso técnico solicitar à diretoria a contratação de um reforço para a 2ª fase da Libertadores. Quem seria esse jogador? Hoje não tenho ideia, visto que as oportunidades foram todas desperdiçadas no início do ano quando a diretoria não se mobilizou na procura de um reforço para o setor.

Na parte individual, gostaria de elogiar a atuação do Thiago Neves, de quem tenho sempre reclamado em virtude do baixíssimo nível de futebol que tem praticado e das inúmeras besteiras que diz e que faz fora das 4 linhas. Mesmo não achando que sua atuação tenha sido brilhante, pareceu-me uma atuação bem mais consistente e até acho que ele foi o melhor em campo.

Os laterais continuam muito mal. Gum teve uma boa participação, à exceção do grave erro acima citado e Eusébio mais uma vez demonstrou que não pode ser o titular do time em um torneio tão importante.

Edinho, ah o Edinho. Os outros 2 jogadores do meio, Deco e Jean, tiveram atuação abaixo do seus padrões. Jean errou a maioria das jogadas que tentou e esteve bem longe do jogador regular com o qual a torcida acostumou-se. Já Deco, a exemplo do jogo contra o Grêmio, esteve novamente irreconhecível. É até natural que isso esteja acontecendo, pois é somente o seu 3 jogo na temporada, mas urge que entre em forma o mais breve, já que é peça fundamental no esquema do time e tem a qualidade de poucos.

Na frente, Fred, apesar de uma atuação abaixo das suas últimas, foi mais uma vez decisivo na ajeitada com o peito no 1º gol e em várias jogadas durante a partida. Nem conseguiu perder um gol incrível (se ele tentasse 10 vezes acertar a trave como no jogo, iria acertar no máximo uma e nas outras nove a bola iria acabar nas redes) e se redimiu de forma definitiva no 2º tempo. Marcou um belo gol e teve boa participação na etapa final.

Gostei das 2 primeiras substituições do Abel, Wagner e Rider entraram bem, o 1º, inclusive, na 1ª vez em que tocou na bola marcou o gol da vitória. Heineken executou bem o que tem de melhor, a sua velocidade na arrancada para o ataque.

A classificação, como não poderia deixar de ser, está bem encaminhada. Agora é pensar mais à frente e tentar ser o 1º do grupo e conquistar a melhor colocação possível entre os 16 que se classificam para a fase eliminatória.

Amanhã tem mais, dessa vez pelo carioca. É colocar novamente o time titular em campo e torcer para que o Deco não estoure alguma parte de sua musculatura. Só a vitória interessa e temos que partir para cima do time da colina. Muito bom ter visto a disposição da galera hoje. Logo após chegar de viagem o grupo já treinou nas Laranjeiras na parte da tarde. É com essa vontade que são forjados os grandes campeões e foi com esse espírito que fomos várias vezes campeões nos últimos anos.

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: Victor Salazar – Photocamera

4 Comments

  1. Lucidez nos comentários, Vivone, é por aí mesmo. STT, Waldir e Waléria Barbosa PS: Deixa pra homenagear o Heineken – Rider – Hans quando ele fizer um golzinho…(rss)

    1. Marcelo Vivone responde:

      Waldir Barbosa,

      Obrigado por seu comentário. Será que esse gol sai esse ano? rsrs

      Um abraço.

  2. No meu modo de ver, um dos grandes problemas do Flu é justamente o meio de campo. Como não cria jogadas e não protege bem a defesa, o Flu fica prejudicado em ambos os setores, além da ineficienência do próprio meio de campo.
    Como o Deco e o T. Neves não estão jogando bem, não há jogadas criativas para o ataque. Os laterais não estão apoiando bem e fazem cruzamentos equivocados para a área, obrigando o Fred a deixar de ser matador para ser garçom, como fez no gol do Nem, pois a bola não chega a ele e quando chega não vem redondinha.
    Com isso abre-se um espaço muito grande entre o meio de campo e o ataque/defesa, permitindo que os adversários criem à vontade nessa zona do campo. A defesa quase sempre dá combate somente próximo à área, o que cria riscos de faltas e de jogadas agudas para os atacantes adversários. Ronaldinho fez isso naquele jogo do ano passado e o Grêmio deitou e rolou no jogo deste ano. E pensar que esnobamos o Montillo e o próprio Ronaldinho. Acho que está mais do que na hora do Flu repensar sua política de contratações e tentar resolver os problemas da zaga e do meio campo. Por isso o Abel reclamou no ano passado que não manda o time recuar, que os jogadores fazem por conta própria. Talvez porque não sintam confiança na defesa e nos jogadores de armação. Sobra para as corridas do Nem e o talento individual do Fred. Se eles estiverem num dia ruim e não marcarem gols o time perde ou empata. Por isso as nossas vitórias são sempre magras, magérrimas. E mais: o time está meio velho, em especial no meio de campo.

    1. Marcelo Vivone responde:

      Jorge,

      Concordo que o meio tem deficiências. Não poderia ser diferente em um setor em que o Edinho é titular, além do Deco que está muito fora de forma e o TN que finalmente jogou alguma coisa. Mas ainda penso que o nosso grande problema é a baixa qualidade do setor defensivo e, em especial, do miolo de zaga.

      Um abraço.

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